Enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem: qual a função de cada um?
São muitas as diferenças. Elas vão desde a formação do profissional e as atividades que cada um pode desempenhar até as perspectivas de carreira e remuneração.
O Brasil tem hoje mais de 2,1 milhões de profissionais atuando na área de enfermagem, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Desse total, 24,3% são enfermeiros, 56,7% técnicos de enfermagem e 19% auxiliares de enfermagem.
O caminho para integrar esse grupo de profissionais são os cursos de graduação, no caso de enfermeiros, e técnico, para as outras duas categorias. Cada nível tem características acadêmicas e frentes de atuação com graus de complexidade distintos, o que implica a delimitação de fronteiras bem precisas de competências e atribuições para cada grupo profissional. Os tempos de formação são diferentes, assim como as atividades a serem desempenhadas e os níveis de remuneração.
Enfermeiro
A profissão exige graduação em Enfermagem. O curso tem duração de quatro ou cinco anos, dependendo da faculdade, com carga horária mínima de 4.000 horas, 20% das quais dedicadas ao estágio supervisionado.
Os alunos são preparados para o atendimento da enfermagem, englobando expertises que vão desde o exame físico do paciente, manipulação de ferramentais tecnológicos e tratamento de feridas até o atendimento de emergências e a realização procedimentos invasivos próprios da enfermagem, como a inserção de cateter venoso central.
Em sintonia com as transformações do mercado que vem se expandido e se diversificando, algumas faculdades estão incluindo em suas grades curriculares, já bem marcadas pela interdisciplinaridade, conteúdos de gestão e liderança. “O enfermeiro também pode ser encarado como um executivo da área da saúde”, observa Andrea Mohallem, gerente de Ensino Superior em Enfermagem do Einstein.
A imagem que as pessoas têm do enfermeiro é a do profissional que somente se dedica à assistência direta ao paciente. Essa função é, sim, uma prerrogativa do enfermeiro, que atua como um líder da equipe multiassistencial. “Mas, à medida que o profissional vai reforçando sua capacitação e fazendo especializações, pode ir modelando sua carreira para determinadas áreas, inclusive as gerenciais”, afirma Mariana Cunha, coordenadora do curso de Enfermagem do Einstein. “Hoje temos enfermeiros que dirigem hospitais”, acrescenta Andrea. As portas também estão abertas em outros campos, como pesquisa acadêmica, desenvolvimento de inovações e consultas de enfermagem a distância por meio de telemedicina.
O salário inicial do enfermeiro graduado está na faixa dos R$ 4 mil para a jornada de 36 horas semanais. Ao ascender a cargos de coordenação, gerência e direção, o patamar de remuneração pode ser 10 vezes maior.
Técnico em enfermagem
Atualmente, há dois caminhos para se tornar técnico em enfermagem: o curso técnico tradicional, disponível para pessoas que já concluíram o ensino médio; e o ensino médio integrado ao técnico, no qual o aluno é habilitado como técnico de enfermagem concomitantemente à sua formação no ensino médio. Por combinar os conteúdos profissionalizantes com as disciplinas comuns do ensino médio, o curso do ensino médio integrado ao técnico é realizado em período integral e tem duração de três anos. São 4.200 horas de carga horária, incluindo estágio de 600 horas. No curso técnico de enfermagem tradicional, a carga horária é de 1.800 horas, incluindo estágio de 600 horas. A formação teórica e prática das modalidades é a mesma.
Segundo a Coordenadoria da Escola Técnica do Einstein, o técnico em enfermagem atua em procedimentos de média ou alta complexidade, respondendo sempre ao enfermeiro. “Ele também desenvolve atividades ligadas à prevenção, recuperação e reabilitação do paciente”, afirma.
No Brasil, a média do salário inicial desses profissionais está na faixa dos R$ 3 mil.
Auxiliar de enfermagem
Apesar de a função continuar a existir, não há mais cursos específicos para a formação de auxiliares de enfermagem. O caminho para exercer a atividade é o curso técnico subsequente ou concomitante ao ensino médio que, ao final do primeiro ano, confere ao aluno um certificado que dá direito a trabalhar como auxiliar. Esse primeiro ano inclui 710 horas de carga horária teórica mais 400 horas de estágio.
Ao auxiliar de enfermagem cabem tarefas básicas e indispensáveis, como preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos, executar tratamentos prescritos, prestar cuidados de higiene, coletar materiais para exames, ministrar medicamentos, medir pressão e fazer curativos, entre outras.
O salário médio inicial dessa categoria é de R$ 2 mil.
Principais diferenças em síntese
| ENFERMEIRO | TÉCNICO DE ENFERMAGEM | AUXILIAR DE ENFERMAGEM |
Carga horária | Mínimo de 4.000 horas, 20% das quais em estágio supervisionado | 1.200 horas + 600 em estágio supervisionado | 710 horas + 400 em estágio supervisionado (cumpridos no 1º ano do curso técnico) |
Principais frentes de atuação |
*Liderança da equipe de enfermagem e multiassistencial *Cargos de gestão em organizações de saúde, privadas ou públicas, grandes ou pequenas *Consulta de enfermagem *Atendimento de emergências de enfermagem e cuidados a pacientes graves *Educação em saúde *Pesquisa acadêmica *Desenvolvimento de inovação *Atuação em consultoria e auditoria relacionada à enfermagem |
*Execução de ações assistenciais, incluindo atividades voltadas à prevenção de riscos ao paciente *Assistência aos pacientes de média e de alta complexidade, sob supervisão da enfermagem *Atuação no controle e prevenção de doenças transmissíveis *Prevenção e controle da infecção hospitalar |
*Execução de tarefas prescritas para o atendimento ao paciente, como ministrar medicamentos e fazer curativos *Preparar os pacientes para consultas, exames e tratamentos *Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas *Prestar cuidados de higiene e conforto e zelar pela segurança do paciente |