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Seleção para graduação de Medicina avalia características socioemocionais

​O curso do Einstein foi o primeiro a inovar no processo seletivo, incorporando tendência já consolidada em países da América do Norte.

Tendência há tempos em outros países, a aplicação de instrumentos para a avaliação de capacidades socioemocionais na seleção de alunos para a Graduação em Medicina já é realidade também no Brasil. Além de conhecimentos teóricos, esses processos têm priorizado recrutar alunos com outras competências importantes para o bom desempenho no curso de Medicina.

Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein foi a primeira do País a incluir entrevistas em seu processo de seleção para o curso de Medicina. “Os vestibulares normais acabam avaliando o que os candidatos aprenderam na escola, mas nós queríamos avaliar também a presença de capacidades socioemocionais que influenciam na atuação médica”, explica o coordenador acadêmico do curso de Medicina do Einstein, Dr. Durval Anibal Daniel Filho.

Algumas dessas capacidades, que, segundo a literatura médica, os alunos que cursam Medicina deveriam possuir e desenvolver são:

  • • Ética;
  • • Comunicação efetiva;
  • • Empatia;
  • • Responsabilidade com o próprio aprendizado;
  • • Resiliência;
  • • Tomada de decisão;
  • • Pensamento crítico;
  • • Liderança;
  • • Resposta adequada às situações de estresse.

Desde 2015, quando o curso de Medicina foi criado pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, os candidatos são avaliados em duas fases. Na primeira, fazem uma prova objetiva com 50 questões de múltipla escolha, seis questões analítico-dissertativas e uma redação. Na segunda, passam por oito pequenas entrevistas estruturadas – processo conhecido por múltiplas minientrevistas (MMEs) –, quando tais capacidades são avaliadas. “Ao expormos cada candidato a oito entrevistas com avaliadores e cenários diferentes, damos oportunidade para que ele demonstre suas capacidades e reduzimos os vieses comuns nas entrevistas convencionais”, conta Dr. Durval Daniel Filho.

No vestibular do Einstein, a primeira fase (prova objetiva) corresponde a 75% da nota final e as entrevistas (segunda fase), 25%. No entanto, em um processo tão competitivo, os primeiros colocados chegam virtualmente empatados para a segunda fase. Como as múltiplas minientrevistas avaliam outras capacidades, o resultado da entrevista influi diretamente na classificação final dos candidatos. “Alguns alunos chegam a mudar até 200 posições na classificação final, após as MMEs”, revela a coordenadora acadêmica da Graduação em Medicina do Einstein, Dra. Elda Maria Stafuzza G. Pires.

Mudanças na formação médica

A inclusão de entrevistas no processo de seleção da Graduação em Medicina do Einstein ocorreu devido às características do curso, que foi concebido com o objetivo de trabalhar nos alunos aspectos relacionados à atitude profissional e, assim, formar médicos com participação responsável no sistema de saúde.

O goiano Vitor Abreu de Góes, de 22 anos de idade, aluno do 5o semestre de Medicina no Einstein, acha que esse formato de seleção ajuda a buscar futuros profissionais com perfil diferenciado. “A medicina exige muito contato humano. Por isso, é essencial ter empatia, responsabilidade social, ética, capacidade de se comunicar de forma efetiva, entre outras caraterísticas que foram muito exploradas durante as entrevistas”, conta.

Essas competências serão desenvolvidas ao longo do curso, mas como os princípios delas são intrínsecos às pessoas, os avaliadores das MMEs buscam identificar alguns sinais durante as entrevistas​.

Além de inovar no processo seletivo, a Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein tem explora​do em seu curso de Medicina metodologias ativas de ensino. O aluno é o centro do processo de aprendizado e assume mais responsabilidades. “Existem estudos que mostram que, quando os alunos são passivos, eles retêm apenas 20% do conteúdo apresentado nas aulas, enquanto que quando é utilizada metodologia ativa a retenção pode chegar a 70%”, enfatiza Dra. Elda Pires.

Segundo Dr. Durval Daniel, a metodologia ativa tem sido mais utilizada em escolas médicas e nas demais áreas da saúde. “Antes das aulas, nossos alunos recebem o conteúdo a ser abordado através de textos, vídeos e se preparam em casa. Na sala de aula, discutem casos que visam à aplicação prática do conhecimento”, comenta. “O aluno atual não se satisfaz em ficar esperando o professor passar o conteúdo em sala para aprender, este modelo não funciona mais”, acrescenta Dr. Daniel Filho.

Como são as entrevistas Einstein?

Da primeira para a segunda fase do vestibular de Medicina do Einstein, quando ocorrem as múltiplas minientrevistas, passam 512 candidatos. Todos eles são entrevistados no mesmo dia, conforme data definida pela organização.

Cada uma das entrevistas ocorre após um preparo prévio de aproximadamente dois minutos. Por meio de vídeos, charges, reportagens ou breves explicações, os candidatos são apresentados ao tema que terão que debater com o avaliador ou interagir com um ator por tempo determinado.

Durante as entrevistas ou interações, avaliadores especializados analisam as habilidades socioemocionais dos concorrentes.

Saiba mais sobre o processo seletivo para a Graduação em Medicina no Einstein.

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