Dedicação e foco nos estudos podem transformar uma vida e construir uma nova realidade
Conheça a história da profissional em Enfermagem Márcia Calado, que deixou o Nordeste aos 19 anos e hoje comemora sua formação como Técnica em Enfermagem
Nascida em Capoeiras, interior do estado do Pernambuco, Márcia Teixeira Calado veio para a capital de São Paulo sozinha, aos 19 anos. A finalidade era estudar e trabalhar, trilhando caminhos por uma vida melhor, com oportunidades de crescimento pessoal, emocional e financeiro.
Aos 37 anos, ela é uma das Auxiliares de Enfermagem no setor de Endoscopia do Hospital Municipal Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho, administrado pelo Einstein. “Fui contratada em 18 de julho deste ano e, desde então, estou muito orgulhosa de todo o caminho que percorri até agora”.
Márcia relembra os obstáculos que ultrapassou até a sua formação como Técnica em Enfermagem pela Escola Técnica do Einstein.
Antes de seus estudos na área da saúde, ela trabalhou em um consultório médico de fevereiro de 2011 a maio de 2012, desempenhando as funções de Copeira e Auxiliar de Serviços Gerais. “Foi o começo da minha vivência na área da saúde. Eu observava os procedimentos e cuidados relacionados aos pacientes. Isso despertou em mim a vontade de conhecer mais sobre a Enfermagem”, diz ela.
Desafio de voltar a estudar
Nesse ambiente conheceu uma Médica Obstetra que costumava realizar partos no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Elas falavam sobre diversos assuntos. “Mas adorava saber sobre suas experiências profissionais. Quando a secretária dela me contou que a Instituição tinha uma Escola que formava Técnicos em Enfermagem, eu passei a alimentar uma esperança de um dia poder estudar lá”, relembra Márcia.
Então, Márcia pesquisou sobre a formação e planejou matricular-se na Escola Técnica do Einstein, mas teve de pedir demissão para cuidar da filha conciliando essa responsabilidade com o trabalho de diarista. Esse seria o cenário até que sua filha completasse cinco anos e ela pudesse voltar à área da saúde.
Porém em 2013 ficou grávida de gêmeos. “Precisei continuar como diarista para cuidar dos dois, pois como a minha família optou por ficar em Pernambuco, não tinha ninguém para me ajudar com as três crianças”.
Desistir não faz parte de seu vocabulário
Com isso, Márcia adiou seus planos, mas a motivação de um dia ser profissional da saúde não enfraqueceu. “Os gêmeos nasceram prematuros e por muito tempo foram incluídos na rotina de hospitais, laboratórios e clínicas”. Dedicada ao lar, casamento e filhos, ficou afastada do mercado até 2019, quando voltou a planejar trabalhar novamente.
Foram várias adversidades enfrentadas devido a problemas de saúde dos filhos até os cinco anos de idade. “Muitas vezes eu precisei de acolhimento e nem sempre consegui”. Essas dificuldades a tornaram mais forte, alimentando sua vontade de atuar na área da saúde. “Eu só pensava em fazer a diferença, principalmente na vida de pacientes e familiares mais necessitados”.
Quando Márcia teve a certeza de que os gêmeos não mais dependiam de tratamento médico rotineiro, fez suas matrículas em uma escola infantil, recolocando-se no mercado. Os contatos que manteve com profissionais do consultório médico favoreceram a sua contratação, no começo de 2019, como Copeira e Auxiliar de Serviços Gerais em um laboratório de fertilização.
Depois de três meses e com o apoio de Médicos e Enfermeiros do local, fez a inscrição, em maio de 2019, para o processo seletivo do curso Técnico em Enfermagem do Einstein. Foi aprovada e em agosto iniciou os estudos. Porém precisou deixar o trabalho fixo devido ao conflito de horários entre o curso e a prática profissional. “Passei a executar serviços mais flexíveis”.
Com a pandemia causada pelo novo coronavírus ficou sem trabalho e foi obrigada a trancar o curso em fevereiro de 2020. “Retomei em 2021 e, com a ajuda dos meus irmãos e de uma amiga, consegui concluir o Ensino Técnico em Enfermagem em julho deste ano. Durante todo o curso eu trabalhei como diarista”, orgulha-se.
Com a intensificação dos casos de COVID-19 dessa época, o desafio de Márcia foi acompanhar as aulas online, pois não tinha computador. “Eu ‘me virava’ para estudar usando o meu celular e os serviços de uma lan house perto de casa”.
Com muita disciplina e dedicação, ela terminou o curso Técnico em Enfermagem e rapidamente começou a participar de entrevistas de emprego, conquistando a vaga que ocupa no momento no Hospital Vila Santa Catarina. Impossível para ela relembrar esse histórico sem se emocionar. “Me sinto uma vitoriosa. Daqui para frente não paro mais. Agora o meu objetivo é ingressar na Graduação em Enfermagem do Einstein”, conclui.
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