Nash Day: exames de imagem no diagnóstico precoce da Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica
O mês de junho marca a relevância de alertar a sociedade sobre essa doença silenciosa e que aponta para diversos cenários dentro da evolução natural.
Chamado de Nash Day na Europa e nos Estados Unidos, o Dia Internacional de Conscientização sobre a Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA), 12 de junho, foi criado há quatro anos com a finalidade de alertar para a relevância do diagnóstico e prevenção dessa patologia.
Essa enfermidade costuma ser silenciosa por anos. Por isso, em muitos casos o diagnóstico chega tardiamente, podendo evoluir para formas mais graves como fibrose hepática, cirrose e até câncer de fígado, bem como apresentar complicações cardiometabólicas.
Os números preocupam o sistema de saúde nacional, já que a estimativa de estudos científicos internacionais engloba entre 25% e 30% da população mundial com a doença. Especialistas afirmam que essa moléstia está intimamente relacionada com a síndrome metabólica, caracterizada por obesidade e sobrepeso, diabetes tipo 2, acúmulo de gordura visceral, elevação de colesterol, triglicérides e hipertensão arterial (o que justifica a sua associação com complicações cardiometabólicas).
Conforme explica a Hepatologista, Coordenadora do Grupo Médico Assistencial (GMA) de Doenças Hepáticas e integrante da equipe de transplante hepático do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Dra. Bianca Della Guardia, hoje em dia já se sabe que fatores genéticos e ambientais também influenciam no aparecimento da DHGNA e sua evolução para formas graves. “Quanto mais precoce o reconhecimento da patologia e encaminhamento dos casos indicados para o especialista, maiores serão as chances de tratamento e prevenção”.
Há estudos realizados na Europa e nos Estados Unidos comprovando que a cirrose por esteatose hepática deve tornar-se a primeira causa de indicação para transplante de fígado nos próximos anos. Por isso, o Nash Day, desde a sua criação, está associado a uma Campanha de mobilização mundial, objetivando conscientizar os profissionais e instituições de saúde, assim como empoderar o público leigo e pacientes.
Para a Dra. Bianca, a área médica terá de lidar cada vez mais com pessoas com a DHGNA, que têm seu número aumentando ano a ano. “É importante que os profissionais de várias especialidades conheçam a doença para que possam orientar seus pacientes adequadamente, a fim de que eles não busquem tratamento tardiamente. Os alunos da área da saúde também precisam estar atentos desde já, pois futuramente podem se deparar com muitos casos”.
O Médico Radiologista do HIAE, Dr. Marcelo Assis Rocha, concorda com a Dra. Bianca e cita que esses estudos realizados fora do país derivam da preocupação com uma epidemia global. “Estamos falando de uma doença que deverá acometer cerca de um terço da população mundial. Portanto, esse fato deve ser bem relevante para os estudantes, profissionais da saúde e o público leigo também”.
Segundo ele, dessa gama de pessoas apenas uma parcela pequena poderá evoluir mal, se não houver o devido diagnóstico e tratamento. “Logo, precisamos estar cientes dos fatores de risco, acompanhar os estudos epidemiológicos, conhecer bem os métodos avançados de imagem e orientar adequadamente os pacientes”.
Saúde populacional
O Dr. Marcelo enfatiza a preocupação com a saúde populacional e ressalta, entre os métodos não invasivos para a avaliação da DHGNA, a ressonância magnética multiparamétrica hepática (RMmpH).
Para ele, esse método deve ser o mais adotado, uma vez que possui a capacidade de quantificar precisamente o percentual de gordura hepática e estimar o aumento da rigidez do fígado (inclusive nas primeiras fases), podendo indicar inflamação e fibrose, achados que representam sinais de complicação da enfermidade.
Existem métodos alternativos à RMmpH para a avaliação da DHGNA, como por exemplo a ultrassonografia. No entanto, ela apresenta determinadas limitações, especialmente no que diz respeito às formas iniciais da patologia. “Essas outras alternativas oferecem acurácia menor em relevantes subgrupos populacionais sob risco de evolução para complicações da doença, o que prejudica a adequada estratificação do paciente”, esclarece o Dr. Marcelo.
A RMmpH atualmente é realizada em centros diagnósticos mais especializados. “Nesse momento, o método ainda é pouco disponível e limitado a grandes centros, mas é muito importante difundi-lo, porque a sua divulgação e uso mais frequente podem ampliar a disponibilidade geral do método a longo e médio prazos, o que em última análise traz mais benefício ao paciente”.
Dessa forma, a sua maior disponibilidade e mais conhecimento sobre o potencial diagnóstico pela classe médica pode melhorar significativamente o enfrentamento desse relevante e potencial problema de saúde pública. “É uma alternativa não invasiva, de baixo ou nenhum risco e que oferece bons parâmetros para a avaliação clínica”, completa a Dra. Bianca.
Ela acredita que no futuro as investigações avançadas por imagem poderão ocupar mais espaço no cenário da saúde populacional, já que a biópsia – mesmo sendo necessária em certos casos – corresponde a uma alternativa invasiva, com algum risco de complicações.
O Dr. Marcelo diz que, hoje em dia, os pacientes descobrem o excesso de gordura no fígado (acima de 5%) por meio de exames de imagem solicitados pelas mais diversas causas, sobretudo a ultrassonografia. Esse exame, entretanto, detecta excesso de gordura no fígado de maneira qualitativa. “Já a ressonância magnética pode fazer essa avaliação de maneira quantitativa, além de poder avaliar outros marcadores da presença da DHGNA e de suas complicações”.
Conforme os dois especialistas, a prevenção se dá por meio de exercícios físicos e alimentação saudável. Já o tratamento é baseado no controle da síndrome metabólica, atenção ao peso corporal adequado e dieta controlada, além de várias classes de medicamentos que atualmente estão em fases finais de estudos clínicos, devendo estar disponíveis em breve no mercado.
Einstein e a Nash Day no Brasil
O HIAE participa da Campanha relacionada ao Dia Internacional da DHGNA há três edições. No primeiro ano foram promovidos eventos de conscientização na Unidade Morumbi do Hospital, na Clínica Alto de Pinheiros e no Hospital Municipal Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho, administrado pelo Einstein.
Este ano, devido à pandemia ocasionada pelo novo coronavírus – assim como em 2020 – a programação do evento tem sido realizada no formato on-line, disponível gratuitamente nas redes sociais da Instituição.
A primeira transmissão destinada a profissionais da saúde aconteceu em 08 de junho, tendo como Moderadora e Palestrante a Dra. Bianca e como palestrantes a Dra. Patricia Holanda Almeida, Hepatologista do HIAE, e o Dr. Domingos Malerbi, Endocrinologista do Hospital. Eles discorreram sobre o tema “Definição e diagnóstico da doença hepática gordurosa”. A gravação dessa live pode ser conferida aqui.
A segunda poderá ser assistida no dia 15 de junho e irá abordar o “Manejo da doença hepática gordurosa”. Para ser notificado sobre a transmissão, é possível ativar o lembrete do vídeo no Youtube neste link. Mais informações sobre a Campanha Internacional pelo site: www.international-nash-day.com e pela #nashday.
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