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O papel das metodologias ativas e da avaliação por competências no ensino da Radiologia

Residentes e alunos de Pós-graduações em Radiologia aprendem mais e de forma consistente com a aplicação de metodologias ativas

O ensino-aprendizagem faz parte de grandes discussões tanto entre estudiosos sobre o tema quanto profissionais de diversas áreas do conhecimento. Assim, os modelos de ensino têm passado por significativas mudanças nas últimas décadas em todo o mundo.

Conforme os professores Morgan McCall, Robert Eichinger e Michael Lombardo, do Center for Creative Leadership, situado na Carolina do Norte (EUA), de uma totalidade de 100% do conteúdo ensinado, 70% do aprendizado efetivo acontece a partir de experiências práticas, 20% é assimilado a partir de interações com outras pessoas e 10% da retenção de informações é referente ao ensino formal.

Esse modelo de aprendizagem fortalece a aplicação de metodologias ativas no ensino. Elas surgiram na década de 1980 e, desde então, estão somando adeptos tanto entre docentes quanto alunos, em contraponto a formatos que ainda seguem a tradição de aprendizagem passiva e focada apenas na transmissão de conteúdo.

De acordo com a Médica Radiologista Abdominal do Hospital Israelita Albert Einstein, Dra. Cássia Franco Tridente, as metodologias ativas têm se mostrado muito mais efetivas a longo prazo. Ela atua no Centro de Ensino em Imagem Einstein, com foco na Residência Médica e como Coordenadora de cursos de Pós-graduação, envolvendo essa especialidade.

 

A especialista explica que a retenção de conhecimento não tem longa duração quando o aluno não participa como protagonista da construção de seu aprendizado. “Ele esquece rapidamente se não estudar os temas previamente, discutir os assuntos propostos e até transmitir o que sabe para os outros estudantes ao seu redor”.

Segundo a Médica, tanto a Residência quanto as Pós-graduações relacionadas à Radiologia do Centro de Ensino Einstein em Imagem utilizam metodologias ativas. “É um conhecimento que exige análise dos exames com profundidade e, para isso, são necessários estudos teóricos e treinamentos práticos de forma continuada”.

Dessa maneira, os estudantes são realmente incluídos em todo o processo de ensino-aprendizagem. “São metodologias que inclusive permitem a aplicação de avaliações contínuas de todas a atuações e desenvolvimento de cada aluno, além de debates sobre casos reais, anonimizados sempre que necessário”.

Tanto os residentes quanto os alunos das Pós-graduações, explica a Dra. Cássia, têm suas práticas supervisionadas pelos preceptores e docentes, respectivamente, durante suas vivências no Hospital Israelita Albert Einstein e nos Hospitais Municipais Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho – Vila Santa Catarina – e Dr. Moysés Deutsch – M’Boi Mirim, estabelecimentos públicos administrados pela Instituição.

Aprendizado na prática

Para a Dra. Cássia, uma boa formação também adota métodos para avaliar continuamente o aluno. Em sua gestão no Ensino Einstein, ela conta que a Instituição adota as Entrustable Professional Activities (EPAs) – Atividades Profissionais Confiáveis (APCs), na tradução livre para o português.

Trata-se de um conjunto de tarefas importantes que os residentes e os alunos de Pós-graduação desempenham durante toda a formação. “Assim, medimos a capacidade de aplicação do conhecimento e não somente se eles compreenderam o conteúdo teórico”. As tarefas são compostas por oito tópicos. São eles:

EPA 1 – Interação Multiprofissional

EPA 2 – Console (orientação de exames em andamento)

EPA 3 – Relatórios Radiológicos

EPA 4 – Capacidade Diagnóstica

EPA 5 – Segurança do Paciente

EPA 6 – Interação com o Paciente

EPA 7 – Profissionalismo

EPA 8 – Ensino

EPA 9 – Outros Conhecimentos (física, inteligência artificial e gestão)

EPA 10 – Pesquisa

Cada EPA inclui os comportamentos observados e categorizados que apontam se o aluno está preparado adequadamente para realizar as ações necessárias de forma completa. “Ele é avaliado sobre como discute os casos com os outros profissionais, como cuida da segurança e qualidade do atendimento ao paciente e como prepara os relatórios radiológicos”, informa a Médica.

Além disso, os residentes e Pós-graduandos atraem os olhares dos assistentes de ensino, preceptores e docentes sobre sua capacidade diagnóstica, habilidade para ensinar, desenvolvimento em pesquisa e interação com os colegas de trabalho, entre outros aspectos.

Feedback R2C2

O Feedback completa o tripé de ensino, unindo-se às metodologias ativas e ao sistema de avaliação. Ele é essencial para dar sustentabilidade a essas duas aplicações. Reuniões com os residentes e Pós-graduandos são programadas sistematicamente e, em conjunto com os assistentes de ensino, acontecem as análises de performance de cada aluno.

Nesses momentos, as discussões e sugestões de condutas são destinadas a fortalecer o engajamento e corrigir falhas. “Adotamos o Feedback R2C2, um método específico que usa os resultados desses encontros para realizar um planejamento de melhorias para cada residente e Pós-graduando, explicado ponto a ponto”, conclui a Dra. Cássia.

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