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Best in Oncology atualizará profissionais da saúde sobre a área oncológica

Área Oncológica continua investindo em pesquisas e alternativas promissoras de novas drogas e tratamentos

A área Oncológica continua sendo um desafio para os profissionais da saúde. O câncer é uma doença que impacta a saúde pública em todo o mundo e, dependendo do estágio do tumor, a cura torna-se improvável. Por isso, os profissionais do setor investem em conhecimento cada vez mais aprofundado, de modo a proporcionar mais qualidade de vida e bem-estar a seus pacientes.

A Médica Oncologista, especialista em tumores do trato geniturinário do Hospital Israelita Albert Einstein, Dra. Ana Paula Cardoso, diz que o número de diagnósticos tanto para o câncer de próstata como para o de mama em mulheres no Brasil é da ordem de 66 mil casos por ano, cada um. “No caso do câncer de próstata houve um aumento de incidência em torno de quase 10% nos últimos anos”.

Conforme ela, o dado está muito relacionado ao aumento da expectativa de vida em torno de 3,5 anos nos últimos 10 anos. “Com o envelhecimento acontece o aumento de doenças degenerativas e cardiovasculares. Somada a isso, a mudança do estilo de vida da população colabora para uma alta na taxa de incidência de tumores”, diz ela, que falará sobre o tema na 7ª edição do Best in Oncology, organizado pelo Centro de Oncologia e Hematologia do Einstein.

Novidades no tratamento

Historicamente o tratamento para o câncer de próstata avançado é dependente da castração (bloqueio de testosterona). A diminuição do nível desse hormônio está relacionada a significativas possibilidades de resposta, principalmente em seu estágio avançado. “Assim durante muitos anos, de 1945 a 2004, aguardávamos novas terapias que superassem o benefício proporcionado por essa descoberta”.

A partir de 2004 as pesquisas progrediram, surgindo seis tratamentos para a doença avançada (docetaxel, cabazitaxel, abiraterona, enzalutamida, radium 223 e sipuleucel-T), mas todas as estratégias continuam dependentes do bloqueio hormonal associado. A partir de 2015 outras terapias surgiram também para o câncer de próstata mais precoce, mostrando que o início precoce de um tratamento mais intensivo pode beneficiar bastante os pacientes.

Inovação

De acordo com a Dra. Ana Paula, com a Medicina Nuclear é possível identificar precocemente o foco do câncer de próstata antes das alterações anatômicas e prováveis metástases. O PET/CT com PSMA (Antígeno de Membrana Específico para Próstata) é o exame indicado para esse cenário.

A tecnologia tem sido a grande aliada para a detecção precoce do câncer de próstata, assim como a escolha das melhores alternativas para o tratamento, o que aumenta de forma considerável as chances de cura. Na Medicina Nuclear são utilizadas pequenas quantidades de radiação tanto para o diagnóstico desse tipo de tumor, quanto para o tratamento da doença.

No caso do sequenciamento genético, “estudamos muito hoje em dia a presença de mutação no tumor. Temos em torno de 20% a 30% dos pacientes apresentando esse fenômeno”, explica a especialista.

Em 2020 o uso da droga olaparibe foi liberado para o tratamento de pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (CPRCm), que apresentassem mutação em genes associados ao reparo de DNA. Agora, novos dados mostram que a adição de um inibidor de PARP ao tratamento com abiraterona melhora a sobrevida livre de progressão em pacientes com CPRCm, independente da presença de mutações associadas. Estudos ainda estão em andamento.

Diversas medicações orais já trazem mais vida com qualidade para casos de doenças avançadas, as quais têm a deprivação androgênica intensificada para aumentar a sobrevida. Mais recentemente a discussão é entender se o aumento na intensidade desses tratamentos traz maior benefício, como é o caso da terapia tríplice com quimioterapia. “Novos tratamentos para o tumor localizado apresentam mais chance de cura também e potencial redução de riscos de efeitos colaterais”, explica a Dra. Ana Paula.

Em termos de inovação consolidada, o papel da cirurgia robótica para o câncer de próstata representa um dos melhores usos do equipamento, “porque traz oportunidade de o paciente ter mais qualidade de vida, com capacidade para preservar a sua potência sexual e incontinência urinária. O Einstein foi um dos primeiros a trazer essa modalidade”.

A especialização em tumores do trato geniturinário proporciona uma carreira relacionada à tecnologia e inovação. “É dinâmica e exige muito estudo e leitura do profissional, para estar atualizado sobre todos os procedimentos que estão ocorrendo no mundo. O Brasil conquistou um lugar em que as aprovações dos medicamentos acontecem quase simultaneamente, sem tanta espera. Aqui podemos oferecer o que um paciente receberia no melhor lugar do mundo”, celebra.

Câncer de mama – Anticorpos Conjugados a Droga

Nos últimos meses vimos a aprovação do uso de novos anticorpos conjugados a drogas no tratamento do câncer de mama HER2 positivo com o trastuzumabe deruxtecan e do câncer de mama triplo negativo com o sacituzumabe govitecan. Tais medicações são inovadoras pois se utilizam de uma nova estratégia de tratamento que é capaz de combinar, em uma única molécula, um anticorpo dirigido a um alvo tumoral a um agente quimioterápico extremamente potente, e potencialmente tóxico, capaz de ser utilizado terapeuticamente, pois sua distribuição será específica ao tecido tumoral através da sua conjugação ao anticorpo.

