Ciência e Vida

Impactos da saúde mental e a necessidade de capacitação profissional

Com influência na formação e no desenvolvimento profissional, a saúde mental dos brasileiros é um tema de grande importância no mercado

A saúde mental tem sido alvo de interesse de diversos profissionais e organizações mundo afora. Pesquisas desenvolvidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental. O Brasil já foi citado como líder em prevalência de transtornos de ansiedade e depressão, o que traz uma preocupação adicional.

Para o Enfermeiro Dionasson Altivo Marques, o sofrimento psíquico tem permeado a sociedade como um todo. Ele é docente da disciplina de Saúde Mental do curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE). Além disso, atua como professor em dois cursos de Pós-graduação em Enfermagem da FICSAE – Terapia Intensiva (UTI) e Nefrologia e Urologia. Em ambos ministra a disciplina intitulada: “Pesquisa e Prática Baseada em Evidências”.

Dionasson é Especialista em Saúde Mental, Mestre e doutorando em Enfermagem e integra a equipe do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem em saúde mental da Universidade de São Paulo (USP). “Observamos um aumento significativo de pessoas com sofrimento psíquico após o contexto pandêmico vivenciado pela humanidade, principalmente relacionado aos níveis de instauração de ansiedade e depressão”, comenta.

Segundo ele, esse cenário tem atraído mais interesse por temas relacionados à saúde mental tanto pelos profissionais, estudantes, professores e pesquisadores da área, quanto pela sociedade. “Como docente dessa área do conhecimento, busco sensibilizar os alunos e a comunidade acadêmica para a aquisição de conhecimentos sobre como cuidar, tratar e se comunicar com pessoas que sofrem de transtornos mentais, de forma a levar ao melhor tratamento e contribuir com o processo de reabilitação psicossocial”.

Esse manejo é imprescindível e influencia os relacionamentos entre pacientes e profissionais. “O conhecimento de qualidade permite a reflexão sobre as práticas e as abordagens terapêuticas e de autoconhecimento, resultando na ampliação do repertório assistencial, considerando também os principais fatores biopsicossociais”, afirma.

Aumento de casos de ansiedade e depressão

Dionasson considera fundamental que os Enfermeiros tenham o máximo de domínio e capacitação sobre os temas que envolvem a saúde mental. Por isso, as suas aulas são dinâmicas, com uso de metodologias ativas de ensino e associação entre o conteúdo teórico-prático. “Quero que os meus alunos aprimorem as suas experiências como Enfermeiros generalistas para atuarem nesse ou em outros setores da saúde. O Ensino da saúde mental nos leva a perceber nitidamente o quanto cresceu o interesse por pesquisas relacionadas aos sintomas, manejo e tratamentos dos transtornos mentais”.

Conforme ele, esses problemas estão presentes em todas as especialidades do cuidado, uma vez que é possível observar pessoas com distúrbios psíquicos sendo atendidas desde demandas simples, até com necessidade de uma intervenção psicoterapêutica antes de uma determinada cirurgia de emergência.

Nesse contexto, Dionasson ressalta que a Psicologia Hospitalar tem o objetivo de promover a atenção total ao paciente e à sua história de vida. Este atendimento pode ser realizado em ambulatórios, prontos-socorros, unidades de internação e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), oferecendo suporte emocional, aconselhamento e psicoterapia para quem enfrenta desafios emocionais relacionados à doença e hospitalização.

De acordo com ele, no setor público o cuidado em saúde mental deve ser realizado principalmente nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), por uma equipe interdisciplinar, envolvendo a comunicação entre todos os equipamentos que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), da Atenção Primária à Saúde até as unidades hospitalares.

Outras áreas de atuação

Essa é apenas uma das áreas em que o Psicólogo pode atuar, já que ainda existem os ramos: Clínico, Educacional, Organizacional, Jurídico, Esportivo, Neuropsicologia e do Trânsito. “A psicologia tem ampla aplicabilidade. É uma profissão reconhecida com conselho de classe, que regulamenta a sua prática. Por ser uma ciência, essa área evolui de forma a responder a novos desafios e demandas sociais”, explica a Psicóloga e Coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e Coordenadora das Pós-graduações em Psicologia Hospitalar e em Psicanálise e Saúde, Ana Lucia Martins.

E foram justamente as mudanças na sociedade e o crescimento de cada setor, juntamente com o aprimoramento de estudos e pesquisas, que propiciaram as ramificações das atuais atividades e carreira do Psicólogo.

Conforme enfatiza Ana Lucia, “a psicologia é a ciência da emoção, pensamento e comportamento e sua atuação pode ser dirigida a pessoas, grupos ou instituições. Em contraste com outros momentos históricos em que sua atuação era voltada a diagnosticar e tratar adoecimentos, ela atualmente se dedica também a estudar, intervir e promover os aspectos protetores da saúde mental e do desenvolvimento das potencialidades de pessoas e instituições”.

O Psicólogo tem sido um profissional essencial para contribuir positivamente com o cenário da saúde mental. “É notável a expectativa de crescimento do mercado de trabalho, assim como de interesse pelo setor, incluindo a Graduação em Psicologia e especializações inerentes à área”, conclui Ana Lúcia.

Notícias relacionadas