Ciência e Vida

Estudo do Einstein aponta riscos da potência mecânica elevada durante ventilação mecânica

​Pesquisa foi elaborada pela equipe de Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital Israelita Albert Einstein em um banco de dados com mais de 8 mil pacientes.

Em maio de 2017, a Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein realizou, em colaboração com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), um encontro para difundir conhecimento e disseminar a cultura de uso de ferramentas de inteligência artificial na análise de dados variados e de grandes volumes em saúde.

Chamado de Datathon, o evento ofereceu aos participantes o acesso a uma base de dados colaborativa, que conta com informações sobre pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) de diversos hospitais. O objetivo era analisar informações públicas com o objetivo de produzir pesquisa e responder a questões comumente presentes na comunidade científica.

Com esses dados em mãos, foi realizado um workshop com profissionais de diversas áreas, que deveriam responder a algumas questões a partir da análise do material. Esse trabalho deu origem a um artigo científico publicado pela equipe da Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital Israelita Albert Einstein, intitulado “Mechanical power of ventilation is associated with mortality in critically ill patients: an analysis of patients in two observational cohorts“. Esse estudou abordou a relação entre a potência mecânica elevada durante a ventilação mecânica e a mortalidade em pacientes críticos recebendo ventilação invasiva por pelo menos 48 horas. O trabalho foi publicado na edição de outubro da renomada revista Intensive Care Medicine.

Segundo Dr. Ary Serpa Neto, médico da UTI do Hospital Israelita Albert Einstein e pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, o conceito que engloba as variáveis da potência mecânica e sua relação com piores desfechos em pacientes recebendo ventilação mecânica na UTI ainda é relativamente novo e pouco discutido. Por isso a importância do trabalho como balizador para as práticas adotadas pelos médicos no leito do paciente.

“Este trabalho é pioneiro na literatura ao analisar essas variáveis em um grupo grande de pacientes – mais de 8 mil, pertencentes a duas bases de dados americanas. Trabalhos anteriores eram quase todos baseados em modelos animais. Os que estudavam seres humanos geralmente tinham uma coorte pequena, com cerca de cem pacientes”, explica.

Dr. Serpa Neto espera que este estudo passe a guiar os profissionais de saúde em relação a novas formas de ver e tratar o paciente. “É de extrema importância termos evidências de como o aumento da potência mecânica durante a ventilação mecânica pode lesar o pulmão do paciente e o que pode ser feito para minimizar esse risco.”

Este, inclusive, foi um dos temas abordados durante o Simpósio Internacional de Ventilação Mecânica, realizado pelo Einstein em novembro, e que abordou tanto conceitos novos e disruptivos na área da saúde quanto técnicas tradicionais de ventilação mecânica. “Debatemos o futuro sem deixar de revisitar o simples e prático.”

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