Conheça os pilares essenciais de uma boa gestão de crise na área da saúde
Pacientes em estado grave são muito comuns dentro do ambiente hospitalar, porém essa condição pode tomar grandes proporções em momentos inesperados
O debate sobre a gestão de riscos e de crise envolvendo os cuidados de pacientes em estado grave é frequente nas instituições de saúde. As discussões são muito importantes também para prever o aumento de pessoas nessa situação dentro do ambiente hospitalar, assim como diante de catástrofes. Trata-se de uma forma de fornecer elementos que poderão ser melhorados, aprendidos e ou incorporados para o melhor funcionamento desses estabelecimentos.
A Fisioterapeuta Raquel Caserta Eid, que é Coordenadora de Fisioterapia do Departamento de Pacientes Graves do Einstein e Coordenadora da Pós-graduação em Fisioterapia Intensiva e em Gestão e Liderança de Fisioterapia Intensiva, menciona cinco pilares que podem ajudar você a gerir o estado de pacientes de alta complexidade e os momentos de crise:
Primeiro Pilar: Infraestrutura e engenharia clínica
Dentro deste Pilar, a equipe responsável por gestão de pacientes graves e momentos de crise deve pensar na organização e planejamento de materiais, insumos, linha de montagem de equipamentos, distribuição de medicamentos e uso das novas tecnologias. “Precisamos antecipar. Isso é importantíssimo. No caso da pandemia causada pelo novo coronavírus, desde janeiro de 2020 organizamos aqui mesas de discussão envolvendo o tratamento de pessoas com COVID-19 hospitalizadas”, relembra Raquel.
Outro aspecto fundamental é seguir os benchmarkings local, nacional ou internacional, a depender da dimensão do problema. Conhecer precedentes tem grande valia tanto para avaliar a infraestrutura e os suplementos quanto as competências e habilidades profissionais direcionadas a atender o paciente que demanda mais cuidados.
Agilidade e velocidade são também dois fatores cruciais de gestão para obter maior controle das imprevisibilidades, podendo reestruturar e transformar os locais de trabalho a contento, de acordo com as necessidades.
Dentro desse Pilar, é indicado criar Grupos de Trabalho (GTs) para que cada equipe tenha demandas a somar nas etapas de todos os processos. Uma delas diz respeito ao levamento quantitativo em cada momento da crise. “É essencial ter números e dados confiáveis, acompanhamento e projeções dessas informações, com o intuito de administrar e ampliar as oportunidades para evitar uma catástrofe maior”, afirma a especialista.
Ela ressalta ainda a estruturação de uma equipe composta por lideranças multiprofissionais e de diversos departamentos. “Daí a importância de investir na capacitação e formação de cada um desses profissionais e seus grupos de trabalho”.
Segundo Pilar: Modelo assistencial
No modelo assistencial é relevante considerar a alta complexidade a qual faz parte de um ambiente comum e de crise. Dessa forma, deve-se pensar no cuidado inicial, intermediário e paliativo. Nesse momento a estruturação de times com profissionais de alta performance contribui tanto para atuar rápida e acertadamente quanto para multiplicar seus conhecimentos. “Dois exemplos são profissionais com competência em via aérea difícil e especialização em diálise”, diz Raquel.
Nesse Pilar também é importante construir níveis de lideranças associadas aos times voltados à assistência, devendo pulverizá-los dentro da instituição. “O ideal é que essa estrutura funcione como referência técnica abarcando o atendimento, administração e supervisão do cuidado”.
Terceiro Pilar: Procedimentos e protocolos
Em caso de uma crise sem precedentes como a da pandemia do novo coronavírus ou qualquer outra situação inédita, a rápida criação de processos, procedimentos e protocolos baseados em evidências científicas é ideal para o atendimento, sobretudo a pacientes em estado grave. “A padronização de uma árvore de tomada de decisão que ajude o profissional à beira-leito é o melhor caminho para gerir bem os acontecimentos mais importantes”, recomenda a Coordenadora.
Quarto Pilar: Capacitação, recrutamento e seleção
Em momentos de grandes crises ou catástrofes, o olhar para o melhor modelo de contratação de novos profissionais em saúde ajuda na reorganização para atender o número crescente de pacientes. O recrutamento de pessoas deve focar nas novas habilidades, competências e perfis que podem ser desenvolvidos com rapidez e eficiência para dar conta do cenário apresentado. O profissional bem treinado e especializado é a mola propulsora da segurança e eficácia do tratamento.
Quinto Pilar: Saúde mental
Cuidar da saúde mental dos profissionais da saúde em todas as áreas de trabalho é primordial, especialmente no quesito de cuidados a pacientes de alta complexidade. Para isso, o sistema de saúde tem criado e discutido o aprimoramento da atenção psicológica de seus trabalhadores.
Uma das medidas é elaborar áreas de descompressão e diferentes serviços direcionados à saúde psíquica e bem-estar emocional. “Profissionais de gestão e a instituição devem priorizar o desenvolvimento de estruturas para cuidar dos seus colaboradores”. Além disso é muito relevante desenhar políticas de reconhecimento das equipes. “Devemos celebrar as vitórias e fortalecer o clima positivo entre os profissionais”, conclui Raquel.
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