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Setembro Amarelo: Lembrar-se do autocuidado em tempos de pandemia é preservar a saúde mental

No sétimo mês de pandemia, cuidar de si mesmo, seguindo as regras de biossegurança, é fundamental e traz muitos benefícios​#160;.

A pandemia ocasionada pelo novo coronavírus trouxe muitas mudanças de comportamento até então nunca vividas por gerações depois de 1920, quando foram registrados os últimos casos, nos Estados Unidos, de contaminação pela gripe espanhola. Além de novos hábitos e do isolamento social, sentimentos como o medo de ficar doente e a preocupação com familiares, amigos e pessoas conhecidas podem causar estresse, ansiedade e depressão, entre outros distúrbios emocionais.

Com isso, a atenção ao equilíbrio mental vem ocupando grande espaço no dia a dia das pessoas. Aproveitando o Setembro Amarelo, que também se dedica à saúde emocional, a Psicóloga Ana Cristina Procópio de Oliveira Aguiar, Coordenadora de Pós-Graduação do Ensino Einstein e Especialista em Prevenção e Promoção da Saúde, aconselha a prática do autocuidado como sendo uma das melhores alternativas nesse estágio de pandemia.

Para ela, o cenário englobando cerca de sete meses de mudanças de hábito e alterações emocionais devido às incertezas ainda presentes exige uma atenção individual que não deve ser deixada de lado. “Temos de continuar atentos conosco e com as outras pessoas tanto em relação à saúde física quanto mental”, enfatiza.

A Psicóloga conta que ainda nesse momento é possível perceber sintomas como modificação do apetite e do sono, medo, ansiedade, agitação, nervosismo, irritação, isolamento, desequilíbrio emocional e preocupação exacerbada sendo relatados em seus atendimentos rotineiros. “O medo é o principal. Quando esse sentimento nos coloca em alerta é positivo. Mas, quando percebemos que este sentimento está nos paralisando, é importante procurar ajuda”, orienta.

Conforme ela, uma maneira de controlar o medo intensificado é promover ambientes e atitudes que ajudem a minimizar os riscos, baseados nas recomendações das instituições oficiais de saúde nacionais e internacionais. Dessa forma, o autocuidado é uma prática que deve ser cultivada e compartilhada com as demais pessoas. Ela traz segurança e consequentemente bem-estar para todos os envolvidos. “Sempre que contribuímos com o outro estamos colaborando conosco”.

Outra recomendação da profissional é entender que ainda o estilo de vida praticado por cada pessoa antes da pandemia não voltou ao normal. Por isso, é importante continuar fazendo resgates sobre comportamentos, situações, vínculos socioafetivos, entretenimentos e costumes que se fazia antes, os adaptando à realidade de um clima pandêmico.

​Nesse sentido, a Psicóloga indica revisitar antigos hábitos ou adotar novos, entre eles reservar um tempo para ler, cozinhar, conversar com os amigos, “rever” entes queridos, estabelecendo uma rotina dentro dessas atividades, ou seja, fazer o que gosta. “Mas tudo dentro das regras de biossegurança e com a utilização de plataformas digitais, que ajudam tanto na manutenção de atividades prazerosas quanto na promoção do autocuidado. É um tempo de ressignificação tanto de questões comportamentais com sócio-afetivas.”

O importante é não deixar de fazer atividades que tragam bem-estar e paz interior. “Se os sentimentos de medo e descontrole forem latentes, o melhor é procurar ajuda de familiares, de amigos ou de um profissional em saúde mental. Eles não devem ser ignorados ou julgados desimportantes”, completa o Psiquiatra e Coordenador do NAE, Dr. Fábio Pinato Sato.

Somado a tudo isso, segundo ela, o corpo e a mente se adaptam melhor aos desafios quando a alimentação saudável, o sono regular e os músculos ativos são mantidos. Por isso, é fundamental também a prática de exercícios físicos, algo que pode adaptado para ser feito dentro de casa mesmo, caso a pessoa não se sinta segura de voltar ao ambiente onde se exercitava anteriormente, mesmo com as novas medidas de segurança impostas. “O importante é não ficar parado!”, reforça Ana.

Acolhimento

Todos esses conselhos e dicas de autocuidado, entre outros, Ana Cristina tem aplicado durante os meses de agosto e setembro a todos os alunos da Graduação em Enfermagem do Einstein, durante o treinamento para o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) para retomada dos estágios.

Cerca de 150 alunos participaram dessa sensibilização e foram acolhidos na volta às instalações de saúde. “Alguns estavam preocupados, outros felizes por poderem sair de casa e retornarem às atividades”. Então, ela resgatou o clima de pandemia, relembrando cada grupo sobre a necessidade de ainda se manter em alerta sem deixar de retomar a rotina, que deve ser diferente da anterior à pandemia. “Foi muito importante acolher a volta deles e criar um espaço onde puderam ter voz para falar sobre suas diferentes angústias”.

Essa ação coletiva faz parte do Núcleo de Apoio ao Estudante (NAE), uma iniciativa do Ensino Einstein que tem como objetivo a promoção de saúde e o bem-estar dos alunos por meio de diversas ações, e onde Ana também atua como Psicóloga.

Ela também enfatizou durante os encontros o fato de que todos os alunos podem sempre pedir suporte psicológico individual junto ao NAE. Foi o caso de aproximadamente 300 alunos das Graduações em MedicinaEnfermagem e Residência Médica e Multiprofissional que foram atendidos individualmente, no formato online, por ela e pela Psicóloga do Núcleo, Ruth Beresin, no primeiro semestre deste ano.

Além do NAE, o Ensino Einstein, que tem entre suas prioridades a preocupação com seus alunos, lançou em meio à pandemia o OUVID, uma plataforma para atender colaboradores e estudantes. Nela, eles encontram diferentes formatos de apoio emocional e promoção de bem-estar.

Leia mais dicas que podem ajudar a manter o equilíbrio emocional:

1. Seja otimista
Para algumas pessoas continuar a quarentena em casa é um privilégio que, além de garantir segurança, permite desacelerar e dar mais atenção aos familiares.

2. Tenha “os pés no chão”
Não alimente ou deixe ser consumido por hipóteses catastróficas. Foque no presente e no que de fato pode ser feito para a prevenção do contágio pelo novo coronavírus. Informe-se por meio de fontes confiáveis e oficiais, no máximo duas vezes ao dia.

3. Mantenha uma rotina por período
Procure adequar-se a uma rotina, estabelecendo horários fixos para dormir, acordar, alimentar-se, descansar, fazer exercícios físicos e outras atividades.

4. Descanse
Aproveite o tempo livre para descansar o corpo e a mente da forma mais conveniente.

5. Seja gentil
Para a psicologia positiva, a gentileza é um ponto muito importante dentro do bem-estar. Durante a pandemia, várias demonstrações e iniciativas de solidariedade contribuem com pessoas idosas para que não se arrisquem a contrair o coronavírus, por exemplo.​

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