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Projeto de Educação em Saúde da População já tem os primeiros resultados

​Pouco antes dos tempos de pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, o módulo Higiene trabalhou com crianças a forma adequada de lavar as mãos.

O “Projeto de Educação em Saúde da População” do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, que foi divulgado em nosso site anteriormente, já colhe seus primeiros frutos, a partir de um intenso trabalho com cinco escolas no município de Itapevi, na grande São Paulo. Somente no quesito ‘lavagem de mãos com sabonete’, o hábito cresceu entre as crianças de 57,87% para 85,78%, nos meses de agosto a dezembro do ano passado. No item escovação de dentes três vezes ao dia, o percentual subiu de 2,18% para 46,56%, no mesmo período.

O Projeto foi estruturado com o potencial de repercutir positivamente na sociedade brasileira comportamentos importantes focados na saúde. Isso porque, desde a sua idealização, o objetivo era o de fornecer metodologias e recursos pedagógicos para que professores da rede pública trabalhassem com seus alunos hábitos fundamentais para o cuidado individual e com o outro também.

Para isso, foram criados cinco módulos de atuação: Higiene, Alimentação, Atividades Físicas, Saúde Mental, Projeto de Vida em Saúde e Cidadania em Saúde. Eles serão aplicados para crianças de seis a 11 anos, abarcando os alunos do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental, em três anos. Cada bloco desses contém 20 planos de aula estruturados para apoiar as diferentes disciplinas, como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e outras.

Isso é possível porque os planos de aula foram desenhados utilizando as competências da Base Nacional Comum Curricular e trabalharam os temas de saúde de forma transversal ao currículo pedagógico. Com isso, os professores conseguem inserir atividades relacionadas a cada módulo em suas aulas, durante uma hora, uma vez por semana, para toda a classe.

Dessa forma, conforme a psicóloga e coordenadora do projeto, Soraya Souza Cruz, não houve perda de conteúdo. “Ao contrário, foi constatada uma expansão no trabalho com as habilidades de entendimento e retenção do conhecimento entre alunos e professores, com vistas a criar uma cultura voltada à saúde”.

Para fazer parte dessa iniciativa, passar a ter essa formação profissional e contribuir com diversos alunos nessa faixa etária, basta o professor acessar gratuitamente a plataforma moodle.einstein.br e realizar um cadastro que autorizará o download de todos os materiais associados a suas disciplinas, conforme explica a coordenadora do Projeto. O educador deverá indicar “Educação em Saúde da População” no campo “área de negócio”.

Nesse endereço eletrônico, além dos planos de aula para o desenvolvimento das atividades com as crianças de forma lúdica e divertida, o professor encontrará espaço para debates e consultoria com a equipe organizadora do Projeto sobre cada um dos temas abordados.

Itapevi

No momento inicial o Projeto foi implantado em agosto de 2019, como fase piloto, na cidade de Itapevi, município na região metropolitana de São Paulo. Nesse período foram envolvidos 30 educadores de cinco escolas, os quais estão trabalhando as abordagens transversais de higiene e alimentação com 888 alunos, de seis e sete anos, do primeiro ano.

Com a primeira expansão em 2020, ele está abarcando o primeiro e segundo anos do Ensino fundamental, com 54 professoras e 1.366 crianças. Em decorrência da pandemia ocorrida devido a novo coronavírus, o Projeto está apoiando a secretaria com as atividades de prevenção de contágio.

De acordo com Soraya Souza, sua equipe está acompanhando cada etapa do ensino-aprendizagem de maneira a propiciar a criação de uma mentalidade voltada de fato para a educação em saúde, propriamente dita. “É um trabalho que precisa ficar bem solidificado, de forma a promover a prática de hábitos saudáveis capazes de permanecerem durante toda a vida. E é nessa idade que a criança internaliza valores e comportamentos que carrega ao longo de sua vida.

Para acompanhar a eficiência do conteúdo, a equipe da psicóloga realizou uma pesquisa, envolvendo 665 alunos que participam dessa ação, os quais responderam um questionário com foco em avaliar as mudanças em suas rotinas após a aplicação da metodologia em sala de aula.

As questões foram aplicadas em agosto de 2019 e em dezembro do mesmo ano, para mensurar os comportamentos antes e depois das aulas do primeiro módulo chamado higiene. Com base nas respostas das crianças e observado na rotina da escola, o costume de lavar as mãos antes do almoço cresceu de 55,75% para 81,06%, desde a implantação do Projeto.

Os alunos também evoluíram no que diz respeito à lavagem das mãos após o uso do banheiro de 61,27% para 83,09%. No quesito “apertar a válvula da descarga” também há de se comemorar, pois os pequenos aprimoraram esse comportamento em mais de 10 pontos percentuais.

