Eu sou Einstein

Prática de estudos adquirida em Engenharia ajuda jovem no curso de Medicina

Sergio Ide Hashiba conta que sua primeira graduação o ensinou a fazer um plano de estudos e a trabalhar em equipe.

Exercer a profissão dos sonhos, expandir conhecimento ou aumentar a remuneração são alguns dos principais objetivos das pessoas que fazem uma segunda graduação. Mas, diferentemente do que se possa imaginar, nem sempre há uma correlação direta entre as duas formações escolhidas.

Natural de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Sergio Ide Hashiba, de 32 anos de idade, está em sua segunda graduação. Depois de concluir o curso de Engenharia Mecânica, ele trocou as ciências exatas pelas biológicas e agora cursa Medicina na Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein.

Filho de médico, Sergio conta que até a adolescência pensava em fazer Medicina, mas acabou desistindo quando percebeu que a rotina do pai, radiologista na cidade de Matão, começava por volta das 6h e seguia até quase 20h. “Eu queria uma vida de funcionário normal e vi que meu pai não tinha isso”, diz.

Sergio escolheu então cursar Engenharia, pois sua irmã já era engenheira e ele se dava bem com as ciências exatas. Em 2005, o jovem foi aprovado em Engenharia Mecânica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), mas conta que só começou a gostar do curso quando passou a fazer parte de um projeto competitivo de construção automotiva entre alunos universitários. “A faculdade de Engenharia demora muito para ensinar a prática da profissão”, lamenta.

Sem muita empolgação com a Engenharia, Sergio acabou indo trabalhar no mercado financeiro. Em 2016, porém, com a crise econômica, foi demitido. O jovem conta que ficou confuso sobre qual caminho seguir, mas, após conselho do pai, decidiu que tinha chegado a hora de se planejar para ser médico. De acordo com o Censo do IBGE (dados de 2010), alunos como Sergio, que cursam uma segunda graduação, representam 10,8% do total de estudantes de ensino superior no país.

​Outro motivo que levou Sergio a seguir em busca da Graduação em Medicina foi a longevidade da profissão. “Tenho um tio-avô médico com mais ou menos 75 anos que continua bem atuante. Na Engenharia, as grandes empresas praticamente te obrigam a se aposentar com 65 anos”, compara.

A escolha da faculdade

Durante o cursinho pré-vestibular em São Paulo, Sergio ficou conhecendo mais detalhes sobre o curso de Graduação em Medicina do Einstein. “Apesar de a minha vontade inicial ser entrar em uma faculdade pública, a grade curricular, a qualidade dos professores e a proposta em ensinar a fazer medicina humanizada me convenceram a colocar o Einstein como prioridade”, revela.

Com disciplina oriental herdada de seus bisavós japoneses, e prática de planejamento de estudos adquirida em sua primeira graduação, ele foi aprovado em 2017 pelo processo seletivo do Albert Einstein. “Desde o cursinho até hoje, tenho buscado dividir diariamente os assuntos a serem estudados, não deixando acumular muito conteúdo”, explica.

A primeira graduação de Sergio o ajudou também a trabalhar melhor de forma coletiva – atividade frequente no Albert Einstein. “Como fazia muitos trabalhos em grupo na Engenharia, creio que hoje sei reconhecer bem os valores de cada pessoa, qual a hora mais certa de cobrar ou incentivar um colega”, comenta.

​Atualmente no segundo semestre de Medicina, o plano profissional de Sergio é finalizar o curso e se especializar em Radiologia. Embora essa seja uma área de estudos também da Engenharia – voltada ao rastreamento de defeitos em construções –, o estudante afirma que seguirá no setor da saúde para dar continuidade aos projetos iniciados pelo pai. “Estou finalmente me sentindo realizado. Nesse semestre, eu já começo a fazer visitas em hospitais”, vibra.

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