Carreiras

Área da Saúde: muitas opções em uma só carreira

​"Eu tinha terminado o Ensino Médio e já trabalhava, mas precisava escolher uma profissão para seguir construindo uma carreira", relembra Gilene Antônia da Silva.

Gilene Antônia da Silva possui uma história de vida que retrata o quanto o esforço, a dedicação e a perseverança são necessários para vencer os tropeços impostos naturalmente pela existência humana. Da mesma forma, também acredita que com um bom planejamento é possível alcançar os estados de ânimo desejados, além dos objetivos propostos.

Quando jovem, aos 19 anos, relata que passava por um momento bem difícil. “Eu tinha terminado o Ensino Médio e já trabalhava, mas precisava escolher uma profissão para seguir construindo uma carreira”. Ela queria um resultado rápido, mas não tinha certeza sobre qual área poderia ingressar. Além disso, almejava conquistar a sua realização profissional.

Nessa época, Gilene atuava como recepcionista em um laboratório e percebia que a área da saúde poderia potencializar suas aptidões voltadas ao cuidado de pessoas. Então, nos momentos em que não estava desenvolvendo suas funções no balcão de atendimento, decidia ajudar o setor, realizando serviços voltados à parte burocrática da enfermagem, de maneira a observar condutas e habilidades ligadas à assistência daquelas profissionais.

Tendo uma breve ideia de que poderia gostar da área, ela começou a pesquisar uma formação voltada a preencher suas necessidades reais e mais objetivas daquele momento: uma escola com valores, qualidade de ensino e reconhecimento positivo no mercado. O resultado chegou com a matrícula no então curso de auxiliar de enfermagem, ministrado pela Escola Técnica do Einstein.  “Já era um hospital de renome e a escola formava bons profissionais, que, após a conclusão do curso, começavam a trabalhar”. Era exatamente o que Gilene estava procurando.

Como esperado, assim que concluiu a formação de auxiliar de enfermagem, pois na época não havia o técnico em enfermagem, iniciou suas atividades profissionais no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). “Eu me encantei com o curso, que foi muito completo. Também pude ter a certeza de que gostava muito do ambiente da saúde e de todo o conhecimento que essa profissão oferecia”.

Durante seus estudos, Gilene recebeu muito apoio dos professores e de sua turma de sala, já que na época era casada, tinha uma filha de um ano e continuava trabalhando no laboratório. Segundo ela, era bem difícil conciliar os estudos, o trabalho e as responsabilidades de mãe e dona de casa.

Apesar das dificuldades, ela traçou um plano objetivo capaz de comportar as suas necessidades materiais, emocionais e de realização pessoal, mesmo com toda a carga horária que tinha de cumprir para conseguir estar presente em todos os lugares que havia proposto. “Eu tinha de trabalhar para ajudar o meu marido financeiramente, queria ter uma profissão e cuidar da minha filha”.

Nem sempre era possível ser tão pontual e tão estudiosa quanto gostaria, mas se esforçou muito e conseguiu garantir boas notas. Conforme Gilene, os professores observavam a sua postura, jamais a julgaram e ofereciam apoio e compreensão. “Ter sido acolhida por eles nos momentos mais complicados fez toda a diferença para mim. Isso me dava mais força para terminar os estudos”.

Ela se recorda de, um dia, ter chegado à escola chorando porque a filha estava doente, no entanto não podia ter mais faltas para não ser reprovada. “Eu fazia tudo no limite, não por escolha, mas porque não tinha outra maneira. E o que mais me comove até hoje é pensar que eu fui avaliada como uma pessoa única, como um ser humano e não como mais uma aluna. Isso me fortalecia”.

Próxima de finalizar os estudos, Gilene foi encaminhada para realizar estágios em grandes instituições hospitalares. “Estar nesses hospitais me fez aprofundar mais ainda, além das disciplinas teóricas. O curso me deixou muito segura e com boa formação”.

A sua formação deu-se em 1995 e, no ano seguinte, já estava atuando como profissional, na clínica médica cirúrgica do Einstein. Durante a sua admissão participou de um treinamento de 30 dias, em que contou com suporte profissional, acolhimento das equipes de trabalho as quais estava ligada e revisão de todos os procedimentos técnicos.

Gilene emociona-se ao se lembrar de todos os obstáculos enfrentados para pagar o curso, estudar, cumprir as cargas horárias no trabalho, realizar as atividades solicitadas por seus professores, fazer estágios, dormir pouco e cuidar de sua pequena Camila. “Hoje, a minha filha tem 26 anos e toda a minha luta valeu muito a pena”, orgulha-se ela, que agora é avó de Lívia de um ano e mãe de seu segundo filho, Pedro Henrique, 15 anos.

Carreira

Mas sua história pelos corredores do Einstein não para por aqui. Após o curso de auxiliar de enfermagem e a soma de experiências na área, Gilene decidiu fazer a graduação em Enfermagem. Ela não se formou na Faculdade de Enfermagem do Einstein, porque era período integral e tinha de trabalhar. “Mas como eu já estava na área e trabalhando em um dos melhores hospitais brasileiros, a graduação não foi difícil”.

O trabalho na Instituição garantiu o pagamento das mensalidades do curso de graduação e sua experiência profissional facilitou os estudos e a construção de seu conhecimento como enfermeira. “Foi tudo ótimo, porque eu tive uma excelente formação como auxiliar de enfermagem, amor pelo que fazia e estava feliz por finalmente poder cursar uma faculdade”.

Ao final da graduação, coincidentemente o Einstein tinha vagas abertas para enfermeiro júnior. Com o diploma em mãos, ela prestou uma prova e passou. Na mesma área em que trabalhava como auxiliar de enfermagem, foi contratada como enfermeira júnior.

Um ano e meio depois, foi promovida para o nível pleno e, atualmente, ocupa o cargo de enfermeira sênior. “É um privilégio ser enfermeira e trabalhar no Einstein. Eu tenho muito orgulho de toda essa minha trajetória. Olho para trás e vejo que eu consegui me realizar. É reconfortante”.

Certa de ter feito a melhor escolha aos 19 anos, atualmente ela coleciona experiências na área da clínica médica cirúrgica com carreira nas especialidades da gastroenterologia, urologia, nefrologia, transplante e neurologia.

A enfermeira sênior é responsável por todas as unidades dentro da clínica médica, em seu plantão noturno. Diariamente, costuma lidar com assuntos envolvendo gestão de conflito, discussão de casos clínicos e atendimento de emergência. “Eu atendo aos chamados de outros enfermeiros que solicitam a minha ajuda para diversos tipos de procedimentos e fluxos de atendimentos e eventuais inconformidades”, explica.

Inclinada aos estudos, aprendizado e sobretudo ao planejamento, Gilene tinha em mente voltar a estudar. E com o passar do tempo, ela se especializou em geriatria, neurologia e cursou um Master in Business Administration (MBA) em serviços de saúde.

Após todos esses anos, a enfermeira conta que se sente feliz por fazer diferente agora. Em sua área, coleciona 23 anos de trabalho no HIAE, com prêmios por sua pontualidade e assiduidade. “Agora eu consigo me organizar melhor”, esclarece sorrindo.

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