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Dr. Sérgio Podgaec: ensinar é a melhor forma de aprender

​Vice-Presidente da área de Ensino do Hospital Israelita Albert Einstein explica como lecionar tem ajudado na sua prática médica.

Diferentemente de outras pessoas do seu convívio, Dr. Sérgio Podgaec conta que não teve qualquer dificuldade na escolha da profissão. “Sempre quis ser médico. Mesmo não tendo ninguém da família na área da Medicina, cresci sabendo que era isso que eu queria fazer”, diz. “Tinha tanta convicção nessa escolha que achava estranho ver alguns amigos em dúvida ou angustiados sobre qual faculdade cursar”, comenta.

Com a mesma naturalidade com que decidiu ser médico, Dr. Podgaec lembra que lidou com a necessidade de estudar e se atualizar. “Dentro do meu ambiente familiar, a educação e a cultura sempre foram muito valorizadas. Talvez por isso acabei desenvolvendo um conceito forte de que estar bem informado era a base para ter sucesso pessoal, profissional e bem-estar. É claro que eu não gostava de estudar todos os assuntos e disciplinas, mas sempre encarei isso naturalmente, sem sofrimento”, recorda.

Focar-se nos estudos foi fundamental para ser aprovado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em 1986, e na Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia, em 1992, na mesma instituição. Dr. Podgaec avalia que hoje isso é ainda mais necessário. “Terminei o Ensino Médio, entrei direto na graduação e, depois, na Residência”, conta. “Conseguir tal feito atualmente é, de fato, um desafio. A quantidade de cursos de Medicina cresceu, mas a de alunos muito bem preparados cresceu mais ainda. Por isso, estudar continua sendo primordial”, avalia.

Prazer em ensinar

Depois da Residência Médica, Dr. Podgaec preparou suas teses de Mestrado e Doutorado com pesquisas na área de endometriose – distúrbio em que se tornou especialista – e foi aprovado como professor livre-docente na USP, em 2011. “Embora ensinar faça parte da prática médica, pois sempre estamos ensinando alguém, seja um paciente, um colega ou um médico mais jovem, eu queria ensinar formalmente”, conta.

Membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein desde 1994, Dr. Podgaec foi convidado para ser um dos coordenadores da implementação da Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia na instituição, criada em 2013. Desde então, ele, em conjunto com um grupo de médicos da mesma especialidade do Hospital, liderou também a criação da Pós-graduação lato sensu Estado da Arte em Ginecologia e Obstetrícia, além de diversos cursos e eventos envolvendo temas ligados à saúde da mulher. Na área de pesquisa, já orientou diversos alunos em teses de Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado e, há dois anos, se tornou vice-presidente do hospital, ficando responsável pelo Ensino Einstein.

Segundo Dr. Podgaec, um dos principais fatores que o influenciaram na escolha pela Medicina foi justamente essa possibilidade de realizar vários tipos de atividades profissionais. “Sempre tive a sensação de que ser médico me daria a chance de atender em consultório, fazer pesquisa e lecionar”, diz.

Dr. Podgaec explica que ensinar, além de lhe dar prazer, faz muita diferença na sua prática médica. “Quando monto uma aula e me preparo para as perguntas dos alunos, estou automaticamente me atualizando, e isso tem impacto no cuidado que presto para minhas pacientes”, justifica. “Nos últimos dez anos, os meios de diagnóstico da endometriose e do tratamento do climatério mudaram drasticamente. A atualização constante faz com que o profissional de saúde deixe de usar técnicas antigas e ultrapassadas”, exemplifica.

Estímulo às metodologias ativas de ensino

Por reconhecer que ensinar tem grande impacto na aquisição de conhecimento, Dr. Podgaec conta que tem apoiado a utilização de metodologias ativas de ensino no Einstein.

​Na graduação de Medicina do Einstein, por exemplo, o Team Based Learning (TBL) é a metodologia predominante. Ela envolve várias atividades em grupo, aplicação de conceitos em casos clínicos e estudos prévios a partir de materiais encaminhados pelos professores. “No TBL, o estudante se prepara antes das aulas”, enfatiza Dr. Podgaec. “E, ao se preparar e ter contato com um assunto novo antes da atividade de classe, para depois expor o conteúdo aos colegas ou ao professor, ele aprende bem mais do que apenas assistindo passivamente uma aula expositiva”, compara.

Diante desse conceito, Dr. Podgaec sugere a todos os alunos que tenham mais participação em ações educativas interativas, adesão a projetos de iniciação científica e cuidado com a saúde mental. “O bom aprendizado depende de um equilíbrio entre estudo e vida social. Não abandonar atividades físicas, assim como outras ocupações de lazer que dão prazer, é essencial na vida de um estudante”, enfatiza.

​Para o Dr. Podgaec, trabalhar como profissional da saúde, fazer pesquisa e lecionar – três atividades que realiza há muitos anos – exige “grande entrega e doação pessoal”, mas vale a pena. “Quem tem vontade e sente que tem vocação para atuar nessas áreas não deve desistir. A possibilidade de ajudar o próximo e influenciar diretamente na vida de outras pessoas é superior a tudo”, avalia.

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