Carreiras

Dia do Professor: inspiração e competências socioemocionais de mãos dadas com o ensino

Facilitar o processo de aprendizagem dos alunos inclui a criação de ambientes acolhedores e estimulantes, além da promoção da curiosidade intelectual

Hoje, 15 de outubro, é o Dia do Professor, essa profissão multifacetada que vai muito além de simplesmente ensinar conteúdos técnicos nas áreas de Exatas, Humanas e Biológicas. Ser docente envolve inspirar, orientar, avaliar, apoiar, incentivar, acolher e desempenhar um papel vital no crescimento e desenvolvimento de seus alunos.

Em conjunto, essas habilidades demandam competências socioemocionais, conhecimentos especializados, técnicas pedagógicas e metodologias de ensino, além de um profundo compromisso com o aprendizado e o bem-estar dos estudantes. Conheça três grandes histórias de docentes responsáveis pela formação de profissionais!

“O ensino transformou as nossas vidas”

 Para Angélica Valença de Lima Rodrigues, a educação tem um lugar muito especial em sua história. Desde o Ensino Médio, desejava trilhar uma carreira como docente e foi aprovada na Licenciatura em Química da Universidade de São Paulo, finalizando a Graduação em 2012. Foi um grande motivo de orgulho para a sua mãe, Iracema. “Um sonho realizado em conjunto, tanto meu quanto dela”.

Dona Iracema não estudou em escola regular, devido ao impedimento de seu pai, que achava não ser necessária a educação formal para as mulheres. Aprendeu a ler, escrever e fazer contas, graças a uma moça que voluntariamente a ensinou, já com 12 anos de idade. Aos 14, deixou a Bahia, mudando-se para São Paulo com a intenção de ingressar na vida acadêmica, já que moraria com sua irmã. “Minha mãe carregava uma frustração por não ter frequentado o ensino”, diz Angélica.

No entanto, a irmã de Iracema tinha a mesma mentalidade do pai, e ela novamente não teve chance de frequentar o espaço escolar. Por conta disso, fez questão que a filha Angélica estudasse. “Mesmo diante da vida simples que levávamos, a minha mãe me encaminhou para a escola, sem deixar faltar nenhum item do material escolar”, conta.

E Angélica fez jus à vontade da mãe. “Comecei a lecionar em um curso pré-vestibular em 2002, com 19 anos. Ingressei no Ensino Einstein em 2021 e sou professora de Química do primeiro ao terceiro anos do Ensino Médio Integrado ao Técnico”.

Atualmente, as duas estão muito felizes, pois neste semestre Iracema iniciou o sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola pública, aos 69 anos, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos “Estou muito orgulhosa da minha mãe, ainda mais sabendo de sua vontade de fazer faculdade no futuro”. Agora estamos realizando outro sonho em conjunto”, emociona-se Angélica.

Sempre com foco no crescimento acadêmico, em 2019 Angélica deu continuidade aos estudos, ingressando no Mestrado na área de ensino de ciências, também na USP. “Vou defender a minha dissertação em janeiro de 2024”. Sua pesquisa versa sobre os valores do ensino de ciências. “Eu acredito muito nesse estudo, pois defende o fato de que o docente pode contribuir com a construção de cidadãos éticos na escola. É preciso pensar no bem coletivo”, diz Angélica.

De acordo com a docente, esse é um dos papeis mais importantes do professor. “Eu fico muito feliz em fazer parte da formação de alunos do Ensino Médio Integrado ao Técnico da Escola Técnica do Einstein, pois é um momento muito importante para eles e tenho a convicção de que podemos ajudá-los em suas melhores escolhas”.

Angélica explica que, pelo fato de a disciplina de Química contar com grande conteúdo, ela diversifica as aulas com atividades lúdicas inseridas nas metodologias ativas. “Dessa forma, os alunos aprendem de forma leve e em sintonia comigo e com toda a turma”. Ela participou da implementação dessas metodologias de aprendizagem dentro do Einstein. “Fizemos tudo com muita responsabilidade, focando não somente em colaborar com a formação de bons profissionais, como também em desempenhar um papel social de relevância”.

Isso significa mostrar para os alunos como é importante investir no desenvolvimento socioemocional, na comunicação mais adequada, no respeito mútuo e pelas diversidades como um compromisso humano. “Eu sempre incentivo o debate construtivo, mostrando a riqueza que é ouvir o próximo, mesmo que tenha opiniões diferentes e não apenas enfatizando o processo seletivo do vestibular”, conclui a docente.

“O ensino me escolheu”

Há quase 30 anos, a Biomédica Isabel Cristina Cazadei de Araújo dedica-se ao setor da saúde, sendo 20 como profissional do Einstein: 10 no Hospital e 10 no Ensino. A sua trajetória começou nos bancos de sangue de grandes hospitais localizados na capital paulista, sendo inteiramente direcionada para a área Laboratorial. “Essa experiência trouxe uma bagagem imensurável, permitindo que eu seguisse posteriormente para a área da docência, um caminho pelo qual eu sempre me senti atraída”.