Em tempos preocupantes de pandemia do novo coronavírus, o levantamento também alcançou êxito no que diz respeito ao fato de as crianças passarem a lavar suas mãos com sabonete elevando a taxa de 57,87%, em agosto de 2019, para 85,78%, em dezembro do mesmo ano.

Segundo a coordenadora, não resta dúvida de que o módulo que trata do tema higiene das mãos ajuda a criança a assimilar de modo efetivo a importância de manter as mãos bem limpas em diversas circunstâncias do dia a dia.

Assim, todo o conteúdo desse primeiro contexto e o engajamento dos educadores transformaram o comportamento dessas crianças não apenas contribuindo para a prevenção e combate a esse vírus, como também a doenças contagiosas como tuberculose e gripe Influenza A/H1N1, entre outras.

Outro dado importante da pesquisa está associado à saúde bucal. Considerada a maior mudança, em termos percentuais, no comportamento dos alunos que fizeram parte da amostragem, a escovação dental realizada três vezes por dia apenas era uma prática para 2,18% dos alunos. Após os cinco meses da implantação do Projeto, esse número aumentou para 46,56%. “Provavelmente a consequência dessa atitude os deixou com menos dor de dente”, enfatiza Soraya Sousa, referindo-se à diminuição de 46,71% para 29,71% dessa queixa.  Veja tabela abaixo:

Diário de Bordo

O Projeto também contribui, indiretamente, à alfabetização, visando somar ainda mais resultados positivos para o ambiente dentro e fora da escola, colaborando para a ampliação de horizontes e conhecimento de mundo dos pequenos estudantes.

Trata-se de um caderno em que os alunos desenvolvem a escrita e desenhos, interpretando tudo o que aprenderam naquele dia de abordagem do módulo. Após as aulas, eles podem levar a brochura para casa e mostrar para seus pais e/ou responsáveis toda a construção de seus conhecimentos daquela semana sobre educação em saúde. “É um diário que eles vão arquitetando conforme suas próprias percepções. Eles adoram esse material, que tem sido uma ferramenta de grande apoio para o Projeto”, diz Soraya Souza.

Inclusive, o corpo docente tem notado em reuniões com os pais que os estudantes têm cobrado deles as mesmas posturas aprendidas em classe, a partir da exibição do Diário de Bordo, conforme a psicóloga.

Ao longo do ano letivo, a capacitação dos professores também é monitorada. “A nossa missão é consolidar um material eficiente que vá fazer grande diferença na vida dos educadores e das crianças, de forma a serem replicadas para toda a rede pública de ensino do estado de São Paulo quiçá do país”, diz Soraya, enfatizando a importância do engajamento de cada secretaria de ensino e saúde para o alcance de mais alunos e suas famílias.

Ela afirma que qualquer escola do município de São Paulo com interesse em implantar o Projeto será atendida, a partir das medidas a serem tomadas para a volta às aulas considerando a crise pandêmica. “Estamos aptos a realizar a incubação do primeiro módulo assim que tivermos consolidadas – pelos órgãos competentes – as diretrizes estabelecidas para melhor atuarmos com o Projeto diante da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus. Essa formação visa instrumentalizar educadores interessados em desenvolver o protagonismo infantil em saúde”

A professora da Escola João Guimaraes Rosa, que participa do Projeto, em Itapevi, Eliane da Silva Martins, aprovou a proposta e o conteúdo de leitura destinado aos educadores. “Achei os textos sobre a área da saúde pública, as atividades para os alunos associadas às disciplinas e os relatos dos médicos de ótima qualidade. Aprendi muito também”.

A educadora narra que os alunos adoram cada uma das ações em sala de aula, pois conta com bastante movimentação, interação entre os colegas, muito conhecimento e mudança de hábito, nos formatos de teatro, “brincadeiras” e rodas de conversa. “É tudo bastante lúdico e eles ficam esperando ansiosos pelas atividades, todas as terças-feiras”.

Ela, que é professora há 25 anos nessa instituição, enxerga o envolvimento dos pais no projeto fundamental. “Isso se dá por meio do diário de bordo, pelo qual os pais passaram a acompanhar o desempenho de seus filhos, compreendendo a relevância da aprendizagem em saúde que deve começar desde pequeno”.

Conforme Eliane, que conversa frequentemente com progenitores sobre os temas e comportamento dos alunos no ambiente doméstico, durante as reuniões de pais e mestres, eles mesmos passaram a lavar mais as mãos por influência de seus filhos, além de tomarem a iniciativa de doar sabonetes. Assim, ela pôde incluir suas ações junto a alunos do “prézinho”. “O Projeto aborda vários âmbitos importantes na área da saúde, eu acho que é possível ampliar os trabalhos e atingir os mais novos também”, finaliza.

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