
A campanha Abril Azul tem como objetivo sensibilizar as pessoas e dar mais visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). O mês foi escolhido para essa conscientização porque, em 2 de abril de 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
O diagnóstico precoce e a atuação multidisciplinar são aliados no tratamento do transtorno, que atinge cerca de 2 milhões de brasileiros, ou seja, 1% da população, segundo dados de 2024 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Tratamentos têm foco na autonomia
O Autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento heterogêneo e complexo, que pode ser causado por fatores diversos, como genética, uso de algumas medicações na gestação, nascimento prematuro, doenças gestacionais e idade avançada dos pais.
O TEA gera déficits permanentes na comunicação social, associados à presença de comportamentos restritos e repetitivos, além de alterações no aspecto sensorial. Existem três níveis de classificação, de acordo com o grau de autonomia e gravidade dos sintomas, sendo que o nível 1 é o mais leve.
“Os tratamentos são as intervenções multidisciplinares de diversos profissionais, a exemplo de Psicólogo, Fonoaudiólogo, Terapeuta Ocupacional, Psicomotricista, Educador Físico e Fisioterapeuta”, destaca o Coordenador do Núcleo de Apoio ao Estudante (NAE) da Faculdade Israelita de Ciência da Saúde Albert Einstein e Médico psiquiatra da infância e adolescência, Dr. Fabio Sato.
A busca pela autonomia total é o grande foco das intervenções, que são realizadas por profissionais devidamente especializados nas técnicas cientificamente comprovadas no acompanhamento de crianças e adolescentes com TEA, de acordo com o Dr. Fabio.
“Esse trabalho conjunto é fundamental para promover qualidade de vida e a evolução dentro do espectro”, garante o especialista, que também atua como Coordenador médico do Projeto do Transtorno do Espectro Autista (PROTEA), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Atenção aos sinais
O diagnóstico precoce favorece o início mais rápido das intervenções. “Começar cedo é importante para aproveitar a neuroplasticidade cerebral, a fim de promover a evolução da criança dentro do espectro autista”, reforça Dr. Fabio.
Entre os sinais de alerta para o TEA estão:
- Não responder pelo nome;
- Evitar o olhar;
- Desinteresse por brincadeiras comuns, pelas outras pessoas e por compartilhar experiências;
- Preferir brincadeiras repetitivas;
- Atraso na aquisição da fala;
- Movimentos atípicos, como balanço do corpo ou das mãos;
- Crises de intolerância às frustrações.
“Sempre que houver alguma dúvida no comportamento do filho, é preciso procurar o pediatra, o neuropediatra ou diretamente um psiquiatra da infância e adolescência”, alerta o Dr. Fabio.
Segundo ele, não existe tratamento medicamentoso para o TEA e, portanto, as intervenções visando qualidade de vida e autonomia são o aspecto mais importante desse processo.
“A inclusão está cada vez mais em expansão real, tanto na vida acadêmica como na profissional, o que é muito positivo”, acrescenta.
Por mais inclusão
O TEA ganhou mais visibilidade na mídia nos últimos anos e a inclusão no ambiente escolar e de trabalho, para os adultos, também recebeu maior atenção. O Dr. Fabio acredita que as medidas a seguir contribuíram para isso:
Em 2008, foi instituída a Política Nacional de Educação Especial (Atendimento Educacional Especializado).
Em 2012, a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com o Transtorno do Espectro Autista.
Em 2015, a Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com deficiência (o TEA sendo incluído como uma pessoa com deficiência).
Em 2024, com a lei de inclusão no ambiente laboral, os direitos de inclusão foram garantindo que os indivíduos com TEA possam exercer por inteiro a sua autonomia.
Para os profissionais voltados ao tratamento do Autismo, existem muitos cursos de profissionalização (formação e atualização).
“É fundamental verificar a qualidade e seriedade de cada um. Há fake news sobre tudo hoje em dia, inclusive em relação ao TEA. É preciso muito cuidado com profissionais que oferecem tratamentos não baseados em evidência científica, prometendo respostas que não vão acontecer”, alerta o Dr. Fabio.
Profissionais cada vez mais preparados
Com o objetivo de proporcionar a oportunidade para que os profissionais da Saúde se especializem e se atualizem cada vez mais em relação ao TEA, o Ensino Einstein oferece cursos de Pós-Graduação, como:
- Análise do Comportamento Aplicada a Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista
- Transtorno do Espectro do Autismo: Atenção Multiprofissional
- Neurologia Pediátrica
E o de atualização:
Os estudos específicos e constantes contribuem intensamente para a melhora na qualidade de vida e perspectivas de ganhos na autonomia desses pacientes.