Fishbowl™: oportunidades de articulação entre o presente e o futuro do executivo de saúde
Neste artigo, João Paulo Bittencourt, Gerente de Ensino Superior e Coordenador de Graduação do Einstein, aborda uma instigante estratégia na formação executiva
A formação profissional convive com o desafio de considerar os diferentes momentos da carreira do estudante: passado, presente e futuro precisam ser reconhecidos e trabalhados, muitas vezes de forma personalizada, para cada aprendiz.
Na educação executiva, essa característica se evidencia sob diversos aspectos. O passado e a trajetória do executivo o trouxeram até aqui. Interpretar e validar a própria história é fundamental para a tomada de decisão na carreira. O futuro também é relevante, pois é lá que residem as aspirações, os sonhos e projetos mais ambiciosos. No entanto, é imprescindível que a formação de excelência propicie a transformação do presente. Que conecte o aqui e o agora, gerando mudanças imediatas, ainda que em pequenas doses.
Embora resultados pessoais e organizacionais rápidos sejam relevantes, os programas de formação são por vezes sistêmicos e não privilegiam uma necessidade em específico. Nesse cenário, sempre gostei de observar estratégias utilizadas por estudantes e professores para articular o desafio do presente à construção de futuro. A associação entre o desafio pessoal e específico com as necessidades mais amplas.
Nestes anos de docência, acompanhei grandes “designers de conexões”: pessoas que articularam formidavelmente as necessidades do presente e do futuro, por meio das relações estabelecidas e mantidas. Também vi estudantes com olhos brilhando enquanto compartilhavam desafios com professores e colegas, recebendo insights, direcionamento e apoio.
Sempre acompanho com entusiasmo alunos que extraem o máximo dos programas de formação que participam. Como defensor e ativador dessas partilhas e construções colaborativas, vi muito sentido ao conhecer, durante o doutorado em Administração, a metodologia que a professora Renate Fruchter, responsável pelo PBL Lab em Stanford, nos apresentava.
Tratava-se do Fishbowl™, uma experiência de aprendizagem que teve início no ambiente das escolas médicas, onde é típico se ver salas para operações especiais que são constituídas de paredes de vidro, onde Cirurgiões de classe mundial operam pacientes e estudantes de Medicina assistem.
Tal experiência de aprendizagem trouxe à mente a metáfora do aquário (Fishbowl) e inspirou a abordagem em áreas como engenharia e gestão. Vivenciei essa metodologia no grupo do professor Ulisses Araújo, em sua missão de instigar a inovação pedagógica na formação de docentes. Eu tive a oportunidade de participar de diversas sessões, a convite da Carolina Cavalcanti, com quem visitei a própria Renate, lá no PBL Lab em Stanford, um instituto responsável pelo desenvolvimento e implementação de inúmeras propostas educacionais inovadoras ao redor do mundo.
Quando fui convidado pela Monica Hasner, pela Flavia Nielsen e pelo Rafael Ornelas para compor a equipe do Pós-MBA em Gestão de Saúde do Einstein, pensei: precisamos de algo que gere resultados imediatos em contextos complexos. O futuro da saúde está sendo construído, mas é o presente que sustentará o caminho.
Assim, decidimos incluir essa metodologia no Pós-MBA em Gestão de Saúde do Einstein, pois entendemos que ela se articula com a proposta inovadora do programa, coordenado pelos sempre inspiradores Sidney Klajner e Claudio Lottenberg. Como não poderia deixar de ser, o programa provoca, atualiza e instrumentaliza do início ao fim. O Project Sharing propiciado pelo Fishbowl™ tem potencial para resolver um problema do presente, propiciar perspectivas para o futuro e potencializar o repertório dos gestores de saúde. E isso tudo sob uma perspectiva “opt-in”, na qual apenas os participantes interessados em partilhar seus projetos submetem suas propostas.
No Fishbowl™, os participantes trazem um problema ou projeto que se encontra em um momento que requer tomada de decisão. Ao invés da ação tradicional, onde especialistas oferecem seus “pitacos”, eles, na verdade, assumem o papel de “resolvedores do problema”, enquanto os próprios alunos oferecem as informações necessárias para o processo. Em nosso contexto, trata-se de acompanhar os maiores nomes da gestão de saúde do Brasil resolvendo o desafio que você enfrenta na gestão do corpo clínico, por exemplo. Ou ter profissionais renomados internacionalmente em segurança do paciente mergulhando em problemas relacionados à taxa de infecção em uma rede de hospitais.
Ao gerar essa discussão, o processo vai além da partilha de experiência e cria um ambiente rico de insights e compartilhamento dos próprios colegas, muitas vezes próximos em suas realidades, o que facilita a transposição de conhecimento.
Além do resultado efetivo, essa experiência busca desenvolver competências de trabalho em equipe interdisciplinar e colaborativa. A experiência de interação de aprendizagem no Pós-MBA ocorre em um cenário global de gestão de saúde, envolvendo diferentes perspectivas, desafios e competências. É o presente sendo endereçado, tendo em vista a formação dos líderes do futuro da saúde brasileira.
Para saber mais sobre o programa do Pós-MBA do Ensino Einstein, acesse aqui.
João Paulo Bittencourt é Gerente de Ensino Superior e Coordenador da Graduação em Administração de Organizações de Saúde do Ensino Einstein.