O papel do profissional da saúde na conscientização sobre o uso de fármacos
Orientar as pessoas sobre os riscos da automedicação e suas consequências, ressaltando a importância da prescrição médica, pode salvar vidas
Apesar de ser uma prática perigosa, como aponta o Ministério da Saúde, a automedicação é um comportamento corriqueiro no Brasil. De acordo com levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2021, 77% dos brasileiros afirmaram que se automedicavam.
Segundo a Farmacêutica e Gerente de Suprimentos de Farmácia do Hospital Israelita Albert Einstein, Silvana Almeida, profissionais da saúde frequentemente preocupam-se com os problemas que medicamentos utilizados sem prescrição médica podem causar. Entre eles estão:
- Alergia, intoxicação, reações adversas, interações medicamentosas;
- Mascaramento de sintomas de doenças graves;
- Agravamento do quadro clínico.
O uso indiscriminado de antibióticos, por exemplo, alerta a Organização Mundial da Saúde, pode levar ao aumento da resistência bacteriana, tornando o tratamento de doenças mais difícil e oneroso. Por isso, Médicos, Enfermeiros, Farmacêuticos e outros atores desempenham papéis fundamentais como especialistas e incentivadores da boa prática dos pacientes de primeiro procurar avaliação adequada para ter a prescrição correta do medicamento.
Esses profissionais estão inseridos nesse processo educando, orientando e promovendo a conscientização sobre os perigos da automedicação. Quanto mais preparados estiverem, mais poderão ajudar em casos de intoxicação ou outras complicações causadas por tal prática. O conhecimento especializado em medicação colabora para:
- Identificar as causas da automedicação;
- Prescrever de forma consciente;
- Estar disponível e preparado para orientações;
- Trabalhar em equipe, envolvendo profissionais de diferentes áreas da saúde na avaliação e acompanhamento dos pacientes, para garantir a segurança e eficácia do tratamento.
Conforme Silvana, o que diferencia cada fármaco de substâncias químicas maléficas à saúde é a posologia. “Todo medicamento possui indicações e propósitos específicos. Portanto, se mal utilizado pode ser bastante nocivo à saúde”, afirma. Essa é uma premissa básica sobre a automedicação.
O valor da prescrição médica
A principal ferramenta de trabalho do Farmacêutico em um hospital é a prescrição médica. Ela direciona todas as atividades relacionadas à distribuição e à administração de determinada medicação. “A partir do momento em que se tem os perfis dos pacientes atendidos naquele hospital, organiza-se a lista de medicamentos que serão padronizados, os quais serão prescritos pelos Médicos, seguindo o tratamento traçado por eles”, diz Silvana.
Elencar as principais classes de fármacos, prescrever e administrar corretamente o medicamento indicado para determinada condição clínica de uma pessoa demandam uma boa comunicação entre os profissionais da saúde. “O Farmacêutico Clínico é um profissional que tem plenas condições de avaliar e compartilhar informações com médicos e equipe multiprofissional para determinarem em conjunto a melhor conduta de tratamento. Quanto mais profissionais especializados em fármacos, melhor para o paciente”, explica.
A equipe ainda pode discutir os mecanismos gerais de ação dos fármacos usados; sugerir abordagens não farmacológicas, se for o caso; apontar a aplicabilidade de cada modalidade terapêutica no tratamento em questão, além de implementar e monitorar a terapia medicamentosa ao paciente, com vistas à efetividade do tratamento.
Além disso, também é preciso estar preparado para casos urgentes de pacientes que já chegam com algum grau de complicação nas unidades de saúde. A farmácia deve possuir uma lista de fármacos considerados antídotos de pronto uso para situações como intoxicações, reações alérgicas importantes e interações medicamentosas, que exigem ações rápidas. “Por isso, os profissionais da saúde precisam ter profundo conhecimento sobre as indicações das drogas e seus efeitos”, alerta a Gerente.