Eu sou Einstein

Aluna da Medicina conta como foi participar do Programa de Doutorado, MD-PhD do Einstein nos EUA

Bolsista integral na Graduação em Medicina do Einstein, Juliana Zampieri é a primeira a participar do Programa, uma parceria entre a Instituição e a Case Western Reserve University

De volta ao Brasil desde a metade de 2021, Juliana Rodrigues Zampieri retomou, em agosto, suas atividades no internato como aluna do 8º semestre da Graduação em Medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE). Ela passou dois anos em Cleveland, nos Estados Unidos, dedicando-se ao seu projeto de pesquisa em nível de Doutorado pelo Programa MD-PhD, criado pela Instituição em parceria com a Case Western Reserve University.

O Programa foi colocado em prática em 2019 e Juliana, hoje com 25 anos, foi a primeira aluna do curso a ter essa experiência, ao conquistar uma vaga com bolsa de estudos integral e uma ajuda de custo para morar fora do Brasil. Ambas foram fornecidas por Marcos Lottenberg & Marcos Wolosker International Fellowship for Physicians Scientist, possibilitando uma dedicação total à pesquisa.

Antes de ser aprovada para fazer parte do Laboratório de Oncologia Pediátrica do Dr. Alex Huang, que foi o seu coorientador em Cleveland, ela passou por várias entrevistas realizadas por especialistas do Einstein. Um dos principais objetivos foi avaliar seus conhecimentos e perfil como estudante. “Eu gosto muito de pesquisa científica e estava disposta a trancar por dois anos a minha Graduação em Medicina para ter essa capacitação”.

Ela, que possui bolsa de estudo integral desde quando ingressou no Ensino Einstein, está nos preparativos para a qualificação e defesa da tese, para então receber o diploma de Doutora em Ciências da Saúde. Além disso, está finalizando as publicações do artigo intitulado Cdk5 is dispensable for macrophage M1 polarization but critical for M2 functional development. “Ao terminar a Graduação, eu serei Médica e já Doutora. Essas capacitações fazem parte do meu preparo para a carreira que planejei, pois quero atuar tanto na área clínica quanto em estudos científicos, como pesquisadora”.

O estudo que desenvolveu na Case Western diz respeito à função dos macrófagos (tipos de células) e a relação com o câncer. Trata-se de uma pesquisa base que tem por finalidade investigar a função da proteína CDK5/p35 nessas células, como um possível alvo terapêutico para o tratamento do câncer. Paralelamente, pelo Einstein, ela foi orientada pela Bióloga e professora Dra. Karina Inácio Ladislau de Carvalho Salmazi. O objetivo é colaborar com os avanços na descoberta de cura da doença.

Nos Estados Unidos, Juliana teve responsabilidade pela sua produção científica, uma experiência que, segundo a aluna, melhorou muito suas habilidades como cientista e contribuiu para o seu amadurecimento pessoal e profissional. Ela teve contato com novas tecnologias, pesquisadores renomados e alunos do mundo todo, com os quais fez amizade. “Também aprofundei meus conhecimentos sobre biologia celular e molecular”.

No começo, enfrentou alguns desafios como a saudade da família, dos amigos, de sua casa, da Graduação e do Brasil. Mas a motivação pela área científica e todas as experiências proporcionadas pelo Programa contribuíram para sua adaptação à nova realidade o mais rápido possível. “Eu também foquei em aprimorar o meu inglês técnico e o do dia a dia, tanto para a conversação quanto a escrita, além da audição e da fala”.

No momento, Juliana está fazendo os estágios que englobam cinco grandes áreas do conhecimento em Medicina como parte do conteúdo programático do internato: Cirurgia, Clínica, Pediatria, Saúde da Mulher e Atenção Básica à Saúde. Nessa etapa, a cada semestre os alunos são inseridos nas práticas correspondentes a esses setores, vivenciando profundamente essas especialidades. “Nessa retomada, eu recebi muito apoio dos meus colegas da Graduação, dos professores e do Einstein”.

Ao terminar o curso, ela já pensa em fazer a sua Residência Médica em uma área que permita continuar dando vazão aos estudos científicos, sem deixar de viver as experiências proporcionadas pela assistência. “Eu acredito que as duas opções podem caminhar juntas tranquilamente, de modo que uma complete a outra”.

Iniciação Científica

Juliana entrou na primeira turma da Graduação em Medicina do Einstein, em 2016, cuja colação de grau ocorreu no final do ano passado. Já no final do primeiro ano, passou a fazer parte do programa de Iniciação Científica (IC), também com bolsa de estudo integral e orientação da Dra. Karina. “Naquele instante eu percebi que esse universo me atraía muito, pois sou curiosa e gosto de intensificar a minha aprendizagem, ainda mais sabendo que dessa maneira posso colaborar com novas iniciativas a promover mais saúde para as pessoas”.

A aluna tem grande interesse por pesquisa de bancada, que consiste em testar hipóteses e realizar experimentos voltados a entender mecanismos celulares, de forma a contribuir com descobertas relacionadas à evolução de tratamentos e cura de doenças. Na IC, esse despertar foi conciliado com os estudos da Graduação por um ano.

Durante este período, ela desenvolveu um projeto envolvendo o sistema imunológico em congruência com a hanseníase, favorecendo um estudo mais detalhado sobre Biologia Celular. “Também estudei a atuação das células residentes NKT (natural killer) e ILCs (linfoides inatas) na resposta imune de pacientes coinfectados pelo vírus HIV e pela hanseníase, além da proteína Matriz (M)”. Ambas respondem aos patógenos invasores com a intenção de eliminá-los.

Conforme a professora e Coordenadora da Internacionalização Einstein, Dra. Vivian Avelino-Silva, o Programa MD-PhD mantém até o momento quatro pesquisadores: Nickolas Stabellini (2021-2023) estuda o tema “Epidemiologia oncológica usando Big Data e Inteligência Artificial”; Vítor Monnaka (2021 a 2023) está dedicado aos “Mecanismos de agregação protéica em doenças neurodegenerativas”; Felipe Berg (2022-2024) debruça sobre os “Meios de contraste ultrassonográfico como partículas carreadoras de fármacos em terapia guiada por imagem” e Maria Theresa Rocha (2022 a 2024) aprofunda-se nos “Fatores relacionados ao recrutamento de células T e interações com células tumorais”.

Em janeiro de 2023, mais dois alunos serão admitidos em Cleveland. E outros estudantes do terceiro ano da Graduação em Medicina do Einstein poderão fazer suas inscrições em fevereiro do mesmo ano. “É uma oportunidade única para quem, além de futuro Médico, deseja colaborar com a promoção da saúde por meio da produção científica”, alegra-se Juliana.

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