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A interação com a tecnologia e a nova realidade dos profissionais da Enfermagem

Teleatendimento, teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria fazem cada vez mais parte do dia a dia da Enfermagem no atendimento e no cuidado dos pacientes

As perspectivas da Enfermagem sempre foram promissoras no mercado. Com o avanço da tecnologia, o escopo de profissões da área expandiu com novas opções de trabalho e setores de atuação. O novo cenário destaca outras dimensões de carreiras, incluindo gestão, liderança e pesquisa científica.

Esses são alguns dos temas a serem tratados na Semana da Enfermagem de 2023. A abertura acontece hoje, 12 de maio, em comemoração ao Dia Internacional da Enfermagem e do Enfermeiro – aniversário de nascimento da fundadora da Enfermagem moderna, Florence Nightingale – e se estende até o dia 20 deste mês, em que se celebra o Dia do Técnico e do Auxiliar de Enfermagem, data que marca a morte da Enfermeira pioneira do Brasil, Ana Neri.

A Semana da Enfermagem é uma ação anual promovida pelo Einstein para honrar e destacar a importância desses profissionais no sistema de saúde. O lema deste ano “Somos muitos, somos fortes, somos Enfermagem” tem a finalidade de fortalecer a união da categoria. Esses profissionais contribuem diariamente com o gerenciamento e o cuidado de pacientes com variados níveis de enfermidades.

Por isso, é fundamental que a Enfermagem continue se mantendo na liderança da prevenção de doenças e na promoção do bem-estar. “Dentro do sistema, dados internacionais revelam que a categoria representa 60% dos profissionais da saúde”, informa a Enfermeira e Coordenadora da Graduação em Enfermagem da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, Mariana Cunha.

Para ela, o setor tem uma grande responsabilidade tanto do ponto de vista assistencial – muito evidenciado recentemente pela pandemia – quanto de gestão, incluindo a sustentabilidade social e ambiental, além da preocupação com a diversidade, equidade e inclusão. “O Enfermeiro também tem possibilidade de atuar muito perto desses temas, inclusive fazendo parte da revolução tecnológica que estamos vivendo”, evidencia.

Saúde digital

Mariana acredita que a área tem muito a ganhar com a Inteligência Artificial e outros progressos tecnológicos, por exemplo. “É essencial investir na capacitação dos profissionais da Enfermagem para que possam utilizar todos esses recursos digitais, ampliando seus conhecimentos e fortificando suas carreiras”, afirma.

Entre as ferramentas e metodologias disponíveis para a capacitação de profissionais da Enfermagem estão os centros de simulação realística, multiverso, gamificação e equipamentos baseados na Inteligência Artificial. Juntos, fomentam com mais rapidez e segurança as tomadas de decisão focadas na qualidade de atendimento, humanização e segurança ao paciente.

Um dos exemplos mais marcantes para ela nesse sentido é a Telenfermagem. Em decisão recente, o Conselho Federal de Enfermagem de São Paulo (COFEN) regularizou a atuação do Enfermeiro nessa modalidade de atendimento. Porém, já há algum tempo ela tem percebido uma mobilização sobretudo das instituições de saúde de referência para viabilizar discussões, trocas de experiências, estudos e treinamentos a seus profissionais sobre a tecnologia.

Na Enfermagem, o atendimento remoto opera por meio de um software intuitivo e seguro, que oferece recursos como vídeo, áudio e prontuário digital. Dessa forma, cria a conexão desejada com seus pacientes, incluindo outros colegas da saúde, se necessário. A intenção é integrar de forma segura as informações dos pacientes e agilizar os processos assistenciais.

Enfermeiros podem usar as tecnologias da informação e comunicação para desempenhar atividades como:

  • Teleconsulta: atendimento on-line ao vivo;
  • Telediagnóstico: realização de exames e envio dos registros a Médicos, especialistas e equipe multiprofissional, os quais estão previstos para realizar as devidas interpretações;
  • Teletriagem: pré-avaliação e encaminhamento do paciente ao atendimento adequado;
  • Telemonitoramento: acompanhamento a distância de pacientes com doenças crônicas, em home care e outros cuidados;
  • Assistência na administração dos medicamentos e na realização de curativos.

Conforme a Agência Brasil, a Telemedicina, em 2022, foi utilizada por 33% dos Médicos e 26% dos Enfermeiros em todo o país no atendimento a pacientes. O levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), que se baseia na pesquisa TIC Saúde, apresentou um crescimento do uso de tecnologias por profissionais do setor, comparado ao período anterior à pandemia.

De acordo com o estudo, os registros eletrônicos englobando a Enfermagem cresceram de 52% em 2019 para 85% no ano passado. O histórico e as anotações clínicas de pacientes no formato digital que marcavam os 62% chegaram a 85%; e as imagens e exames radiológicos, de 42% para 65%. O monitoramento remoto de pessoas atendidas foi realizado, em 2019, por 16% dos Enfermeiros, apontando o índice de 29%, em 2022.

Colaborando com a evolução tecnológica, o Einstein possui uma central de monitoramento que avalia com rapidez o fluxo de pacientes em estados leve, moderado ou grave de saúde. “Quem controla e está à frente de projetos como esses são Enfermeiros da Instituição. Eles atuam na inovação e criação de dispositivos com o objetivo de contribuir com melhorias para a saúde de indivíduos”, diz Mariana.

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Ensino-aprendizagem na Enfermagem

Diante desse contexto, Mariana chama a atenção para a importância de formar profissionais da Enfermagem considerando essa realidade. “As disciplinas do momento incluem todas as tecnologias disponíveis nos níveis práticos e teóricos, utilizando todos os recursos de simulação, metodologias e a relação ensino-aprendizagem do mercado”. Assim, afirma a coordenadora, adquirem competências para usar as ferramentas atuais. “Quanto mais precocemente forem introduzidos os novos recursos, mais aptos estarão a contribuir com o sistema de saúde brasileiro”, diz Mariana.

Mas ela lembra que, para atuar na Enfermagem, é preciso mais do que o conhecimento teórico e técnico: é necessário ter amor pela profissão e pelo cuidado com o paciente. “O que mais me fascina é a possibilidade de interação com as pessoas. O cuidar é uma atividade relacional encantadora, capaz de mudar a condição de saúde dos indivíduos e de suas famílias em todas as fases da vida, desde os momentos de maior vulnerabilidade até os de plena alegria”, emociona-se.

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