Carreiras

5 tendências da área de Gestão de Saúde

​Novos rumos do setor, como verticalização dos serviços e transformação digital, exigem profissionais cada vez mais atualizados e preparados para mudanças.

Por quase 20 anos, a carreira do médico Dr. Eliézer Silva estava focada nas áreas de Assistência, Pesquisa e Ensino. “Dividia meu tempo atendendo pacientes na UTI do Einstein, produzindo livros e artigos científicos baseados nas minhas pesquisas e divulgando esses trabalhos nos principais congressos mundiais”, resume.

Em fevereiro de 2007, no entanto, uma indicação interna no Hospital Israelita Albert Einstein para que ele fizesse o MBA Executivo em Gestão de Saúde acabou por mudar drasticamente sua área de atuação.

“Sugeriram minha participação no curso porque eu já estava exercendo algumas funções de gestão na UTI e, provavelmente, perceberam em mim características de liderança”, lembra. “Procurei saber mais e quando descobri na grade curricular vários temas que pareciam não fazer parte do meu dia a dia, como liderança, finanças e contabilidade, decidi fazer, pois sempre tive interesse por assuntos diferentes”, explica.

Dr. Eliézer terminou o curso em 2008, e começou aos poucos a focar sua carreira em atividades, principalmente, nas esferas gerencial, administrativa e de planejamento, e se afastou da vida acadêmica. “Quando eu aparecia em algum evento ou conferência, as pessoas até estranhavam minha mudança de área, mas a verdade é que eu acabei me encantando pela gestão”, diz.

Atualmente no cargo de Diretor Superintendente de Medicina Diagnóstica e Ambulatorial do Einstein, Dr. Eliézer analisa a complexidade do setor e seleciona cinco tendências da área de Gestão em Saúde. Para ele, quem atua ou deseja atuar no ramo precisa estar atento a esses novos caminhos. São eles:

1) Verticalização dos serviços

Segundo explica Dr. Eliézer, diversas operadoras de saúde estão adquirindo ou construindo seus próprios hospitais ou mesmo criando parcerias com instituições já consolidadas. Dessa forma, a ideia é que elas passem a ter mais controle sobre os gastos, reduzindo, assim, os custos dos serviços prestados. “Em síntese, essas organizações controlam todos ou boa parte dos elos da cadeia assistencial. Com essa melhor gestão de custos, ganham eficiência operacional e buscam em paralelo a melhor qualidade do atendimento”, comenta.

2) Surgimento de conglomerados em saúde (consolidação)

Algumas instituições de saúde passaram a fazer aquisições de outras empresas do ramo ou fusões. “Isso tem consolidado cada vez mais essas instituições no setor de saúde, buscando maior escala, sinergia entre elas e melhor eficiência operacional. A resultante almejada também seria diminuir os custos de serviços oferecidos à população”, observa o especialista.

3) Transformação digital

É crescente a procura dos centros de saúde por soluções tecnológicas que têm por objetivo melhorar a experiência dos pacientes, facilitar o acesso aos serviços e racionalizar os custos. A telemedicina é um exemplo dessa nova realidade. Além disso, tanto startups quanto grandes empresas de tecnologia entram nesse novo mercado de saúde com a criação de produtos, tornando-se concorrentes diretos das grandes instituições, segundo observa Dr. Eliézer.

4) Cuidado centralizado no paciente

Além de serviços elementares, como segurança nos cuidados prestados, equipe médica qualificada, tecnologia de ponta e rápida recuperação, os pacientes querem conveniência. Ou seja, ter todas essas estruturas próximas ao seu local de residência. “O principal desafio dos profissionais de gestão nessa questão será cooperar com a criação de estratégias para expandir esses serviços, sem perder a personalização do atendimento”, comenta Dr. Eliézer. “Para isso, o acesso ao perfil desses pacientes com dados sobre o que eles desejam será fundamental”, acrescenta.

5) Coordenação do cuidado – Prevenção e promoção de saúde

Grande parte da população não quer mais receber atenção em saúde apenas quando está doente, mas sim para se manter saudável. Por isso, os profissionais de gestão terão que estar aptos para gerir esses novos serviços, visando, além da assistência, o bem-estar dos pacientes por meio de atividades físicas, orientação alimentar e saúde mental, por exemplo. “Quem não estiver atento a essa mudança vai continuar investindo na compra de insumos e medicamentos, bem como em equipamentos médicos”, avalia Dr. Eliézer.

Para o Diretor Superintendente de Medicina Diagnóstica e Ambulatorial do Einstein, os profissionais da área de Gestão de Saúde precisam se atualizar e buscar formações especializadas nessas e em outras tendências que surgem. “Charles Darwin já dizia que quem sobrevive não é o mais forte ou o mais inteligente, mas quem se adapta mais rapidamente. Embora ele estivesse se referindo às espécies biológicas, isso também vale para as instituições de saúde”, comenta. “Aquelas que não conseguirem se adaptar às mudanças rápidas e constantes que ocorrem no setor terão graves problemas”, completa.

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