Alunos da Graduação em Medicina do Einstein são premiados em torneio de síndromes neurológicas na França
Grupo de alunos da Graduação em Medicina do Einstein ganha o prêmio de melhor sketch teatral no torneio de síndromes neurológicas, da Universidade de Sorbonne
Um grupo composto por seis alunos e dois docentes da Graduação em Medicina do Einstein vivenciou, em julho deste ano, uma conquista que ficará para a história: o troféu de melhor apresentação no campeonato de síndromes neurológicas da Universidade de Sorbonne, na França.
“Recebemos o prêmio de best sketch no The Move Tournament, concorrendo com 12 times de vários países, em cerca de 70 apresentações”, lembra a Médica Neurologista Dra. Lívia Almeida Dutra, Docente na Graduação em Medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, Supervisora do Programa da Residência de Neurologia do Einstein e Coordenadora Científica do Instituto do Cérebro.
A competição anual reúne alunos para explorar, com criatividade, diferentes sintomas neurológicos. As equipes concorrentes apresentam sketches teatrais com mímica, para vivenciar os principais sintomas e dificuldades do dia a dia dos pacientes neurológicos.
Mímica e empatia para retratar as síndromes
Na encenação, os alunos colocam-se no lugar de pacientes e uma plateia precisa reconhecer tecnicamente qual é a síndrome. O júri é formado por neurologistas docentes de diversas instituições internacionais.
“A ideia é destacar os desafios enfrentados pelos pacientes e mimetizar os achados de exame físico, permitindo que os alunos reconheçam a doença com empatia, de forma lúdica e envolvente”, explica a Dra. Lívia.
O paciente no centro da atenção
O prêmio inédito para os estudantes da Graduação em Medicina do Einstein foi conquistado, ressalta a Médica, porque os alunos conseguiram colocar o paciente no centro da apresentação. “A mímica é um recurso para demonstrar exatamente o que acontece com o paciente em seu day by day”.
Com cerca de seis minutos, a apresentação é fruto de uma preparação de quase um ano. Um dos principais ganhos, segundo a Dra. Lívia, é reduzir o a percepção de que a Neurologia é uma especialidade extremamente complexa, permitindo mais tempo e reflexão sobre as síndromes neurológicas.
Estudos mostram como a mímica, por meio de cenários e expressões corporais, ativa as áreas no cérebro e estimula o aprendizado. Os ensaios que antecederam a premiação, detalha a Dra. Lívia, permitiram ao grupo uma experiência cercada por novos conhecimentos.
Convite partiu de profissional da Sorbonne
O convite para participação no torneio partiu do Professor de Neurologia da Sorbonne, Dr. Emmanuel Flammand-Roze. Durante um congresso no Brasil, em 2023, ele fez o convite para que o Einstein fosse representado na edição seguinte do The Move.
“A partir daí, nos organizamos e fomos os únicos do Brasil a participar. O governo francês financia a estadia e tivemos a contribuição de vários médicos e professores para as passagens dos alunos”, conta a Médica.
Berço da Neurologia
Localizada em Paris, a Sorbonne é reconhecida não só pela excelência acadêmica, mas também por ser o berço da Neurologia e formadora de médicos que se tornaram ícones da área, como Charcot e Babinksi.
A Faculdade de Medicina da Universidade de Sorbonne, cita a Dra. Lívia, tem entre os hospitais universitários o Pitié-Salpêtrière, também conhecido mundialmente pelas referências históricas.
Síndrome de Tourette e o Mundo das Barbies
A apresentação vencedora, sobre a Síndrome de Tourette, teve a ótica de uma Barbie no então chamado “Mundo das Barbies” (Barbieworld).
O sketch mostrava a personagem e suas dificuldades diárias na convivência com outras Barbies, por ser imperfeita em um mundo onde tudo parece perfeito. A Síndrome de Tourette é um distúrbio neurológico que se caracteriza por tiques e movimentos involuntários. O objetivo foi demonstrar tecnicamente as características da síndrome por meio da imperfeição da personagem Barbie, fomentando a discussão da exclusão social causada pela doença.
Originalidade do tema e empatia
“Esse tema surgiu a partir de uma vontade ingênua de apresentar algo original, engraçado e que trouxesse a empatia do público para com a Barbie, desde sua reclusão ao pertencimento no encontro com Ken, também com imperfeições”, diz o integrante do grupo, aluno do 9º semestre, Luiz Eduardo Ceccon.
A competição, segundo ele, foi um grande teste na capacidade de interação e extremamente importante para seu desenvolvimento profissional.
“Na tentativa de representar e orgulhar aqueles que nos apoiaram tanto, o torneio me colocou em uma posição onde as ações não eram apenas minhas, mas de todo um grupo que nos incentivou e orientou”, define.
Um mergulho na semiologia neurológica
“Ao longo de todo o percurso, mergulhamos na semiologia neurológica”, sinaliza a aluna do 6º ano, Marina Driemeier Cardoso, lembrando como se colocaram no lugar dos pacientes, estudando suas síndromes, compreendendo desafios diários que enfrentam e, literalmente, caminhando como eles.
Assistir às apresentações dos outros grupos, nos três dias de competições, foi um momento de aprendizado divertido para a participante, com a discussão entre colegas sobre quais síndromes estavam sendo retratadas.
“Conhecer outros estudantes de Medicina, de culturas tão diversas, foi inspirador. Dessa experiência, retorno não apenas com um prêmio – que me enche de orgulho –, mas com uma nova visão de mundo, horizontes ampliados e um conhecimento de Neurologia mais vasto”, reflete.
Para Marina, a principal lição é a força da união. Era a primeira vez que o Brasil participava do The Move, ainda aprendendo como a competição funcionava, à medida que os desafios surgiam.
“A presença dos nossos docentes e coaches foi essencial, pois nos uniu, trazendo segurança e apoio. A resiliência de todos no time, a força e o bom humor com que enfrentamos as adversidades e os ensaios foram marcantes. Vivemos momentos inesquecíveis”, conclui Marina.