Prêmio Júlia Lima incentiva a disseminação de boas práticas na segurança do paciente
Iniciativa reforça a importância de instituições, profissionais da saúde, familiares e pacientes atuarem conjuntamente na prevenção de eventos adversos.
Em fevereiro de 2015, a bailarina Júlia Lima, então com 27 anos, procurou ajuda médica após apresentar dores agudas na região do cóccix. Diagnosticada com Síndrome de Cockett – um tipo de variação anatômica que ocorre quando a veia ilíaca esquerda comprime a artéria ilíaca direita contra a coluna lombar –, a jovem acabou desenvolvendo uma trombose venosa profunda e faleceu dias depois de passar por uma cirurgia.
O desfecho sem sucesso no atendimento de Júlia, no Hospital Israelita Albert Einstein, levou a instituição a criar uma série de ações que visam ampliar a segurança dos pacientes. Entre elas, está o Conselho Júlia Lima – estabelecido pelos pais e irmãos da jovem e constituído por amigos da família e representantes do Einstein, com a finalidade de engajar a sociedade e os profissionais da saúde na causa pela segurança do paciente.
Uma das propostas deste Conselho foi o Prêmio Júlia Lima, criado com o objetivo de reconhecer profissionais e instituições de saúde que desenvolveram e testaram soluções para eliminar ou reduzir situações que ameaçam a segurança do paciente.
O prêmio ocorre a cada dois anos e é aberto a pessoas e instituições da saúde de toda a América Latina. “Queremos disseminar boas práticas para que os danos possam ser cada vez menores aos pacientes”, afirma Claudia Garcia de Barros, Diretora Executiva do Escritório de Excelência Einstein. “Muitas vezes, tanto as instituições quanto os profissionais não têm consciência da quantidade de riscos aos quais estamos expostos diariamente”, acrescenta.
Segundo Claudia, o prêmio visa estimular os profissionais da saúde a identificarem na prática diária as várias situações nas quais os riscos estão presentes, e que muitas vezes podem não ser percebidos. “A segurança depende da adoção de fluxos que precisam ser respeitados, como check-list cirúrgico, higienização correta das mãos, entre outras atitudes importantes que podem evitar danos ao paciente e ao próprio profissional da saúde”, comenta.
Como participar do Prêmio Júlia Lima?
As inscrições para o Prêmio Júlia Lima estão abertas até 30 de junho de 2019 e podem ser feitas pelo site www.einstein.br/premiojulialima. Os trabalhos devem ter tema relacionado à Segurança do Paciente e precisam apresentar dados finais, não sendo aceitos projetos com resultados preliminares.
O trabalho apresentado deverá, necessariamente, estar vinculado a uma instituição de saúde na América Latina e pelo menos um de seus autores deverá ter desenvolvido o projeto nessa instituição.
A premiação acontecerá durante o 5o Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança em Saúde, organizado pelo Einstein e pelo IHI entre os dias 13 e 16 de outubro deste ano, em São Paulo, e concederá aos vencedores:
· 1o lugar – Duas vagas para o curso de Especialista em Melhoria em Segurança do Paciente, realizado pelo IHI.
· 2o lugar – Duas vagas para inscrição no Fórum de Qualidade e Segurança do IHI, que acontecerá em Orlando, nos Estados Unidos, em dezembro de 2019.
· 3o lugar – Duas vagas para inscrição no Fórum de Qualidade e Segurança do Einstein, realizado em parceria com o IHI, que acontecerá na América Latina, em 2020.
Transparência nas ações leva à maior segurança
Na opinião da Diretora Executiva do Escritório de Excelência Einstein, o Prêmio Júlia Lima é também um incentivo à adoção de ações mais transparentes que contribuam para a busca pela excelência no cuidado ao paciente.
“Se uma organização não fala abertamente sobre os exemplos indesejáveis que podem ocorrer, ela não desperta os profissionais para a questão dos perigos que permeiam nossa prática, pois qualquer ambiente pode oferecer riscos, inclusive nossa casa”, comenta Claudia.
Nesse sentido, o Prêmio Júlia Lima é, segundo a especialista, um estímulo para aqueles que já internalizaram o conceito de segurança do paciente e que querem propor, compartilhar e discutir soluções. “O Einstein está engajado na transformação da saúde para que as organizações, no futuro, sejam de alta confiabilidade. Se um hospital não notifica a ocorrência de um problema, o que pode abrir uma possibilidade para discussões e propostas de melhorias, isso mostra que a instituição está negligenciando um evento adverso”, comenta.
Experiência do paciente
Além das instituições e dos profissionais da saúde, a segurança do paciente também deve contar com sua colaboração e com a de seus familiares e amigos.
Segundo Claudia, nenhum sistema de saúde no mundo alcança resultados se não engajar a família e o paciente. “No nosso dia a dia, procuramos conscientizar o paciente e seus familiares para que se sintam responsáveis também por tornar o ambiente mais seguro”, comenta. “Sabemos que o bem-estar do paciente faz parte de uma corrente em que todos precisam estar engajados”, enfatiza.
Para que esse engajamento ocorra, no entanto, é imprescindível a atuação do profissional de saúde, que precisa estar preparado para essa nova realidade. Por isso, diversas instituições passaram a oferecer cursos de especialização focados em qualidade e segurança do paciente.
O Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) oferece, entre seus cursos, a Pós-graduação a distância em Experiência do Paciente. O objetivo principal dessa formação é proporcionar aos profissionais da saúde a oportunidade de conhecer todos os aspectos que promovem um atendimento de excelência relativo à jornada do paciente dentro de hospitais, clínicas e demais centros de saúde.
“Antes, as instituições eram focadas em si, e os profissionais de saúde não eram preparados nas faculdades para desenvolver um olhar atento ao tema “segurança”, mas agora sabemos que esse tipo de preparação é fundamental”, avalia Claudia.