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Setembro, o mês do recomeço e do não ao suicídio

​"É muito importante falar do bem-estar mental, mais do que da própria crise", alerta o psiquiatra e coordenador do Núcleo de Apoio ao Estudante, Dr. Fábio Sato.

Conhecido e divulgado como o mês da primavera – a mais bela e florida estação do ano -, setembro vem ganhando desde 2015 uma outra conotação, ao chamar a atenção para as altas taxas de pessoas tirando as próprias vidas. Tornou-se o mês do reflorescimento, do recomeço e do renascer de um novo estilo de vida e de padrão emocional, delineado por sentimentos de esperança, comportamentos de superação e práticas relacionadas ao bem-estar mental. Setembro Amarelo é a grande campanha mundial de prevenção contra o suicídio, tratado como um grave problema de saúde pública.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos se houver algum tipo de ajuda, tanto voluntária quanto profissional. Os auxílios podem vir de diversas formas, como conversas com amigos, familiares, profissionais de saúde, médicos, instituições voluntárias e outras fontes de encorajamento e colaboração.

Ensino Einstein

No Ensino Einstein, a contribuição aconteceu por meio de rodas de conversa e workshops. As rodas de conversa trouxeram discussões e trocas de informações sobre diversos aspectos do suicídio, enquanto os workshops focaram em temas que possibilitassem o aprimoramento da empatia.

Essa iniciativa é do Núcleo de Apoio ao Estudante (NAE), coordenado pelo psiquiatra Dr. Fábio Sato, com o apoio das psicólogas Ana Cristina Procópio de Oliveira Aguiar e Ruth Beresin.

“Durante todo o ano, nós fazemos trabalhos promovendo o bem-estar mental, mas é a primeira vez que realizamos o Setembro Amarelo”, conta o psiquiatra, que acredita na importância da desmistificação e prevenção do suicídio.

O médico afirma que a melhor maneira de cultivar o bem-estar mental é realizando atividades que proporcionam prazer, satisfação e contentamento. Por isso, as pessoas devem dedicar algum tempo aos seus hobbies, praticar meditação e atividades físicas e aderir a estilos de vida saudáveis e não estressantes. Para ele, as doenças mentais são, muitas vezes, originadas pelo estresse crônico.

Todos esses aspectos foram discutidos durante os eventos, produzindo não somente a troca de diferentes opiniões e conhecimentos sobre o assunto, como também o estímulo para conversas sobre preocupações e inquietações dos participantes.  “É fundamental trazer os problemas para o consciente e ver que eles podem ter soluções”, diz Ana Cristina.

Rodas de conversa

Foram quatro rodas de conversa, realizadas entre 10 e 18 de setembro, reunindo alunos do Ensino Médio integrado ao Técnico em Saúde, Técnico em Enfermagem e das graduações de Medicina e Enfermagem. Conforme Ana Cristina Procópio, os encontros foram bastante produtivos e enriquecedores. “Nós conseguimos sensibilizar os alunos e levar a eles diferentes reflexões”. Entre os temas tratados: o equilíbrio emocional, o exercício do bem-estar mental e as formas de identificar estados destrutivos.

A percepção e a constatação dos sentimentos são fundamentais para compreender os rumos possíveis na vida de cada pessoa. Por isso, os especialistas aconselham os participantes a falarem sobre o suicídio. “Os adolescentes foram orientados a conversarem com seus pais e os adultos a compartilharem seus pensamentos com familiares e amigos de confiança”, esclarece a psicóloga.

Workshops

Já os workshops ocorreram nos dias 11, 19 e 26 de setembro, recebendo estudantes da Graduação em Enfermagem, com abordagens sobre a saúde emocional e a habilidade socioemocional, focadas na prática da empatia. Isso porque a capacidade de colocar-se no lugar do outro – e tentar compreender seus sentimentos e emoções – auxilia o entendimento sobre as motivações de uma pessoa que pensa e/ou tenta suicidar-se.

A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras e está intrinsecamente relacionada ao altruísmo. “Quando um indivíduo consegue sentir a dor ou o sofrimento do outro, a vontade de ajudar é despertada, agindo de acordo com princípios morais”, lembra Ana Cristina.

Núcleo de Apoio ao Estudante (NAE)

O NAE existe há um ano e meio, com o propósito de promover atividades voltadas aos alunos e docentes do Einstein, visando o bem-estar mental. Por meio de oficinas e rodas de conversa, as quais esclarecem sobre os fatores que contribuem para o estresse crônico, seu objetivo é prevenir o adoecimento mental.

Essas ações estimulam reflexões sobre estilo de vida, padrão de pensamento e formas de ver o mundo, envolvendo os cursos de Ensino Médio integrado ao Técnico em Saúde, Técnico em

Enfermagem e das graduações de Medicina e Enfermagem, além de seus respectivos docentes. Dessa forma, o NAE promove um ambiente de ensino positivo e terapêutico, visando também promover a qualidade de vida dos futuros profissionais.

Entendendo o suicídio​O suicídio é um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Porém, ele pode ser prevenido. Saber reconhecer os sinais de alerta pode ser o primeiro e mais importante passo.

Pedindo ajuda
Pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida podem ser insuportáveis, gerando dúvidas sobre o que fazer. A saída é conversar com alguém de confiança. Além disso, há serviços de suporte e profissionais especializados.

Quando você pede ajuda, você tem o direito de:

• Ser escutado, respeitado e levado a sério;
• Ter o seu sofrimento levado em consideração e ser encorajado a se recuperar;
• Falar em privacidade com as pessoas sobre você mesmo e sua situação.

Fique atento aos mitos e não dê ouvido a eles:

• A pessoa que tem a intenção de tirar a própria vida não avisa;
• O suicídio não pode ser prevenido. Falar sobre suicídio pode estimular sua realização;
• Pessoas que falam sobre suicídio só querem chamar a atenção;
• Quem superou uma crise de suicídio ou sobreviveu a tentativas está fora de perigo;
• O suicídio é hereditário.

Busque ajuda nos serviços de saúde:
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde). Centro de Valorização da Vida (CVV), telefone: 141 (ligação paga) ou www.cvv.org.br para conversas por chat, Skype e por e-mail.

Para emergências:
SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) 192, UPA (Unidade de Pronto Atendimento), Pronto Socorro e Hospitais.
Fonte: Ministério da Saúde

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