Atualização da NR-01 reforça compromisso das organizações com a saúde mental

A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-01), que incluiu a obrigatoriedade de identificar e gerenciar riscos psicossociais no trabalho, marca um avanço significativo na agenda de saúde ocupacional no Brasil.

A novidade representa uma oportunidade concreta para que as empresas adotem práticas efetivas de cuidado com o bem-estar emocional de seus colaboradores, atuando de modo estratégico, com foco no cuidado e não apenas de forma reativa.

“Essa atualização cria um arcabouço legal que estimula as organizações a irem além do discurso e estruturarem programas e políticas de prevenção”, analisa o Gerente Médico de Unidade de Saúde Mental do Einstein, Dr. Luiz Gustavo Vala Zoldan.

“Ela funciona como um marco regulatório e educativo, que coloca o tema definitivamente na agenda das empresas e impulsiona a cultura de cuidado”, completa.

Ensino Einstein promove capacitação estratégica

Para apoiar as empresas nesse movimento, o Ensino Einstein desenvolveu o Curso de Atualização: Saúde Mental nas Empresas: Desafios e Oportunidades com a Atualização da Norma Regulamentadora 01.

Voltado a profissionais de Recursos Humanos, Saúde Corporativa e lideranças, o programa capacita os participantes para a identificação, avaliação e mitigação dos fatores psicossociais no ambiente de trabalho.

Estão entre os principais pontos abordados no curso:

• Compreensão dos fatores de risco psicossociais nas organizações
• Aplicação de boas práticas e políticas de mitigação
• Leitura e interpretação de indicadores de bem-estar, engajamento e risco
• Articulação com a nova NR-01 e a Lei da Empresa Promotora de Saúde Mental (Lei 14.831/2024)
• Estudo de casos reais de empresas que estruturaram programas eficazes de gerenciamento psicossocial

O curso combina teoria e prática, trazendo ferramentas e experiências de mercado que ajudam a liderança a transformar o cuidado em estratégia de gestão.

Sinais de alerta e exemplos de boas práticas

Segundo o Dr. Zoldan, reconhecer sinais precoces de sofrimento emocional é essencial. “Alterações persistentes de humor, queda de produtividade, dificuldade de concentração e isolamento social são indícios que merecem atenção e encaminhamento especializado”, destaca.

Entre as boas práticas que podem ser adotadas pelas empresas, estão políticas claras de saúde mental, treinamentos de lideranças, programas de escuta e acolhimento, avaliações periódicas de fatores psicossociais e ações que promovam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Por outro lado, culturas organizacionais baseadas em excesso de cobrança, metas inalcançáveis, falta de reconhecimento e comunicação tóxica estão entre os principais fatores que prejudicam a saúde mental dos colaboradores.

“Esses comportamentos corroem o engajamento e aumentam o risco de adoecimento emocional”, alerta o Dr. Zoldan.

Diagnóstico eficiente e fiscalização educativa são essenciais

Determinar se o sofrimento emocional tem relação com o trabalho exige uma análise criteriosa. A investigação, na visão do Dr. Zoldan, deve considerar critérios temporais e contextuais, avaliando se o início ou agravamento dos sintomas coincide com mudanças na rotina profissional.

“Ferramentas de análise de riscos psicossociais e entrevistas clínicas podem ajudar a identificar se o sofrimento está vinculado predominantemente ao contexto laboral”, explica.

Para ele, fiscalizações técnicas e educativas também são fundamentais. “Elas garantem que as empresas implementem ações concretas e não apenas formais, além de nivelarem o mercado e valorizarem quem adota boas práticas”, afirma.

As múltiplas formas de apoio às organizações

O Einstein apoia as empresas em múltiplas frentes para estruturar políticas e ações de saúde mental, a exemplo de:

• Programas de promoção, prevenção e tratamento, como o Programa do BEM, que reúne psicoeducação, letramento, protocolos assistenciais e apoio à gestão
• Consultoria técnica para implementação de políticas, fluxos e treinamentos
• Trilhas de aprendizagem e capacitação de lideranças por meio do Ensino Einstein
• Serviços assistenciais como telepsiquiatria, psicoterapia e check-ups de saúde mental
• Centro de Referência Einstein em Saúde Mental, que integra inovação, pesquisa e troca de boas práticas entre grandes empresas

“O avanço da discussão sobre saúde mental nas empresas representa uma mudança de paradigma: do cuidado reativo para o investimento estratégico em pessoas”, ressalta o Dr. Zoldan.

Para ele, a integração entre educação, regulação e prática assistencial, como propõe o Einstein, é o caminho mais sólido para transformar o ambiente de trabalho em um espaço de crescimento, pertencimento e bem-estar sustentável.

Um olhar para o indivíduo

Além das ações organizacionais, o especialista reforça a importância do autocuidado. Ele orienta os colaboradores a não normalizarem o sofrimento e a buscarem ajuda o quanto antes.

“Coloque-se em sua própria agenda. Se sua rotina tem apenas trabalho, há grandes chances de você estar negligenciando sua saúde”, afirma.

Dormir bem, manter alimentação equilibrada, praticar atividade física, cultivar redes de apoio e falar sobre o que sente são atitudes que fazem diferença. “Falar sobre o que se sente é um ato de coragem e de autocuidado”, conclui o Médico.