Medicina Esportiva é área promissora para muitos profissionais da saúde
Atuação multidisciplinar garante ganhos na prevenção e tratamento de possíveis lesões de atletas profissionais e amadores
O ano olímpico sempre coloca uma lente de aumento de amplitude mundial na prática de diversas modalidades esportivas. As primeiras Olimpíadas aconteceram por volta de 2.500 a.C., tendo nas edições iniciais as provas de atletismo, luta, boxe, corrida de cavalo e pentatlo (luta, corrida, salto em distância, arremesso de dardo e de disco).
Nos dias de hoje, as Olimpíadas contam com 46 modalidades que movimentam diversos setores. Mas, o ideal primário dos Jogos Olímpicos permanece sendo o de unir todas as nações do mundo por meio do esporte, de forma a promover a cooperação entre os povos, um preceito altruísta conectado à vocação da área da saúde.
“Eu acredito que todos nós paramos para fazer uma grande reflexão sobre tudo o que representa esse evento de imensa proporção nacional e internacional”, afirma o Médico Ortopedista da Unidade de Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Dr. Guilherme Vieira Lima, que também coordena o Curso de Atualização em Medicina Esportiva – Módulo Surfe, do Ensino Einstein.
O surfe passou a ser uma modalidade nos jogos olímpicos durante a Olímpiada do Japão de 2020, realizada neste ano, direcionando muitos holofotes para Ítalo Ferreira, que conquistou o primeiro ouro tanto nesse esporte quanto para o Brasil. O atleta derrotou o japonês Kanoa Igarashi com uma pontuação de 15.14 x 6.60, representando uma vitória histórica. O favorito Gabriel Medina perdeu a disputa pelo bronze e terminou em quarto lugar.
Visibilidade
O Dr. Guilherme também faz parte do Grupo de Medicina Assistencial (GMA) da Medicina Esportiva do HIAE. Para o especialista, as Olimpíadas também trazem mais visibilidade a essa área que tem crescido e ampliado a atuação de diferentes profissionais da saúde. “Qualquer modalidade esportiva demanda o acompanhamento multidisciplinar”.
Segundo ele, essa especialidade é bastante promissora para a equipe multiprofissional, que além do Médico do Esporte, é formada por Fisioterapeuta, Psicólogo, Fisiologista, Nutricionista, Médico Nutrólogo e Educador Físico. “É uma área muito ampla, praticamente uma medicina voltada ao estudo de estilo de vida e promoção da saúde”.
Por isso, vem se intensificando a procura por profissionais que se dedicam aos cuidados e tratamentos de atletas profissionais e amadores e praticantes de esporte de rotina. O atendimento é individualizado e, de acordo com o Dr. Guilherme, “cada paciente tem o seu acompanhamento sobre as condutas e procedimentos, de acordo com suas necessidades, características pessoais e objetivos desejáveis”.
Assim, a Medicina Esportiva abre suas portas para também orientar pacientes que praticam esportes a fim de controlar, prevenir ou curar doenças. “Em São Paulo e grandes centros está concentrada a maior parte dos profissionais da área, mas acredito que em outras regiões do país há carência de especialistas”, opina o Dr. Guilherme, que enxerga nessa vertente da medicina uma carreira a ser investida.
Medicina do Esporte
A Medicina Esportiva ou Medicina do Esporte abrange as literaturas médicas que estudam a influência do exercício e o treinamento de pessoas sãs e doentes que praticam esporte, além dos efeitos da falta de exercícios e as lesões possíveis durante os treinos. Dessa forma, as conclusões são úteis para acautelar, tratar e reabilitar pessoas.
Outro papel importante está na hora de aconselhar um tipo de esporte, adaptar alguns exercícios ao paciente e recomendar a melhor linha de trabalho. Tudo evitando sofrimento e riscos de lesões ou patologias.
Para alcançar esses resultados, o mercado de trabalho tem buscado profissionais cada vez mais especializados. “Ter empatia pela modalidade em que se pretende atuar, ter sido um atleta ou ser praticante de esporte colabora bastante com o sucesso das funções”, observa o Dr. Guilherme.
De acordo com ele, as áreas da fisiologia e da biomecânica do esporte estão cada vez mais presentes, capacitando tanto a equipe multiprofissional quanto o Médico do Esporte. As tendências tecnológicas no que diz respeito à nutrição, a equipamentos para treino e produtos nanomoleculares apontam para níveis elevados de saúde, treinamento e bem-estar.
Medicina Esportiva e o Ambiente
Cada modalidade esportiva tem uma relação muito íntima com o ambiente. O comportamento do praticante de esporte também difere, pois em geral os locais são imprevisíveis e incontroláveis, como é o caso do surfe, por exemplo.
Na hora do planejamento, todo o ambiente pode gerar alto risco. “É fundamental considerarmos a população praticante, o tipo de esporte, o nível de competitividade e os imprevistos. Os cuidados que envolvem um atleta profissional ou amador e alguém que queira melhorar a saúde também são diferentes”.
Ao lidar com o imprevisto, de forma geral, uma das características da Medicina Esportiva é imprimir para a equipe multiprofissional conhecimentos sobre cardiologia, ortopedia, endocrinologia, imunologia e psicologia, fundamentalmente.
Durante as competições os atletas também podem sofrer lesões no sistema musculoesquelético (LME), em ligamentos e nos tendões. Há ainda as contusões, traumas cranioencefálicos, problemas ósseos e fraturas.
Isso porque atletas, tanto profissionais quanto amadores, estão sempre à procura de superar as suas marcas pessoais. Esse desejo incansável pela superação pode levar a inúmeros tipos de complicações por excesso de esforço físico, entorses e outros. “Nessa hora os profissionais da medicina esportiva entram em ação para resolver os problemas”. Por isso, eles devem ser altamente qualificados e certamente muitas dessas ações podem ser observadas, durante as Olimpíadas.