Hoje ela atua como docente da Escola Técnica do Einstein, ministrando presencialmente disciplinas relacionadas ao curso Técnico de Análises Clínicas. São elas:

  • Hematologia; Fundamentos e Técnicas em Banco de Sangue e imuno-hematologia;
  • Processamento e Coleta de Amostras Biológicas; Instrumentação Laboratorial; Morfologia;
  • Rotinas Laboratoriais, além da docência nos Estágios Supervisionados 1 e 2.

Nessa Instituição, Isabel também leciona no formato de Ensino a Distância as disciplinas: Biossegurança; Visão Sistêmica na Área da Saúde e Ética e Cidadania Organizacional para os cursos Técnicos em Análises Clínicas, Farmácia, Radiologia e Administração com Ênfase em Serviços de Saúde.

Acreditando na multi e transdisciplinaridade, a docente sempre se sentiu inclinada a expandir suas áreas do conhecimento. E uma das mais instigantes para ela é a Psicologia. “Eu sempre me preocupei em compreender a mente humana. E isso é fundamental para ampliar as nossas competências socioemocionais, o que ajuda bastante a gestão em sala de aula”.

Paralelamente à sua atuação como biomédica em banco de sangue, Isabel participou ativamente da criação e desenvolvimento do RedeCord, Banco Público de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário, gerido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, o que lhe trouxe experiência na temática das células troncos hematopoiéticas.

A sua formação em áreas relacionadas ao desenvolvimento das ciências humanas incluiu a Pós-graduação em Psicologia Analítica Junguiana pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a Pós-graduação em docência na área da saúde pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP). “O estudo e aprimoramento do professor devem ser constantes. E nossas experiências profissionais contribuem muito para orientar os alunos em relação ao mercado de trabalho e para o seu exercício de cidadania”.

Toda essa experiência como profissional da saúde lhe garantiu o ingresso e a construção de uma carreira sólida na docência. “No começo eu atendia a convites de colégios particulares e um público, perto de casa, para substituir professores. Fazia com grande satisfação”, relembra.

Depois essa rede de contato foi crescendo e Isabel foi adquirindo mais e mais expertises, até que em 2013, quando trabalhava na preparação das células-tronco e da medula óssea para posterior transplante, aplicou-se para uma vaga de docente na Escola Técnica. Isabel foi selecionada e, a partir daí, assumiu o Ensino definitivamente. “O ensino me escolheu. Eu tenho uma personalidade que necessita transmitir o que eu aprendi e participar da construção do conhecimento de mais pessoas. Hoje sou completamente feliz”, revela.

“Nasci para a docência”

Já Leandro Nobeschi formou-se Fisioterapeuta e, logo na sequência, iniciou o Mestrado Acadêmico em Morfologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sendo admitido como docente na Graduação em Nutrição em uma universidade particular de Santo André, onde mora até hoje. “Seis meses antes de finalizar a minha formação, eu assumi as funções de Assistente de Ensino em uma faculdade privada da região e assim fui construindo a minha carreira na docência”.

A conclusão do Doutorado em Fisiologia foi em 2020. Agora, planeja o seu Pós-doutorado nessa área que aprendeu a gostar desde o primeiro ano da Graduação. “O conhecimento em anatomia e a habilidade de falar na frente das pessoas foram dois desafios que eu venci e isso me estimulou muito a investir nessas minhas dificuldades que, hoje em dia, são dois grandes amores da minha vida”, emociona-se Leandro.

Esse trajeto de busca pelo conhecimento e aperfeiçoamento profissional trouxe a oportunidade de assumir a docência nas disciplinas de Anatomia e Fisiologia das turmas dos primeiros anos das Graduações em Enfermagem, Fisioterapia e Odontologia da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE), além de outros estabelecimentos de ensino.

A sua afinidade com os alunos foi um diferencial que o fez optar pelo ensino, e não por outras áreas comuns para profissionais da saúde, como a assistência ou a gestão. “Nasci para a docência. É uma das minhas grandes motivações. Eu adoro fazer pesquisa sabendo que passarei os conhecimentos gerados para meus alunos, numa grande troca interativa e repleta de apoio mútuo”, conta Leandro.

Ele também se sente atraído pelos desafios específicos do setor de ensino. “Ser professor envolve uma grande responsabilidade, exige estar sempre se renovando e disposto a aprender com as ideias e dúvidas levantadas por seus alunos. É uma alegria vê-los formando-se na área desejada e realizando seus sonhos profissionais”.

Esses 22 anos de amor pelo ensino proporcionaram a Leandro a oportunidade de participar da estruturação do conhecimento e de carreiras de futuros bons Enfermeiros, Médicos, Fisioterapeutas, Biólogos, Biomédicos, Cirurgiões-dentistas e Professores de Educação Física. “Os feedbacks dos alunos são o resultado mais gratificante. Saber que ajudei a fazer a diferença na vida deles gera um contentamento sem igual”, conclui.

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