Ciência e Vida

Já parou para pensar no seu papel no contexto da imunização e erradicação de doenças?

Dia Nacional da Vacinação, 17 de outubro, promove reflexão sobre as evidências científicas das vacinas

A imunização por meio de vacinas é um marco na história da saúde humana. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OM), elas salvam a vida de cerca de 3 milhões de pessoas a cada ano. O Brasil comemora em 17 de outubro o Dia Nacional da Vacinação, levantando discussões sobre o papel do profissional da saúde na promoção do controle de epidemias e pandemias.

As vacinas existem há mais de dois séculos. Ou seja, elas foram criadas antes dos estudos sistematizados envolvendo o que se chama hoje de imunologia. “Do ponto de vista custo-benefício versus risco, elas são a intervenção médica de maior efetividade. Não há nada mais seguro, eficiente e barato do que a vacina. Nada”, afirma o Imunologista e Diretor de Pesquisa do Einstein, Dr. Luiz Vicente Rizzo.

Conforme ele, os critérios de aprovação de uma vacina em qualquer país do mundo são mais completos do que os padrões de validação de medicamentos.

Exemplo recente da eficiência da imunização é a pandemia causada pelo novo coronavírus, que após a vacinação em massa, teve seu índice de desenvolvimento da COVID-19 significativamente reduzido, segundo o Dr. Rizzo.

O conhecimento sobre estatística é fundamental, para ele, na compreensão da importância da vacinação em todo o mundo. Ter um entendimento sobre a proporção de causa e efeito leva a considerarmos o quanto a vacina resulta em menos reações adversas do que determinados medicamentos. “Quaisquer medicamentos podem ter efeitos colaterais, dependendo do tipo de organismo”.

Profissional da Saúde

Todos os profissionais da saúde deveriam ter essa visão, com o objetivo de compreender melhor as relações estatísticas e os efeitos colaterais dos medicamentos em geral. “No caso da vacinação contra o novo coronavírus e consequentemente o desenvolvimento da COVID-19, foram quase 13 bilhões de doses aplicadas. E o resultado foi positivo”.

Outro exemplo emblemático é a vacina contra a poliomielite, em que pode ocorrer algum grau de reversão em indivíduos receptores. Porém somente uma pequena parcela é capaz de desenvolver paralisia. “Quando se vacinava muito no Brasil, tínhamos um caso por ano de poliomielite vacinal em um universo de 50 milhões de crianças. Se não tomassem as doses, teríamos 5 mil casos”.

Para melhor orientar seus pacientes, assim como conversar com pessoas resistentes ao esquema vacinal completo relacionado a qualquer enfermidade, as seguintes perguntas são indicadas, na opinião do Dr. Rizzo:

  • Qual é sua chance de contrair tal doença importante sem tomar nenhuma medida preventiva?
  • Qual é a chance de você ter um efeito adverso recebendo a vacina?

Normalmente essa é uma loteria na qual se joga 99.999 números contra apenas um. “O que tem aumentado muito a resistência contra esse método comprovadamente mais eficaz contra doenças é a falta do entendimento estatístico, além do mau comportamento de pessoas que espalham notícias falsas contra as vacinas”, reforça o Imunologista.

Por isso, é fundamental que profissionais da saúde estejam sempre aconselhando seus pacientes a completar o esquema vacinal necessário, incluindo as indicações contra o novo coronavírus, nesse momento.

Pandemia

Conforme o Dr. Rizzo, do ponto de vista técnico as tecnologias envolvendo o RNA utilizadas para a produção em tempo recorde da vacina contra o novo coronavírus já existem há mais de 20 anos. “Foi uma construção de conhecimento sendo solidificado com o passar do tempo até que estivesse maduro para ser usado”.

O recorde na produção dessas vacinas, de acordo com ele, deveu-se a dois importantes fatores. O primeiro foi a agilidade de aprovação dos processos regulatórios por necessidade. O segundo diz respeito à estatística, pois as altas taxas de transmissibilidade e infecção pelo vírus permitiram a constatação de sua efetividade, devido à proporção de vacinados e infectados.

A pandemia deixa um grande alerta para a importância de investimento contínuo em pesquisa. Em saúde não se pode esperar acontecer um problema para depois tentar resolvê-lo. “Eu diria para os jovens dessa área dedicarem-se muito fortemente a seus estudos. E com muita seriedade, honestidade e foco na evidência comprovada por meio da ciência. Os futuros profissionais da saúde são grandes influenciadores de uma população”, conclui.

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