Você conhece as novas alternativas para tratamento de dores associadas ao câncer?
O desfecho oncológico é menos favorável para o paciente que tenta suportar a dor. O recomendável é analisar todo o cenário e indicar os medicamentos mais eficazes para cada caso
O câncer é o principal problema de saúde pública no mundo e já está entre as quatro principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos de idade) na maioria dos países. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, estima-se que entre o triênio 2020-2022 ocorrerão 625 mil casos novos da doença. Muito temida, a dor oncológica pode estar presente desde o princípio até o final do tratamento.
No momento do diagnóstico, cerca de 30% dos pacientes vivenciam diferentes intensidades desse desconforto. “Em fases avançadas da doença, esse sintoma é identificado entre 70% a 90% do casos”, explica a Médica Anestesiologista, especializada em dor do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Dra. Karina Subi.
A dor associada ao câncer será pauta do XIII Board Review in Medical Oncology – Ensino Einstein. Conforme a especialista, o monitoramento desse sintoma faz parte de um melhor prognóstico, uma vez que o paciente com tal desconforto controlado tem tendência a não desistir ou interromper por menos vezes o tratamento da doença de base.
O controle da dor também contribui para a melhor performance de tolerância na recuperação de cirurgias e durante e após os procedimentos de quimio e radioterapia. Além disso, pacientes monitorados apresentam uma melhora do sistema imunológico, podendo colaborar favoravelmente em todo o processo da doença.
Outro benefício que o manejo do sintoma pode trazer à pessoa com câncer é a melhora da qualidade de vida, fundamental para proporcionar o bem-estar físico e mental. “Em primeiro lugar, ela precisa internalizar a premissa de que ‘aguentar a dor’ significa causar prejuízo ao prognóstico e, portanto, essa alternativa é inaceitável. É essencial controlar dores e desconfortos”.
Primeira brasileira certificada com o título de Fellow of Interventional Pain Practice (FIPP), um certificado do World Institute of Pain, a Dra. Karina explica que suportar a dor significa menos sucesso no tratamento.
As novas opções de opioides no Brasil
A gestão da dor em pessoas com câncer é uma preocupação mundial. O Brasil, segundo a Dra. Karina, não utiliza todos os opioides disponíveis no mundo para tratamento da dor associada ao câncer. Mas, nos últimos três anos, foram disponibilizadas quatro novas opções da substância no país: tapentadol, buprenorfina transdérmica, associação de oxicodona com naloxona e fentanil transmucoso.
Em geral, a prescrição de opioides demanda cautela e racionalidade, sugerindo análise rigorosa de seus efeitos colaterais associada ao estudo das opções sobre os melhores fármacos a serem indicados de acordo com a realidade do paciente. “É importante conhecer todas as ferramentas dirigidas ao controle da dor provocada por tumores, para que sejam usadas da maneira mais apropriada e de modo a proporcionar qualidade com o mínimo risco”.
A Dra. Karina também gosta de lembrar que para uma investigação satisfatória da dor é essencial considerar os fatores emocionais e psicossociais. “O paciente deve ser observado por inteiro”.
Canabinoides em dor oncológica
Os canabinoides, não apenas o canabidiol, mas também o THC e o CBG (canabigerol) também podem atuar como medicamentos indicados a pessoas com câncer, como por exemplo, nas neuropatias induzidas pela quimioterapia. “Pacientes com dores crônicas ligadas à doença podem se beneficiar do medicamento, conforme evidências já comprovadas”, esclarece o Médico Neurologista do HIAE, Alexandre Kaup.
Estudioso sobre o assunto, ele alerta que o uso de canabinoides para o manejo da dor em pacientes com câncer exige uma atenção especial na interação entre os outros medicamentos utilizados. O especialista chama a atenção para um possível efeito adverso, com diminuição da eficácia do tratamento com imunoterapia quando associada ao canabidiol, levando ao menor controle sobre a doença e, consequentemente, menos tempo de sobrevida.
Por isso o uso de canabinoides para o tratamento da dor em pacientes oncológicos deve ser feito de maneira adequada. “É uma opção, mas deve ser muito bem analisada”. Além de dores associadas ao diagnóstico de neoplasias, pessoas com epilepsia farmacorresistente (que não responderam a pelo menos duas tentativas de tratamento com dois medicamentos diferentes) representam cerca de 30% dos pacientes beneficiados pelo uso do canabidiol.
O Dr. Alexandre Kaup abordará o tema ‘Uso de canabinoides em dor oncológica – Qual o espaço?’, no XIII Board Review in Medical Oncology – Ensino Einstein. Ele também utiliza os canabinoides para o tratamento de dor refratária e em breve recrutará pacientes para participarem de sua pesquisa envolvendo esse medicamento e a enxaqueca. “Outra indicação emergente está no tratamento dos transtornos de ansiedade”, finaliza.
O Ensino Einstein realizará o XIII Board Review in Medical Oncology: Atualização, Discussão e Inovação de de 03 a 06 de agosto. Confira aqui: XIII Board Review in Medical Oncology.