Nessa última edição da ASCO em junho de 2022, ambas as drogas também demonstraram eficácia em tumores com baixa expressão do HER2 (HER2 low) e tumores não triplo negativos:

No estudo DESTINY-Breast 04, o trastuzuambe deruxtecan foi testado para o tratamento do câncer de mama metastático com baixa expressão de HER2 (1+ ou 2+ no teste de imuno-histoquímica e FISH negativo).  Essa população representa cerca de 60% dos tumores de mama em geral e até então não era elegível para o uso de terapia anti-HER2.

Entretanto, com o resultado do estudo foi demonstrado que há uma diminuição do risco de progressão da doença e do risco de óbito da ordem de 50% para o grupo que recebeu trastuzumabe deruxtecan versus quimioterapia de escolha. Essa passa a ser uma terapia de escolha após a falha de 1 a 2 linhas de quimioterapia e falha de hormonioterapia para as pacientes que apresentam doença com expressão de receptores hormonais. “Trata-se de um avanço extremamente relevante para essa população, que até então não considerávamos para as terapias anti HER 2”, segundo a Dra. Heloisa Veasey Rodrigues, Médica Oncologista do Grupo de Oncologia Mamária do Hospital Israelita Albert Einstein.

No estudo TROPiCS 02, pacientes com câncer de mama mestastático com expressão de receptores hormonais e HER2 negativo, que haviam progredido a pelo menos 2 linhas de quimioterapia e 1 linha de terapia hormonal, foram randomizadas para receberem sacituzumabe govitecan, um anticorpo anti TROP2 conjugado ao govitecan, agente quimioterápico versus quimioterapia de escolha do investigador, que também demonstrou ser superior ao diminuir o risco de progressão da doença em 46% e do risco de óbito em 21%.

 Inibidores de PARP

Em 18 de julho de 2022 foi aprovado o uso do inibidor da PARP, olaparibe para o tratamento adjuvante de pacientes com câncer de mama HER-2 negativo inicial de risco alto, apresentando mutação germinativa patogênica ou possivelmente patogênica no gene BRCA após tratamento com quimioterapia neoadjuvante ou adjuvante.

A aprovação foi baseada no estudo OlympiA, que randomizou 1.836 pacientes com câncer de mama HER-2 negativo inicial de risco alto. Adicionalmente, nesse estudo foi necessário todo o tratamento local (incluindo cirurgia e radioterapia) além de quimioterapia neoadjuvante ou adjuvante por ao menos seis meses utilizando antraciclinas, taxanos ou ambos, permitido também o uso de agentes platinantes, antes da randomização.

O inibidor de PARP – para as pacientes com câncer de mama com mutação do gene do BRCA e tendo a sua utilização como uma droga de manutenção após o término do tratamento quimioterápico e cirúrgico – demostrou um ganho de recorrência da doença e de sobrevida global. “Conseguimos agora usar uma terapia personalizada para essas pacientes que têm mutação, trazendo um benefício muito significativo”, comemora a Dra. Heloisa.

Nutrição oncológica

 Os últimos dados de pesquisa no Brasil apontam que mais de 41 milhões de pessoas, cerca de 26% entre homens e mulheres, estão com obesidade e cerca de 60% com excesso de peso. De acordo com estudo publicado pela World Obesity Federation em março de 2022, existe uma previsão de 30% de adultos terem obesidade no Brasil em 2030, o que corresponde a cerca de 47 milhões de brasileiros.

Segundo a Médica Nutróloga da Oncologia e Hematologia do Einstein, Dra. Andrea Pereira, 14 tipos de câncer estão associados à obesidade. Entre eles os mais frequentes entre homens e mulheres correspondem a 29% somando o câncer de mama e de próstata. “A doença tem relação também com esses tumores e inclusive estamos vendo no Brasil o acometimento entre mulheres mais jovens. Isso pode estar relacionado ainda ao estilo de vida mais sedentário e alimentação não saudável”.

No caso de câncer de próstata, a obesidade leva a um câncer mais agressivo e tem a característica de diagnóstico tardio. Portanto são tumores mais avançados, além de a doença dificultar o diagnóstico no homem com obesidade. “O aumento de cinco unidades no índice de massa corporal acima de 30 impacta no aumento do risco de morte”, alerta a Nutróloga.

No início do tratamento de câncer de mama, muitas mulheres não têm obesidade, mas a partir do momento em que começa o bloqueio hormonal pode ocorrer ganho de peso. “Isso aumenta o risco de recidiva, de um segundo câncer e de complicações pós-cirúrgicas”.

Na população do sexo masculino não se constata o aumento de peso com o tratamento do câncer de próstata. Porém, há um outro aspecto importante. “Sabemos que perdas acentuadas da massa muscular podem levar a pior prognóstico”, diz a Dra. Andrea.

Ela acrescenta que a pessoa com câncer não deveria fazer dietas muito restritivas, pois pode perder massa muscular, apresentando mais complicações e sintomas indesejáveis ligados à quimioterapia, por exemplo. “O ideal é a adequação de uma dieta equilibrada e saudável: metade do prato com hortaliças, um quarto de carboidrato e proteínas no outro um quarto”, finaliza a Médica.

O Centro de Oncologia e Hematologia do Einstein realizará a 7ª edição do Best in Oncology de 25 e 26 de Novembro de 2022. Confira aqui: 7ª edição do | Best Nutrition in OncologyBest in Oncology. 

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