Carreiras

Com currículo da Graduação do Einstein, Enfermeira brasileira trabalha nos EUA

Curso supera a carga horária exigida nos Estados Unidos

Em algum momento já passou pela sua cabeça poder exercer uma profissão na área da saúde no exterior, usando a sua formação brasileira? A ex-aluna da Graduação em Enfermagem do Ensino Einstein, Thais Bispo Gonzalez Truffa, formou-se em 2008 e hoje atua como Enfermeira e Coordenadora de Pesquisas Clínicas na empresa Accel Research Sites, uma rede americana de clínicas de pesquisas científicas.

Ela conseguiu a licença para exercer a profissão de Enfermeira nos Estados Unidos sem que fosse necessário cursar nenhuma disciplina teórica ou prática a mais do que já havia cumprido no Brasil. Ou seja, a grade curricular contida no histórico escolar do Ensino Einstein foi considerada 100% compatível com o currículo adotado nos Estados Unidos.

“Eu tenho certeza de que se não fosse por todo o ensinamento obtido na Graduação do Einstein e por todo o suporte da Instituição recebido durante o processo, não teria sido possível alcançar esse resultado de forma tão satisfatória e tranquila”, conta Thais.

Segundo ela, a Graduação lhe ofereceu toda a base para prestar a prova técnica e obter êxito. “Eu acho que não teria passado logo de cara se eu não tivesse tido uma preparação excelente”. Thais narra que durante o teste, ao ler certas perguntas, lembrava-se exatamente de professores explicando aqueles conceitos. “Passou um filme na minha cabeça e eu fui me recordando de tudo, mesmo depois de 11 anos de formada”.

Para chegar a esse resultado, o primeiro passo foi solicitar ao Ensino Einstein toda a documentação detalhada envolvendo as disciplinas ministradas, carga horária exigida e atividades práticas e teóricas, além do diploma.

Esse material passou pela tradução juramentada, que foi enviada para uma das empresas autorizadas pelo Board (espécie de Conselho Federal de Enfermagem estadunidense), a qual comunicou aos responsáveis sobre a compatibilidade sem ressalvas, inclusive com horas superiores às praticadas em solo americano.

Após essa etapa, Thais foi autorizada a realizar uma prova de fluência no idioma inglês. Aprovada, passou para a seguinte fase que consistiu na realização do chamado NCLEX (National Council Licensure Examination), um exame denso e detalhado que avalia se os candidatos podem receber o licenciamento para atuarem como Enfermeiros – tanto nativos quanto estrangeiros – nos Estados Unidos, Canadá e, recentemente, na Austrália.

Por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, todo esse processo durou cerca de um ano e nove meses. E, desde junho deste ano, ela foi autorizada a administrar medicamentos, realizar coletas para exames, acompanhar eventos adversos e todas as funções que exigem a licença para desempenhar procedimentos de Enfermagem em Pesquisa Clínica Oncológica, área pela qual se apaixonou desde a metade de sua carreira iniciada no Brasil.

Como tudo começou…

Antes de passar a viver nos EUA, Thais, durante a sua Graduação em Enfermagem, participou do Programa de Monitoria do Ensino Einstein em Pesquisa Clínica. Após a formação, foi contratada pelo Hospital como Enfermeira Júnior, quando pôde atestar a sua primeira certeza na profissão: a Pesquisa Clínica seria de fato a área que consolidaria a sua carreira.

Mas teve de mudar com seus pais Moacir e Nelcy para Ibiúna, interior do estado de São Paulo, deixando o Einstein com muita tristeza, porém com excelentes recordações. Como não queria parar de trabalhar, prestou concurso público e passou. Dessa forma, foi admitida para trabalhar em um hospital do Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de duas vezes por semana, quando viajava para a capital paulista.

Disposta a voltar a São Paulo e para a área de seu coração, em 2011 passou a exercer suas funções de Enfermeira no setor de Pesquisa Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, quando se apaixonou pela Oncologia, segunda certeza a guiar sua vida profissional até os dias de hoje.

Novos desafios

Já instalada na cidade paulista, conheceu o executivo José Truffa com quem casou-se e logo vieram mais imprevistos e desafios. Com pouco tempo de casada, ele foi convidado a trabalhar nos EUA. Sem pensar duas vezes, a já Coordenadora em Pesquisas Clínicas novamente largou tudo e mudou-se de região. Só que, dessa vez, foi para o estado de Wisconsin com o marido.

Como o visto de permanência naquele país para ela demoraria cerca de oito meses a ser validado, Thais aproveitou para estudar em sua área de atuação no Brasil. “Enquanto isso, eu fiz um curso de especialização em Pesquisas Clínicas, por um ano na Universidade de Harvard, com o intuito de me preparar para o mercado de trabalho nessa especificidade”.

No entanto, no segundo ano vivendo nos EUA, ela engravidou de Lucca, que nasceu em 2015, e depois de Kael, nascido em 2017. “Achamos melhor eu ficar em casa estudando e me dedicando aos cuidados e educação das crianças, uma vez que seria uma adaptação para todos nós”.

Com os filhos mais crescidos, ela decidiu em 2019 conquistar o seu primeiro emprego nos Estados Unidos como Coordenadora de Pesquisas Clínicas, mesmo desenvolvendo ações mais administrativas do que assistenciais, uma vez que ainda não possuía a licença para atuar como Enfermeira.

Mas, nesse mesmo ano, ela iniciou o processo de aceitação de sua Graduação em Enfermagem realizada no Brasil. “O número de candidatos que prestaram os testes – que são aplicados presencialmente – foi reduzido em média pela metade, devido à necessidade de cumprir as regras de biossegurança por conta da pandemia. Isso prolongou os períodos de cada etapa”.

Mas valeu a pena e hoje, já na Flórida, Thais une família e carreira em plena satisfação. “Na clínica onde trabalho eu me dedico a estudos de variadas áreas como vacinas para diferentes enfermidades, doença obstrutiva crônica, hérnia de disco, asma e enxaqueca, entre outras patologias”.

Uma de suas boas recordações do Brasil está relacionada à época da Graduação. “Tive uma aprendizagem muito bem construída. Além dos materiais teóricos e aulas práticas que eu tinha de entender e discutir durante as aulas, as trocas de conhecimento entre alunos e professores ajudaram a solidificar a compreensão. Agora aplico tudo aqui”, sorri.

Para o orgulho e felicidade tanto dela quanto de sua família, a Enfermeira de 35 anos, direto da cidade de Deland (Flórida), tem participado de todos os estudos envolvendo as vacinas contra o novo coronavírus, exceto a Oxford/Astrazeca, a qual não está em uso nos EUA. “Estou muito feliz, pois sei que o meu trabalho também contribui para o Brasil e para vários países do mundo”, celebra.

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