Ciência e Vida

Profissionais da saúde devem ajudar na conscientização sobre a vacinação, defende imunologista

​Dr. Luiz Vicente Rizzo acredita que aqueles que atuam na área da saúde devem falar diariamente para seus pacientes e amigos sobre os benefícios da vacinação.

​De acordo com dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), quase todos os índices de cobertura das vacinas indicadas a bebês com menos de um um ano de idade têm ficado abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde – que é de alcançar pelo menos 95% dessa população.

A melhor cobertura foi da BCG, dada aos recém-nascidos para prevenir a tuberculose, que atingiu 91,4% da população-alvo em 2016. Já a vacina tetraviral, que previne o sarampo, a caxumba, a rubéola e a varicela, por exemplo, apresentou o menor índice: 70,69% em 2017.

Para o imunologista e diretor superintendente de Pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Dr. Luiz Vicente Rizzo, vários fatores podem estar relacionados à redução dos índices de vacinação. Dentre eles, o especialista destaca mentiras referentes à imunização, como as fake news espalhadas dizendo que vacinas causam autismo e contêm mercúrio. O crescimento de adeptos ao movimento antivacina, que criticam esse importante insumo e deixam de proteger seus filhos, e as falhas de comunicação por parte dos órgãos competentes também podem estar levando a esses resultados.

Segundo ele, profissionais e até estudantes da área da saúde podem contribuir nessa causa, ajudando diariamente a transmitir as informações corretas sobre a vacinação. “Tirando a água potável, não existe nada no mundo que tenha feito tanta diferença na saúde do ser humano quanto a vacinação. Diversas doenças, como a varíola e a poliomielite, foram praticamente erradicadas por conta das vacinas”, lembra. “Contar isso para as pessoas e dizer que os filhos delas podem adquirir doenças se não forem vacinados faz parte das funções de quem trabalha na área da saúde, e isso não deve ser feito apenas no local de trabalho, mas em todas as conversas possíveis”, completa.

Dr. Rizzo acredita que, até mesmo pelo sucesso histórico dos programas de vacinação no Brasil, muitas pessoas se esqueceram de doenças como meningite e catapora e acabaram baixando a guarda. “Por isso, é muito importante associar o impacto que as vacinas têm diretamente na proteção da saúde e da vida das pessoas que fazem parte do nosso convívio”, justifica.

O especialista sugere ainda novos debates sobre os meios de divulgação das vacinas. “As campanhas atuais estão conseguindo ter efeito em aproximadamente 80% dos públicos-alvo das vacinações, mas para imunização isso é pouco. Precisamos atingir mais de 95%”, diz. “Talvez aprender com as estratégias utilizadas na política ou na publicidade seja uma boa saída para influenciar mais pessoas”, acrescenta.

Cada um dólar gasto em vacina pode representar a economia de 44 dólares

Além de enormes benefícios sociais, Dr. Rizzo também ressalta que a vacinação traz ótimos retornos econômicos. Segundo dados de um estudo internacional, publicado na revista científica norte-americana Health Affairs em 2006 e lembrados pelo diretor superintendente de Pesquisa do Einstein, cada dólar gasto em programas de imunização pode representar uma economia de aproximadamente 44 dólares. “É como aplicar mil dólares e depois retirar 44 mil dólares”, compara o imunologista.

Coordenados pelo pesquisador Sachiko Ozawa, cientistas da Universidade Johns Hopkins chegaram a esses números após analisarem dados de 94 países de renda baixa e média, usando taxas de vacinação projetadas de 2011 a 2020.

O custo total médio estimado por eles nos programas de imunização desses países foi de 34 bilhões de dólares. No entanto, os gastos referentes a tratamentos, transporte, pagamentos de cuidadores, perdas em produtividade e com outros valores sociais associados a doenças preveníveis por vacinas foram estimados em 1,53 trilhão de dólares. Ou seja, aproximadamente 44 vezes maior.​

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