Projeto Kavanah reúne alunos e Médicos do Einstein para a realização de cirurgias gratuitas
A primeira expedição foi realizada em dezembro de 2022 e disponibilizou gratuitamente 31 cirurgias eletivas para o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia, em Goiás
De origem hebraica, Kavanah quer dizer em português “intenção ou propósito”. Geralmente relacionada ao ato religioso judaico, a palavra está presente nas práticas meditativas, indicando o que não deve ser feito de forma mecânica e sim com o coração. Essa foi a inspiração para o novo projeto voluntário de extensão da Graduação em Medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).
Trata-se do Projeto Kavanah, criado e organizado por alunos da Graduação em Medicina da Instituição e supervisionado pelo Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Einstein e docente associado da disciplina de Clínica Cirúrgica, Dr. Leandro Luongo de Matos, com suporte operacional de professores da FICSAE, que também são Médicos do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
A ideia partiu das alunas Marina Driemeier e Juliana Hesse, 5º e 6º anos da Graduação em Medicina, respectivamente. O objetivo é levar assistência em cirurgia eletiva para locais com menos recursos onde as filas estejam represadas no Estado de São Paulo ou nos arredores, no formato de expedições cirúrgicas anuais. “Com o tempo podemos expandir os mutirões para todo o Brasil, onde houver necessidade de Médicos especializados”, diz Juliana.
A primeira expedição, batizada como piloto do Projeto, foi realizada de 09 a 11 de dezembro de 2022, a partir de uma parceria com o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), em Goiás, gerido pelo HIAE. Uma equipe do Einstein composta por 10 Médicos entre Anestesiologistas, Ginecologistas, Cirurgiões Gerais e Pediátricos – além de três residentes em anestesiologia e ginecologia – foi recrutada e organizada por Juliana e Marina, juntamente com os estudantes Fernanda Barma Leitzke, Fernanda Mattos, ambas no 5º ano, e Marcus Niggli, 6º ano.
Todo o time foi responsável pela realização de 31 cirurgias eletivas de baixa e média complexidades em pacientes nas especialidades ginecológica e geral. A ideia agora é colocar o Projeto em prática, duas vezes neste ano, julho e dezembro, em cidades paulistas. “Os alunos estão mapeando e avaliando todos os fatores que envolvem os trabalhos necessários para que essa seja a periodicidade inicial do Projeto”, conta o Dr. Leandro.
O docente acredita que essa iniciativa trará experiências enriquecedoras, ao proporcionar ao aluno o contato com diferentes estabelecimentos hospitalares. “Estar diante da realidade do atendimento público no Brasil amplia a proximidade a diversos tipos de pacientes, condutas, ambientes e técnicas”.
Vale destacar também outros propósitos do Projeto Kavanah, como o de auxiliar e incentivar os serviços de saúde locais a melhorar seus processos internos; estimular as ações de voluntariado e aprendizado entre os alunos; agregar conhecimento atualizado e especializado a profissionais locais e aperfeiçoar os conhecimentos teóricos e práticos em cirurgia, equipamentos e aparatos hospitalares dos alunos de Medicina do Ensino Einstein.
A iniciativa colabora com a diminuição de filas de espera para determinados procedimentos, contribuindo também com o sistema público de saúde do país. “Estamos sendo muito bem supervisionados, pois os professores da FICSAE são participativos, muito competentes e incentivadores desses tipos de ações”, conta Marcus.
Para Fernanda Mattos, participar do Projeto tem sido um grande desafio, pois todo o trabalho é inédito, sendo construído em todos os seus aspectos. “É a primeira vez que faço parte como uma das organizadoras de um empreendimento tão significativo tanto para o nosso aprendizado quanto para a sociedade”, celebra.
A expedição piloto trouxe para Marina uma grande experiência de organização da viagem e atendimento, além do contato com todos os Médicos e especialistas do Einstein e do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia que estiveram à frente das cirurgias. “Essa vivência não só mudou a minha perspectiva sobre a residência no sentido de pensar em novas áreas de atuação como também pude exercitar minhas habilidades como futura cirurgiã”, diz.
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Financiamento para o Projeto Kavanah
O Projeto Kavanah mostra-se eficaz como um potencial canal de ajuda a pessoas com menos acesso à saúde. Por isso, os alunos organizadores da iniciativa estão empenhados em criar e fomentar mecanismos que possam impulsionar doações para as próximas expedições, cujas especialidades cirúrgicas vão depender da demanda de cada região assistida, assim como foi na cidade de Goiânia.
A primeira contou com o apoio de quatro doadores. O valor arrecadado cobriu as despesas com transportes e hospedagem dos alunos e profissionais voluntários. “A nossa ideia é a de que empresas possam custear essas despesas e até materiais hospitalares, se possível. Acreditamos que se cada organização ajudar um pouco vamos conseguir concretizar todo o nosso planejamento”, diz a aluna Fernanda Barma.
Na opinião de Juliana Hesse, toda oportunidade que o estudante de Medicina tem para o seu aprendizado é valiosa. “Nosso internato é ótimo e ter mais chances de praticar novos procedimentos é muito significativo e nos deixa imensamente felizes”, destaca. A prática leva à excelência. “Quanto mais exercitarmos, mais vamos poder beneficiar os pacientes e com total segurança”, completa Fernanda.