Einstein realiza 2º Simpósio de Psiquiatria, em parceria com o King’s College of London
Depressão e transtorno do estresse pós-traumático estão entre as principais abordagens nas palestras, que terão momentos de interação com o público

Dando sequência à programação de eventos em parceria com o King’s College of London, o Hospital Israelita Albert Einstein promove no dia 29 de março o Simpósio Internacional de Psiquiatria.
Com frequência anual, o encontro abordará nesta edição dois temas principais: a depressão e o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT).
“São transtornos psiquiátricos com grande impacto na população”, diz o Docente Dr. Marcelo Feijó de Mello, da Faculdade de Medicina do Einstein, na disciplina de Psiquiatria. Pesquisador, ele coordena a Residência na especialidade e integra a comissão responsável pelo evento.
Segundo Dr. Feijó, os dois transtornos estão entre as dez principais doenças que causam mais burden (fardo), termo utilizado na pesquisa internacional Global Burden.
Esse estudo científico tem uma rede internacional de colaboradores, calculando o impacto das doenças em termos de perda de dias e da qualidade de vida, além do reflexo econômico.
“Além das abordagens sobre as patologias e pesquisas da atualidade, teremos um segundo momento voltado às perspectivas futuras, como avanços tecnológicos e medicações”, revela.
Resistência aos tratamentos
Segundo o Médico, em transtornos psiquiátricos a resistência é um ponto alarmante, com 30% dos casos resistentes a pelo menos duas tentativas de tratamento.
“Na depressão, esses tratamentos funcionam para 70% das pessoas, enquanto um terço tem uma resposta parcial ou não responde. Há evidências de que experiências traumáticas aumentam riscos e agravam os casos, tornando-os mais difíceis de tratar com métodos usuais”, explica.
O Simpósio contará com palestrantes que apresentarão as atualizações e projeções futuras para o manejo desses casos.
Parceria com o King’s College of London
Dr. Feijó cita com entusiasmo a parceria entre o Einstein e o King’s College of London, iniciada no ano passado. A universidade britânica, que agrega cursos nas áreas de Psiquiatria, Psicologia e Neurociências, é um centro de referência em depressão.
Essa parceria, ressalta o Médico Psiquiatra, não se limita ao Simpósio, mas inclui pesquisas em conjunto e troca de Residentes entre as organizações.
Público-alvo e palestrantes
O evento tem como público-alvo profissionais de saúde, como Médicos, Psicólogos, Enfermeiros e estudantes de Medicina, do Einstein e de outras instituições.
Em formato híbrido (presencial e online), terá palestrantes renomados na área, entre eles o Médico Psiquiatra, Docente e Pesquisador Dr. Alan Young, com ampla atuação em transtornos afetivos e psicofarmacologia. Ele já atuou no King’s College e atualmente está no Imperial College London.
A programação também contará com o Docente em Psiquiatria Translacional no King’s College, Dr. Mario Juruena, e o Diretor do Programa de Transtorno Bipolar da UTHealth, em Houston, Dr. Rodrigo Machado.
“Eu também estarei entre os palestrantes para falar sobre o transtorno do estresse pós-traumático, foco principal da minha linha de pesquisa”, relata Dr. Feijó.
Novidades e perspectivas da área
O objetivo principal do Simpósio é apresentar as novidades e perspectivas na área, abrindo espaço em determinado momento para perguntas e respostas, para incentivar a troca de ideias entre os participantes.
As mesas são organizadas para que os palestrantes compartilhem suas experiências junto ao público. “O evento visa fortalecer a marca do Einstein na área de saúde mental, que está em crescimento”, comenta o Médico.
Ele avalia a Psiquiatria como uma área sensível, que ainda enfrenta estigma. Muitas pessoas acreditam que apenas casos extremos precisam de tratamento, o que demonstra falta de conhecimento.
“Essa resistência também está ligada a um movimento antipsiquiatria no Brasil, que remonta à época antimanicomial, de 60 anos atrás”, comenta.
Definições sobre TEPT e depressão
O Médico explica o tema da sua palestra, o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). “É um quadro que se desencadeia quando a pessoa passa por uma situação muito violenta, em que sua integridade ou vida estão em risco, como uma tentativa de assalto ou homicídio, por exemplo”.
Nem sempre o paciente é a vítima direta, pois o TEPT pode afetar pessoas que presenciam cenas violentas ou têm alguém próximo envolvido em situações traumáticas, mesmo sem estar fisicamente presentes.
Os sintomas, segundo Dr. Feijó, incluem tanto manifestações mentais quanto físicas, associadas a pesadelos, insônia e ansiedade. As pessoas afetadas tendem a evitar situações que possam desencadear memórias traumáticas, como filmes ou conversas sobre o assunto.
Já a depressão é uma condição crônica. Pessoas que têm um episódio depressivo e se recuperam têm uma probabilidade aumentada de desenvolver novos episódios.
Pacientes que enfrentaram uma depressão, segundo o Psiquiatra, têm cerca de 50% de probabilidade de desenvolverem um segundo episódio, com maiores chances de recorrência a cada nova manifestação.
“Os tratamentos para depressão evoluíram significativamente, com novas medicações que são mais seguras e têm menos efeitos colaterais”, celebra Dr. Feijó.
Ansiedade: sintoma que pode estar presente nos dois quadros
A ansiedade, presente em muitos transtornos psiquiátricos, como a depressão e o estresse pós-traumático, pode ser um sintoma desses quadros.
Pessoas ansiosas, explica o Médico, têm maior risco de desenvolverem esses transtornos. Quando a ansiedade se torna intensa, o tratamento exige abordagens incisivas e personalizadas.
“É importante saber diferenciar a ansiedade que está dentro dos parâmetros, daquela já considerada patológica, que requer avaliação médica. As circunstâncias de vida influenciam o surgimento e evolução do quadro”, finaliza Dr. Feijó, reforçando a atenção ao cuidado humanizado.