Ciência e Vida

A importância da alimentação na prevenção do câncer

Mudança de estilo de vida com aderência a hábitos alimentares saudáveis é uma das formas de prevenir doenças como o câncer

A alimentação saudável é uma das 17 ações do Código de Prevenção de Câncer da América Latina e Caribe, primeira adaptação regional do Código Europeu Contra o Câncer. O principal profissional responsável tanto pela avaliação e orientação nutricional, quanto pela segurança e qualidade no preparo dos alimentos é o Nutricionista.

Nesse contexto, a Nutricionista e Coordenadora da Graduação em Nutrição da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE), Ana Maria Pita Lottenberg, garante que esses profissionais são capacitados e engajados em contribuir com políticas públicas de saúde e podem colaborar com esse item do Código.

“O conjunto de doenças crônicas não transmissíveis mais prevalentes no Brasil é composto por hipertensão, diabetes, obesidade, doença cardiovascular e câncer. Temos de fomentar políticas públicas de saúde com base na prevenção dessas enfermidades, para controlar seus índices progressivos”, alerta Ana Maria.

Obesidade, uma grande preocupação

No país, a obesidade atinge 22% da população, segundo dados do Vigitel de 2022 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito Telefônico). “Essa doença é base para várias outras enfermidades, inclusive está fortemente associada ao câncer”.

Uma das formas de controlar esses índices é criar hábitos alimentares e estilo de vida adequados. “O papel do Nutricionista é fundamental para promover políticas públicas de saúde nesse aspecto”, ressalta a Coordenadora.

Áreas de atuação do Nutricionista

O Nutricionista é responsável pela promoção, manutenção da saúde e bem-estar da população, por meio da alimentação saudável e equilibrada. Ele tem conhecimento técnico, formação profissional e embasamento científico para garantir a melhor assistência nutricional ao indivíduo.

De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Nutrição nº 600/18, além da grande relevância da contribuição do Nutricionista em construir e liderar setores relacionados a políticas públicas de saúde voltados à alimentação e estilo de vida saudáveis, ele pode atuar em seis diferentes áreas:

  • Nutrição em Alimentação Coletiva
  • Nutrição Clínica
  • Nutrição em Esportes e Exercício Físico
  • Nutrição em Saúde Coletiva
  • Nutrição na Cadeia de Produção, na Indústria e no Comércio de Alimentos
  • Nutrição no Ensino, na Pesquisa e na Extensão

A proposta dessa formação também é capacitar Nutricionistas em gestão e liderança nas diversas áreas de atuação.

Mudança do estilo de vida

Uma relevante abordagem é o fomento à mudança de estilo de vida, como forma de prevenção às doenças crônicas não transmissíveis. Esses novos hábitos incluem:

  • Praticar exercícios físicos regulares;
  • Ingerir quantidade adequada de hortaliças e frutas em cada refeição;
  • Enriquecer o cardápio com grãos integrais como feijão, lentilha, ervilha e grão de bico;
  • Evitar o consumo de bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos prontos com açúcar);
  • Limitar ou eliminar o consumo de alimentos ultraprocessados e embutidos.
  • Limitar o consumo de alimentos ricos em gorduras, especialmente saturadas.

Tais medidas, de acordo com a Coordenadora, estão associadas ao cuidado do Nutricionista com a saúde, o que inclui ainda a importância da amamentação no controle da obesidade infantil.

“A alimentação saudável no ciclo da vida engloba desde o nascimento de um bebê até a pessoa idosa. A alimentação da gestante impacta totalmente no desenvolvimento da criança e, após o parto, essa preocupação precisa se manter”, lembra ela.

Essa discussão, igualmente, envolve a qualidade da merenda escolar. “O Nutricionista bem capacitado saberá como planejar e inserir alimentos saudáveis e seguros para as crianças, assim como promover a educação nutricional”, diz Ana Maria.

Para a promoção da mudança de estilo de vida, diversas sociedades internacionais como Sociedade Americana de Diabetes e de Cardiologia recomendam no mínimo 14 a 16 encontros com profissionais em um período de seis meses.

“Esse é um protocolo internacional e, se tivermos um número maior de Nutricionistas capacitados que atuem no Brasil para que seja implementado em políticas públicas, já será um grande ganho”, finaliza Ana Maria.

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