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Inteligência artificial e os novos desafios na área da saúde

O impacto da Inteligência Artificial, como o ChatGPT, na saúde demanda compreensão e aprimoramento constantes dos profissionais da área para uma utilização segura

As soluções de Inteligência Artificial impactam a área da saúde de várias formas. Entre as mais recentes está o GPT (Generative Pre-trained Transformer), um modelo sofisticado e amplo de linguagem, mostrando características que o aproximam bastante da comunicação natural. A partir de treinamentos extensivos utilizando dados da internet e produzidos por usuários, a ferramenta tornou-se capaz de ‘ler’ informações diversas e interagir de forma ‘natural’ e responsiva.

Dessa criação originou-se o ChatGPT, um ‘chat Bot’ conversacional lançado em 30 de novembro de 2022 pela empresa OpenAI, que funciona como um assistente virtual estabelecendo ‘conversas’ em formato de perguntas e respostas. A ferramenta foi idealizada para estabelecer troca de informações visando à resolução de problemas e outras demandas, sempre a partir da geração de textos.

Como o ChatGPT impacta na área da saúde?

Conforme explica o Médico Neurorradiologista e responsável pela área de Ciências de Dados e Big Data do Einstein, Dr. Edson Amaro, a solução da OpenAI (GPT) tem a capacidade de interagir com um grande volume de dados e modelos amplos de linguagem generativos ou fundacionais. Na jornada de um paciente, por exemplo, ela pode colaborar nas interações. “O potencial dessa ferramenta pode ser direcionado para serviços como agendamento de consultas, acompanhamento de rotinas e procedimentos, além de preparo para exames e outros ainda não explorados”, explica.

Em todas as suas utilizações, no entanto, é fundamental haver supervisão a fim de evitar o uso inadequado. “O GPT como um instrumento de uma rede de atendimento deve ser contextualizado, garantindo que a sua aplicação seja segura, assim como outros serviços”, pontua o Médico. Para usufruir do ChatGPT, é importante que o profissional da saúde conheça com profundidade essa ferramenta e saiba gerir as informações. A OpenAI inclusive alerta para a não disponibilização de dados sensíveis, operações críticas e atualmente não recomenda para uso em Medicina.

Governança de dados

Em todas as organizações de saúde, as soluções de Inteligência Artificial mais avançadas impactam profundamente o modo de trabalho. Segundo a Accenture Consulting, empresa de consultoria global, a estimativa é a de que cerca de 40% das atividades do setor da saúde sejam melhoradas a partir do uso adequado da solução.

“Há um ano e meio o Einstein tem realizado estudos sobre o uso de Artificial Inteligence (A.I.), inclusive com soluções de desenvolvimento da OpenAI (versões anteriores do GPT) e outras ferramentas. E passou a seguir mais ativamente com um programa transversal implementado em março deste ano para incorporar essas soluções nas trilhas de educação continuada para seus colaboradores”, lembra o Médico.

Para seguir esse exemplo, é necessário que as organizações de saúde fomentem o engajamento no bom uso da Inteligência Artificial com manejo responsável dos dados e capacitação institucional. “No Einstein entendemos que essas ferramentas representam um movimento amplo de interação entre tecnologias e seres humanos. Assim, acreditamos que deverá ocupar espaços diversos em toda a organização”, afirma o Dr. Edson.

Ele acredita que as ações devem ser guiadas por especialistas em tecnologia, em conjunto com as pessoas que atuam na ponta, conforme as etapas de adoção, focando nas frentes de inovação e benefícios ao paciente da forma mais segura e rápida.

A operação do ChatGPT, assim como outras soluções de Inteligência Artificial, está intimamente ligada aos dados. Ou seja, é preciso ter conhecimento sobre as seguintes condições:

  • Período e forma de coleta
  • Modo de armazenagem
  • Responsabilidade pelas informações
  • Critérios de atualização dos dados
  • Formas de manter a curadoria para garantir que os dados correspondam à realidade
  • E outros cuidados que se tornarão mais claros seguindo a curva de adoção responsável

Esses itens são fundamentais, pois dados e a informação disponibilizada por eles são os combustíveis dessas soluções. Juntos, alimentam e oferecem as propriedades e características, as quais também devem obedecer ao processo de governança. “É uma área do conhecimento bem específica dentro do Einstein. Ela é gerida pela equipe da Diretora de Dados e Agilidade, Andrea Suman, que tem, entre outras atribuições, a incumbência de agregar as melhores práticas de governança de dados aos serviços da Instituição”, explica o especialista.

As pessoas que desenvolvem soluções de Inteligência Artificial ou que operam os dados respondem a uma estrutura semelhante para orquestrar as ações e garantir o legado de soluções avançadas: a Governança Analítica. “Cuidar da velocidade das informações é essencial para a melhor aplicação dessas ferramentas”, afirma.

Desafio das novas tecnologias

Em relação à segurança e privacidade, o ecossistema de dados em saúde é desafiador. “Não é um tema finalizado e resolvido. Ao contrário, continua sendo delicado, independentemente do tipo de solução”. De acordo como o Médico, o ChatGPT, por exemplo, acrescenta mais um componente de complexidade a esses dois itens, à medida que essas ferramentas são capazes de absorver um contexto maior da informação.

Por isso, os objetivos mais valiosos estão em: garantir o direito legal ao anonimato e proteger os interesses particulares do paciente – assim, o uso de dados é possível apenas após, é claro, o consentimento para a sua utilização e conforme a legislação vigente. “Quanto mais profundidade obtida por essas ferramentas sobre cenários mais abrangentes, maior terá de ser o cuidado para gerenciar a base de dados. Softwares são parte dessas soluções, mas também é preciso investir na capacitação das pessoas e estabelecer processos seguros”, alerta o Dr. Edson.

Para o Médico, um dos desafios atuais para os profissionais da saúde é aprender constantemente. Não se envolver em processos de conhecimento sobre as novidades do mundo da Inteligência Artificial significa ignorar uma parte da realidade. “Especialmente no nosso setor, que é tão carente de soluções capazes de reduzir a iniquidade”, finaliza.

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