Eu sou Einstein

Alunos da Graduação em Medicina compartilham suas experiências em intercâmbio

A saúde é um dos setores que possibilitam viver diferentes experiências nas áreas assistenciais, de gestão e de pesquisa fora do Brasil

Luana Perrone Camilo, 22 anos, e Carlos Augusto Rossetti, 26, têm muito em comum. Eles estão no quarto ano da Graduação em Medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE) e cultivaram uma amizade desde o início do curso, somada ao desejo compartilhado de realizar um observeship nas férias de julho.

Eles contam que já no começo da Graduação sentiram a vontade de ter experiências acadêmicas e práticas em Medicina no exterior. E foi no ano de 2020 que se sentiram maduros para lutar por esse ideal. Sim, para eles foi uma batalha, pois antes da resposta positiva receberam muitas negativas, como relembram, bem-humorados. “Lidamos com muita rejeição”, diz Carlos Augusto. “Com isso aprendemos a administrar a frustração e criar forças para continuar tentando”, completa Luana. “E não desistir já no primeiro ‘não’ e nem no segundo ou terceiro…”, sorri ele.

Luana, antes de decidir pela Medicina, tinha pensado em fazer Engenharia porque nos Ensinos Fundamental e Médio gostava muito de química a ponto de participar de diversas olimpíadas realizadas nessa área, por universidades brasileiras. “Também sempre gostei de fazer pesquisa em temas envolvendo a Inovação, mas não gostava tanto de Biologia. Por isso, achava que jamais seria Médica”.

Com o tempo a mineira de Uberaba mudou de ideia e decidiu empenhar-se para passar no vestibular em Medicina. Foi aprovada na Universidade Federal de Porto Alegre, na mesma semana em que recebeu a resposta positiva do processo de seleção da FICSAE.

Ela escolheu o Einstein porque percebeu que a avaliação – além dos conhecimentos acadêmicos – leva em consideração o perfil do aluno, no sentido de gostar de realizar trabalhos colaborativos, ser proativo, humano e respeitar o próximo, entre outros critérios que definem um bom Médico. “Eu acho fundamental ter princípios relacionados ao bem comum na área da saúde”.

Assim como Carlos Augusto, ela adora a capital paulista. Esse foi outro fator que encantou os dois amigos. “Nasci em Registro, interior de São Paulo e entendo a Luana porque para quem é de cidade pequena e gosta de cultura, conhecer pessoas e ter oportunidades de crescimento intelectual, estar aqui é uma felicidade. Também passei em universidades públicas e privadas de outras regiões, mas preferi o Einstein. O ensino da Instituição me encanta cada dia mais”.

Intercâmbio

A trilha para conseguirem ser aceitos para a realização do observeship foi cansativa. Os critérios de seleção para fazer parte de programas fora do país não se igualam à aplicação a vagas de empregos via internet ou inscrição para o vestibular. É necessário:

  • Entrar em contato com o responsável pela área da instituição que deseja ter experiências
  • Enviar carta de apresentação, falando sobre intenções, conhecimentos e perspectivas etc.
  • Demonstrar engajamento e interesse pelo intercâmbio
  • Transmitir credibilidade e fazer várias entrevistas.

“Se tiver algum professor para fazer uma recomendação, melhor”, explica Carlos Augusto.

Ambos tentaram uma aprovação durante todo o ano de 2020. Enviaram propostas para países da Europa e América Latina e do Norte. Até que depois de quase 12 meses chegaram as esperadas respostas dos hospitais-escola. Ela foi aceita no Queen Elizabeth Hospital Birmingham, localizado na cidade homônima do Reino Unido. Ele foi para a maior cidade do Equador ter experiências no Hospital General del Norte de Guayaquil.

Devido à pandemia, os dois embarcaram em julho de 2022 e tiveram vivências inesquecíveis, como eles dizem. “O meu interesse é pela gastroenterologia e hepatologia. Nessas especialidades queria estar presente tanto em procedimentos clínicos quanto cirúrgicos”, diz Luana.

Já Carlos Augusto gosta mais da área cirúrgica. “Em espanhol eles chamam o observeship de Estágio Cirúrgico. Para mim foi um ‘mini internato’. Eu acompanhava as visitas, fazia anamnese, me aprofundava nos casos com acompanhamentos e discussões com grupos de alunos e professores”.

Ele também pôde apresentar os casos que estava acompanhando e assistir sessões em slides para discutir situações envolvendo diferentes doenças em conjunto com equipes multiprofissionais. “Também pude observar e instrumentar cirurgias. Eu me senti muito útil e preparado para auxiliar o Cirurgião, além de compreender a língua espanhola dita por trás de uma máscara cirúrgica. Foi bem desafiador”.

A trajetória de Carlos Augusto

O network colabora com o processo de admissão para o observeship. Por isso, eles também falaram com diversos docentes e profissionais do Einstein, que se prontificaram a ajudá-los desde o início de 2020. “Depois de tantas rejeições, eu ainda estava aberto para tentar. Um dia estava tomando um café em um congresso e passei a conversar com um Cirurgião Plástico que estava ao meu lado. Ele falou sobre o Hospital de Guayaquil, eu tentei e deu certo. Isso mostra que encontrar pessoas é fundamental para criar oportunidades”, afirma o aluno.

Mas não parou por aí. Mesmo com essa experiência, ele aplicou para o Spaulding Rehabilitation Hospital of Harvard Medical School e foi aprovado. “Agora vou avançar meu treinamento científico, respirar e viver a pesquisa. Minha formação como futuro Médico e pesquisador que estou planejando está só no começo”, diz ele, que somente iniciará o internato do Einstein em 2024, após a finalização de mais essa etapa da construção de seu conhecimento.

A trajetória de Luana

A aluna criou oportunidades para acompanhar um professor no laboratório de transplante hepático. Durante as trocas de experiências, o docente que tinha feito um fellowship por um ano em Birmigham aperfeiçoando-se como Cirurgião prometeu que apresentaria a ela um pesquisador que conheceu naquele momento. “Eu entrei em contato e ele se interessou pelo meu perfil. Fiz todos os trâmites e tive a aprovação”.

Ela passava visita, discutia casos até as 11h da manhã e depois podia acompanhar cirurgias que aconteciam em três salas específicas. “A técnica variava muito e pude aprender novos procedimentos. Foi uma experiência inesquecível, vou levar esses momentos para toda a vida”.

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