Ciência e Vida

Medicina de precisão potencializa qualidade de vida em pacientes com câncer

Temas em alta na Oncologia Clínica, com novidades em tratamentos, ganham destaque em eventos para profissionais da área e de outras especialidades relacionadas

A permanente atualização em Oncologia Clínica revela-se um caminho promissor para Médicos Oncologistas e outros multiprofissionais da especialidade. Entre os recursos da área, a Medicina de Precisão tem o potencial de aumentar a eficácia do tratamento do câncer, reduzir os efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida. Além disso, ajuda a identificar pacientes com maior probabilidade de responder a um determinado tratamento e aqueles que têm maior chance de desenvolver efeitos colaterais graves.

Conforme a Dra. Ana Paula Cardoso, Médica Oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, trata-se de uma abordagem que utiliza informações genéticas e moleculares para personalizar o tratamento do câncer. Os testes genéticos são frequentemente usados pela Medicina de Precisão para identificar possíveis alvos terapêuticos com potencial para uso de medicamentos específicos, que podem ser mais efetivos no tratamento do câncer. “Alguns desses testes analisam o perfil molecular de genes associados com o risco hereditário de câncer, com uma coleta simples de sangue, conhecidos como painel germinativo. Outros são realizados diretamente no tumor, o que é denominado sequenciamento genético”, explica.

No início de junho, a especialista participou do Congresso ASCO Annual Meeting 2023, que teve entre os destaques os inibidores de PARP, uma classe de medicamentos que impedem a reparação do DNA em células cancerosas, usados no tratamento de vários tipos de câncer, incluindo próstata, mama, ovário e pâncreas.

O congresso permitiu – lembra a Dra. Ana – o melhor entendimento sobre o papel de um biomarcador em câncer de próstata, que está relacionado às alterações do gene de reparo do DNA. A combinação de inibidores de PARP com novos agentes hormonais tem sido estudada como uma estratégia de tratamento para pacientes com câncer de próstata metastático, resistente à castração.

Diferentemente de outros tumores, no momento no Brasil – no caso de câncer de próstata – não há restrição do uso de inibidores de PARP na combinação com novos agentes hormonais para pacientes com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Essa é uma discussão de muito interesse, que estará no debate do Board Review in Medical Oncology, entre os dias 4 e 5 de agosto, do Ensino Einstein.

“Essa abordagem é importante porque se refere à primeira linha de tratamento, na qual o paciente tem muita perspectiva de resposta. A combinação de inibidores de PARP com novos agentes hormonais é promissora e pode impactar os resultados de uma forma muito mais significativa para pacientes com mutação em BRCA, porém não podemos dizer que não tem benefício para outros pacientes, especialmente aqueles que apresentam outras mutações em genes de reparo do DNA”, afirma a Oncologista.

Existem muitos genes que podem estar envolvidos no desenvolvimento do câncer de próstata. Algumas mutações já foram associadas à perspectiva de doença, como os genes BRCA1 e BRCA2, que normalmente reparam erros no DNA das células, mas que podem falhar e levar ao desenvolvimento de tumores. Outros genes que podem estar envolvidos no câncer de próstata hereditário também estão relacionados à reparação do DNA ou à supressão de tumores.

Existem quase 15 genes diferentes frequentemente envolvidos no câncer de próstata: NKX3-1, PTEN, TP53, RB1, AR, TMPRSS2-ERG, SPOP, FOXA1, BRCA2, CDH1, CDKN1B, CDKN2A/B, MSMB, KLK3 e KLK2. “Há uma discussão ampla sobre o que vai ser feito na prática com esses pacientes, por isso o congresso foi muito útil para a incorporação de inovação e tecnologias, aprovadas ou apresentadas, na prática do oncologista brasileiro”, ressalta a Dra. Ana.

Qualidade de vida

A avaliação da qualidade de vida é fundamental em pacientes oncológicos, uma vez que auxilia na decisão sobre o custo e o benefício dos tratamentos e intervenções. Além disso, pode detectar precocemente os problemas físicos e emocionais que possam comprometer o andamento do tratamento e da sobrevida. Quando se controla a doença e os sintomas, automaticamente o paciente ganha em disposição.

A toxicidade é um dos principais efeitos colaterais do tratamento do câncer. Assim, sua avaliação é importante para identificar os pacientes que precisam de ajustes na dose ou interrupção do tratamento. “Questionários com essa abordagem são relevantes para avaliar o impacto do tratamento na saúde”, destaca a especialista.

Profissionais da área devem estar atentos a ensaios clínicos para que, além de trazer mais eficácia e tecnologia para o tratamento oncológico, possam colaborar também com a manutenção ou melhora do bem-estar dos pacientes. Esse é um outro ponto muito discutido nos congressos mais recentes. A Médica ressalta que alguns estudos apresentaram resultados mostrando que o tratamento oncológico reduziu significativamente o risco de morte, melhorando também a qualidade de vida dos pacientes. “Isso é incrível! Um marcador de sucesso no tratamento oncológico”.

Dra. Ana Paula preside a Comissão Organizadora do XIV Board Review in Medical Oncology: Atualização, Discussão e Inovação, evento gratuito que será realizado no Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein – Campus Cecília e Abram Szajman, nos dias 4 e 5 de agosto (evento presencial com conteúdo extra disponível on-demand), com o objetivo de reunir reflexões sobre tendências e inovações nos tratamentos do câncer. “É uma oportunidade de atualização aos profissionais, com informações que atendem a uma demanda de assuntos em alta na especialidade, incluindo discussões de casos e novidades em tratamentos”.

 

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