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Especialização em Obstetrícia tem papel fundamental na promoção da saúde materna

Um dos grandes desafios da Medicina e da Enfermagem especialista em Obstetrícia, a redução da mortalidade materna tornou-se ainda mais urgente após o período mais crítico da pandemia

Um dos grandes desafios do Médico e do Enfermeiro Obstetra, especialistas que se dedicam ao cuidado de mulheres em período de gestação até um ano do nascimento do bebê – e cujo Dia é comemorado neste 12 de abril – é contribuir com a redução da mortalidade materna, aumento da cobertura do pré-natal e atendimento com mais qualidade. 

Esses temas, na verdade, fazem parte de desafios globais de saúde. Zerar as mortes evitáveis e garantir acesso universal à saúde materna são preocupações que envolvem os sistemas nacionais e internacionais do setor, sobretudo no que se refere às populações mais vulneráveis. “É nossa responsabilidade investir em especialização e conhecimentos práticos e teóricos para oferecer cuidados efetivos a todas as gestantes”, defende Sonia Regina Godinho de Lara, Enfermeira e coordenadora da Pós-graduação de Enfermagem Obstétrica e Ginecológica da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE). 

Conforme levantamento do Ministério da Saúde, a razão da mortalidade materna no Brasil – que registra as mortes relacionadas a complicações no parto, durante a gravidez e no puerpério em relação aos bebês nascidos vivos – aumentou 94% durante a pandemia. Em 2019, a proporção foi 55.31 mortes a cada 100 mil nascimentos. Em 2020, o número aumentou para 71.97 mortes a cada 100 mil e, em 2021, essa proporcionalidade registrou 107.53 mortes a cada 100 mil. O aumento do número total de mortes maternas foi de 77% entre 2019 e 2021.  

Pesquisadores do Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr) divulgaram, em julho de 2022, o dado anual de mortes maternas: 35% superior ao oficial se fossem computados os casos registrados até um ano após o fim da gestação (com o nascimento do bebê, óbito ou aborto).  

Profissionais da saúde são peças fundamentais para a diminuição desses dados rumo a atingir a expectativa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir, até 2030, a razão de mortalidade materna para no máximo 30 mortes a cada 100 mil nascidos vivos. 

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A importância do pré-natal

A realização do pré-natal de risco habitual é uma das principais medidas para atingir tal meta, uma vez que atua na prevenção e detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, devendo resultar em um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante. “É comum a mulher buscar informações em mais de uma fonte a fim de considerar diferentes opiniões. Por isso, a troca de dados e pesquisas entre os profissionais da saúde é tão importante. As gestantes e puérperas optam por Médicos que compartilhem de suas convicções e possam trazer as experiências que elas esperam e sonham para essa etapa da vida”, afirma a Médica Obstetra do Einstein, Dra. Ana Paula Beck. 

Entre as ações que Médicos e Enfermeiros Obstetras podem realizar para favorecer esse processo de comunicação, está a colaboração para identificar doenças que já estavam presentes no organismo, porém evoluindo de forma silenciosa, como a hipertensão arterial, diabetes, doenças do coração, anemias, sífilis etc.  

Esses diagnósticos resultam em medidas de tratamento que evitam complicações para a saúde da mulher não somente durante a gestação, mas por toda sua vida. “O pré-natal é um momento de oportunidade para a avaliação da saúde da mulher como um todo. Em geral, há descobertas de doenças prévias somente na gestação”, diz a Médica.  

Os profissionais também podem detectar problemas fetais, como má-formação, que na fase inicial permite o tratamento intraútero, podendo proporcionar uma vida normal ao recém-nascido. Eles também avaliam aspectos relativos à placenta, possibilitando tratamento adequado. “Sua localização inadequada pode provocar graves hemorragias com sérios riscos maternos”, alerta Sonia. 

Identificar precocemente a pré-eclâmpsia, assim como comprometimentos da função renal e cerebral, comorbidades como diabetes, doença da obesidade, astenia, vaginite e outras patologias que colocam a mulher e o bebê em risco de morte são ações valiosas do profissional especializado em Obstetrícia. 

O Médico Obstetra e o Enfermeiro especialista em Obstetrícia podem contribuir significativamente quando ajudam a: 

  • Fomentar orientações essenciais sobre hábitos de vida e higiene pré-natal e a manutenção do estado nutricional apropriado; 
  • Orientar sobre as medicações e atividades que podem afetar a saúde da mãe e do bebê; 
  • Acolher e encaminhar a gestante a profissionais de saúde mental, se necessário. 

A gestante também precisa seguir recomendações dos profissionais especializados no que se refere à dieta, higiene, sono, hábito intestinal, exercícios, vestuário, recreação, sexualidade, hábitos de fumo, álcool, drogas e outras eventuais orientações necessárias. 

A assistência ao pré-natal é o primeiro passo para parto e nascimento humanizados e pressupõe a relação de respeito que os profissionais da saúde estabelecem com as mulheres durante o processo. 

Quanto mais qualidade no atendimento, melhor será o desenvolvimento da gestação, mais seguro será o parto e mais precisas serão as condutas intervencionistas. “Por isso, os profissionais da área devem estar sempre atualizados e preparados academicamente para ajudar essas mulheres, além de cooperar com os índices positivos em nível mundial”, concordam as duas especialistas. 

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