Carreiras

Neste Dia do Médico, conheça a história da Dra. Renata, cardiologista e docente do Einstein, em busca dos seus sonhos

​Ela não mediu esforços para realizar sonhos que alimentava desde criança e, hoje, é Coordenadora Médica da UPA Campo Limpo, administrada pelo Einstein, e docente na área de Ensino.

Quem ouve a voz da Dra. Renata dos Santos Correa, transmitindo paz e equilíbrio, não imagina o quanto ela é dinâmica, gosta de desafios e enfrenta qualquer dificuldade para realizar seus sonhos. Seus anseios de infância já apontavam como seria a vida dessa cardiologista, de 41 anos, descrita por ela em homenagem ao Dia do Médico.

Nascida na capital do Rio de Janeiro, Dra. Renata sempre elegeu nas bonecas suas brincadeiras preferidas. Mas ela não passava horas fazendo comidinhas ou roupinhas em miniatura. Os cenários de sua imaginação eram compostos por hospitais, consultórios médicos e salas de aula. “Eu alternava sendo a Médica e a professora das minhas bonecas”, sorri.

Ao falar de sua infância, ela busca na memória dois dias muito especiais. O primeiro foi quando sua mãe a levou a uma loja de brinquedos para escolher o que mais lhe agradasse. Renata tinha sete anos e começou a andar toda feliz pelos corredores em meio a tantas opções. Mas quando viu a imitação de uma caixa de primeiros-socorros, não teve dúvida. Foi toda decidida para a dona Ana Maria: “mãe, eu quero esse”.

O segundo dia ficou marcado pela escolha de um fichário de presença, assim que entrou em uma papelaria, de novo acompanhada por sua mãe. Assim, ela poderia escrever os diferentes nomes de suas bonecas, fazer a chamada e somente então começar as aulas com mais organização.

Entre as disciplinas que “lecionava” quando criança estavam ciências e biologia, suas matérias preferidas na escola. Ávida por conhecer teorias, a cientista-mirim queria provar na prática o que lia nos livros. “Era comum eu pedir para a minha mãe corações de frango para examinar. Eu adorava fazer experiências como essa”, diverte-se.

O ponto alto a não deixar nenhuma dúvida sobre o seu destino, se é que ainda haveria, foi quando nasceu o seu irmão, Leandro. Apesar de seus dez anos e um irmão mais velho, o Rodrigo, foi ela quem assumiu os cuidados dirigidos à mãe que ficou acamada por alguns dias, devido a complicações do parto cesariana. Seu pai, Paulo Sérgio, não se sentiu confiante para fazer os curativos. “Eu fazia os processos terapêutico e medicamentoso e ainda dava a ela suas refeições”.

Depois de sua mãe foi a vez do irmãozinho receber sua atenção. Para isso, ela costumava acompanhar o caçula, juntamente com a mãe, ao pediatra. Chegando lá, ficava examinando o garoto, seguindo as ações do médico. “Eu me lembro que tinha uns 12 anos e ficava olhando a garganta e o ouvido dele, tentando descobrir alguma patologia”, brinca.

Vida de adulta

O tempo foi passando e finalmente realizou o primeiro sonho. Foi aprovada na Universidade Grande Rio para a Graduação em Medicina. Formou-se e começou a residência em Cardiologia, pela Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Paralelamente prestou o concurso do Hospital Municipal do Servidor Público, em São Paulo. Passou e assumiu um plantão uma vez por semana, numa ponte área que durou de 2006 a 2009.

Com isso, partiu em direção a realizar outros três anseios: foi aprovada no concurso da aeronáutica, mudou-se para São Paulo definitivamente e foi referenciada para o setor de miocardiopatia do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde iniciou o doutorado direto, pois não havia o mestrado nessa instituição.

Diante desses fatos, atuou como Médica no Hospital da Força Aérea de São Paulo, onde hoje é capitã, e defendeu a sua tese em 2018. Nessa altura já era motivo de orgulho, pois foi a primeira e continua sendo a única mulher a ter um diploma de Médica na família.

Mas seus sonhos não acabam por aqui. Nessa longa estrada da vida, em 2014, ela participou do processo seletivo da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Campo Limpo, administrada pelo Einstein. Foi admitida, iniciou sua carga horária como Referência Técnica (RT).

No ano seguinte nasceu a filha Valentina, fruto de sua união com Paulo César. Após a sua qualificação no doutorado, casada e com uma filha, deixou a RT e passou a ser plantonista, em 2016. Um ano depois nasceu o seu filho, Pedro. Mas atualmente é Coordenadora Médica da UPA Campo Limpo.

No fim de 2019 participou do processo seletivo para docente, em que a UPA, onde se sente muito valorizada como profissional, passaria a atender alunos do Internato de Medicina do Ensino Einstein, em janeiro de 2020. “Eu me inscrevi, fui admitida e comecei a lecionar para eles aulas teóricas e práticas”.

A sua felicidade ficou completa e suas realizações também, uma vez que além de Médica, militar, doutora em cardiologia e mãe, acumula funções como docente do Ensino Einstein e em mais uma instituição de ensino em saúde. “Eu sinto uma responsabilidade muito grande em lecionar para futuros médicos”, revela ela, que conseguiu defender a sua tese pouco antes de a área da educação ter declarado quarentena por conta do novo coronavírus.

A Dra. Renata Correa conta que é bastante observada por seus alunos e tem em mente ser um bom exemplo para eles. “Isso me motiva a sempre estudar, estar atualizada e continuar me aprimorando como profissional e docente. Também é importante ser resiliente diante de situações mais complicadas”.

Para eles, a cardiologista demonstra experiências que poderão passar no futuro.  “Eu mostro inclusive os melhores caminhos baseados na minha vivência, esperando que possam passar pela mesma ou similar situação de forma diferente e com um bom nível de entendimento”. Sua satisfação chega ao auge quando algum aluno demonstra gratidão por ter aprendido algo que ele valoriza. “Sinto a minha missão sendo cumprida, plantando uma sementinha em cada um e os preparando para que sejam grandes profissionais em suas especialidades”.

Notícias relacionadas