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Dia do Pediatra: importância do profissional começa no pré-natal

Profissionais de todas as especialidades podem contribuir com a saúde da criança, desde a gestação

No Brasil, a Pediatria surgiu oficialmente, como especialidade, no final do século XIX, devido aos elevados índices de mortalidade infantil e ausência de profissionais especializados para cuidar de crianças. O dia do seu aniversário ficou marcado devido à fundação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), no Rio de Janeiro, em 27 de julho de 1910.

Daquela época para os dias atuais, o cuidado das crianças avançou para a atenção à saúde materna. O papel do Médico Pediatra hoje começa com a prevenção de doenças e promoção da saúde já no pré-natal. A orientação materna para uma alimentação saudável e o controle de doenças como hipertensão, obesidade e infecção urinária são preocupações dessa especialidade.

Até mesmo o ganho de peso acima do comum é um motivo de atenção, segundo o Médico Pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Eduardo Juan Troster. “Todos esses itens têm potencial para incentivar um parto prematuro, bem como o uso de drogas. Os profissionais da saúde podem colaborar informando e monitorando a gestante”.

Outros problemas que normalmente impactam negativamente a saúde de crianças são a síndrome alcoólica fetal e o tabagismo. O primeiro manifesta-se por meio de alterações mentais, de aprendizado e de comportamento. Já o segundo prejudica a oxigenação do feto, favorecendo o nascimento de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional.

O Médico Pediatra Dr. Durval Anibal Daniel Filho alerta que os primeiros 1.000 dias a partir da concepção – o que corresponde ao período da gestação até cerca de 2 anos de idade – são considerados ‘o intervalo de ouro’. Esse momento, segundo ele, pode mudar radicalmente o destino da criança, não apenas em termos biológicos (crescimento e desenvolvimento), como também suas condições intelectuais e sociais.

O estímulo ao aleitamento materno e o controle do uso de sal, açúcar e alimentos gordurosos costumam estar na pauta de profissionais dedicados à Atenção Primária, por exemplo.

“Todo profissional de saúde precisa ser empático e, na Pediatria, isso é particularmente importante, pois além do paciente lidamos com as angústias das famílias. Outro aspecto interessante é que a Pediatria me trouxe para o Ensino. O pediatra é um educador por excelência. Em cada consulta temos um momento de prevenção e orientação sobre cuidados na infância. O pediatra é, por natureza, organizado, cuidador e professor das famílias. Talvez não seja coincidência que tenhamos tantos pediatras vinculados ao Ensino Einstein”, analisa Dr. Durval.

Cuidados da saúde populacional

Por outro lado, uma sociedade mais inclusiva – particularmente de pessoas mais vulneráveis do ponto de vista socioeconômico – pode ajudar a diminuir os impactos negativos desses fatores determinantes do cuidado à saúde. “Enfatizar a importância da imunização, que previne mortes ocasionadas por doenças imunopreveníveis – como o sarampo, a tuberculose, a meningite por meningococo, Haemophilus Influenzae tipo B e pneumococo – é uma forma de garantir a saúde de crianças de diferentes poderes aquisitivos”, diz o Dr. Troster.

Ele acredita que profissionais da saúde também poderiam aconselhar os pais a evitar o uso de dispositivos eletrônicos como celulares, tablets, televisão e computadores, isto é, o uso de telas para recreação de crianças com menos de três anos. “O tempo de convivência familiar é primordial para o equilíbrio mental na infância”.

Avanços da Pediatria no tratamento de doenças moderadas e graves

Atualmente os recursos da Pediatria favorecem diagnósticos e tratamentos que antes eram impensados. O avanço da tecnologia envolvendo imagem, biologia molecular, exames genéticos, de erros inatos do metabolismo e de farmacogenômica tem favorecido a sobrevida e o acolhimento pelos familiares e pelos profissionais da saúde.

Houve também um aumento em relação aos custos. Um dos princípios de bioética é como usar os recursos limitados segundo o critério de justiça distributiva. “As Unidades de Terapias Intensivas (UTIs) Pediátricas têm uma quantidade razoável de pacientes crônicos, com doenças complexas. O local acomoda o paciente por um tempo considerável e temos a preocupação de dar um cuidado acolhedor, respeitoso e eficaz”, ressalta o Dr. Durval.

Trajetória profissional

Os Drs. Durval e Eduardo têm histórico de uma vida dedicada à Pediatria. Ambos começaram trabalhando na Atenção Primária e em UTIs Neonatais e Pediátricas. Mais tarde ampliaram suas atuações para diferentes áreas hospitalares, seguindo no momento também como docentes na Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE), no curso de Graduação em Medicina.

Para ambos, ser professor é uma oportunidade ímpar de realização profissional e pessoal. “Compartilhar conhecimento e participar do desenvolvimento de centenas de futuros profissionais é brilhante”, concordam. “Nossos alunos atuarão por décadas na tarefa mais importante que a ciência deve ter como missão: diminuir o sofrimento humano”.

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