Preservação da fertilidade em pacientes oncológicos é tema de Mestrado em Enfermagem do Einstein
Fruto do Mestrado Profissional em Enfermagem, projeto dá origem a um portal sobre fertilidade voltado a pacientes oncológicos, buscando suprir uma lacuna de orientação após os diagnósticos

A aluna do Mestrado Profissional em Enfermagem do Ensino Einstein, Mariane Cristina Carlucci Molina Felix, defendeu recentemente sua dissertação, desenvolvida a partir de uma pesquisa sobre preservação da fertilidade em pacientes oncológicos. Como resultado, será criado um portal com orientações essenciais para apoiar esses pacientes na prática.
“O tema pesquisado pela Mariane é extremamente pertinente. Percebemos uma lacuna no dia a dia quanto ao questionamento dos pacientes sobre fertilidade, além de uma falta de preparo diante da quantidade de informações recebidas no diagnóstico”, afirma a Docente do Mestrado Profissional em Enfermagem e Consultora de Projetos Luciana Lopes Manfredini, que atuou como orientadora da aluna.
“Inclusive, essa decisão ligada à fertilidade deve ser tomada no início, para assegurarmos um cuidado mais oportuno”, acrescenta a orientadora.
O projeto e seu potencial de impacto evidenciam como o estímulo à pesquisa pode transformar realidades e beneficiar diretamente quem mais precisa. “Muitas pessoas associam o Mestrado somente à pesquisa de bancada, não enxergando a busca de soluções para problemas do nosso dia a dia”, argumenta Luciana.
São dois anos intensos, segundo Luciana, muito importantes para aprimorar o conhecimento. “O que se aprende será aplicado com o produto criado e pode ser replicado também em outros locais”, reforça.
Mais sobre o projeto
Aos 34 anos, Mariane é Enfermeira, Pós-graduada pelo Ensino Einstein em Gestão de Assistência em Enfermagem e agora conclui o Mestrado Profissional em Enfermagem, também pelo Einstein. Desde o começo de sua carreira, atua na área da reprodução humana.
“Na área da reprodução, a Enfermagem é o elo do paciente com o Médico, com o laboratório, com o tratamento e identifiquei muita semelhança com a navegação de pacientes na Oncologia, função que conheci no Mestrado”, comenta.
Ao longo do programa, em meio à troca de conhecimentos com professores e colegas, Mariane despertou para o fato de os pacientes oncológicos no Brasil, em geral, não se atentarem às questões ligadas à reprodução quando iniciam seus tratamentos.
A partir dessa percepção, comprovada em entrevistas realizadas por Mariane com pacientes dentro do perfil, a aluna decidiu criar um portal com todas as orientações sobre o tema para esse público e para os profissionais. Ele está em fase de implementação e, em breve, estará no ar.
“O intuito é que o portal empodere esses pacientes e que os profissionais estejam ao lado deles para ensinar, mostrar e ajudar a orientar”, comenta Mariane. “Nas entrevistas que realizei, notei que os pacientes realmente não vão atrás dessa questão e não pensam nesse tema para o futuro, por desconhecimento e falta de orientação”.
Em busca de resultados positivos
Mariane comenta alguns fatores – como aumento de casos de câncer entre a população jovem e, ao mesmo tempo, diagnóstico precoce, aumento da taxa de sobrevivência e remissão e avanço em tratamentos -, que contribuíram para ela se decidir pelo engajamento no tema do projeto.
“Existem várias possibilidades. Os pacientes têm direito de saber que podem, por exemplo, recorrer a doação de óvulo ou sêmen, útero de substituição, congelamento de embriões, tecido ovariano, sêmen. Lembrando que, um tempo após o tratamento, a fertilidade também pode voltar de modo natural”, ressalta. Para ela, o importante é as pessoas estarem atentas, a tempo para planejar esse futuro.
Na visão de Mariane, é importante fomentar a discussão, abrindo portas para que clínicas, farmacêuticas e até mesmo o SUS possam desenvolver programas ligados à reprodução. Sua intenção é firmar parcerias com organizações diversas para divulgação do portal, com o objetivo de alcançar muitas pessoas.
“Trata-se de um tema ainda embrionário no Brasil, mas precisamos falar sobre isso para disseminar informação e mudar esse cenário”, defende. A Enfermeira promete manter o tema em alta, inclusive pensando em partir para um Doutorado daqui a algum tempo.