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Aulas em UBS preparam alunos de Medicina para atendimento primário à saúde

​Disciplina de Atenção Básica está presente durante toda a Graduação do Einstein e visa prática da Medicina de Família e Comunidade.

atenção básica é o principal meio de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ela tem por objetivo orientar a população sobre a prevenção de doenças, solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar aqueles que necessitam de mais recursos tecnológicos para outros níveis de atendimento. Também conhecido como “atenção primária”, esse tipo de atendimento visa ainda resolver os principiais problemas de saúde e organizar o fluxo de atendimentos na rede pública.

Na Graduação em Medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, a disciplina Atenção Básica faz parte da grade curricular ao longo dos seis anos de curso. “Nas aulas de Atenção Básica II, por exemplo, os alunos participam de atividades práticas em sete UBS, onde vivenciam ações e cuidados relacionados à saúde sexual e reprodutiva, aleitamento materno, vacinação e outras práticas de prevenção, de grande importância para a saúde pública”, explica a professora Patrícia Sampaio Chueiri.

Médica especialista em Medicina de Família e Comunidade, Patrícia lembra que é por meio da disciplina de Atenção Básica que os estudantes começam a fazer os primeiros atendimentos. “O início da prática clínica dos alunos é via atenção primária – nível de atendimento em que eles conseguem desenvolver bastante a relação médico-paciente e têm contato com alguns dos principais problemas de saúde”, enfatiza.

Os principais serviços oferecidos na atenção básica são consultas médicas em Medicina de Família e Comunidade, consultas de enfermagem, inalações, injeções, curativos, vacinas, coleta de exames laboratoriais, tratamento odontológico, encaminhamentos para especialidades e fornecimento de medicação.

Um dia na Atenção Básica

Para contar mais detalhes sobre os aprendizados em atenção primária à saúde, acompanhamos as atividades da estudante Yasmin Maria Amirato, do 2o semestre de Medicina, na UBS Jardim Mitsutani.

“Adoro as aulas práticas de Atenção Básica. É a oportunidade que temos de vivenciar a rotina de um médico na atenção primária, aprendermos sobre a organização dessas unidades e sobre a postura dinâmica e profissional que devemos ter”, comenta a jovem de 22 anos.

Segundo Yasmin, os atendimentos nas UBS também proporcionam a criação de vínculos com os pacientes, que passam a compartilhar um pouco da realidade na qual estão inseridos. “Isso nos ajuda a manter, desde o início da Graduação, um tipo de sensibilidade que poderia ser perdida diante da rotina intensa de estudos teóricos”, comenta.

A UBS Jardim Mitsutani está localizada na zona sul de São Paulo, no distrito do Campo Limpo, onde a expectativa de vida é inferior a 63 anos de idade, enquanto a média na cidade é de aproximadamente 70 anos, segundo a organização Rede Nossa São Paulo. Para cada 10 mil habitantes, o distrito de Campo Limpo registra uma média de 9,48 a 12,64 mortes por doenças do aparelho respiratório, por exemplo, sendo que em alguns bairros mais centrais da cidade essa taxa é bem menor, chegando a 3,14 mortes para a mesma proporção de habitantes.

Veja a seguir a rotina minuto a minuto da aluna Yasmin na UBS Jardim Mitsutani:

8:10 – Chega à unidade feliz e empolgada para a atividade, apesar de ficar quase uma hora presa no trânsito lento da cidade.

8:15 – Enquanto veste seu jaleco branco, sobe as escadas de acesso ao piso superior da UBS para discutir com o preceptor Thiago Geraldes, médico de família, os casos a serem atendidos no dia.

8:40 – É direcionada pelo preceptor para o grupo de atendimento formado pelos também alunos de Medicina no Einstein Matheus Galleti e Natália Bordignon.

9:00 – Primeiro atendimento do dia. Trata-se de uma menina de 1 ano e 6 meses de idade, que foi trazida pela mãe com pequenas manchas vermelhas na pele. “Acompanhamos a análise feita pelo preceptor, que, diante dos resultados dos exames de sangue e com a informação de que a paciente tinha sido imunizada há poucas semanas, chegou ao diagnóstico de reação alérgica”, conta Yasmin.

9:40 – Muda de consultório para acompanhar a realização de um exame de Papanicolau, mas descobre que a paciente foi embora sem receber o atendimento. “Isso não é incomum nas UBS”, comenta.

10:00 – Observa o técnico de enfermagem realizando higienização e curativo em uma senhora, que há cerca de um mês teve que retirar a veia safena para utilização em cirurgia cardíaca. “Devido a problemas circulatórios e idade avançada, a paciente teve complicações na cicatrização e apresentava lesão, ressecamento e escoriações na perna esquerda”, descreve Yasmin.

10:20 – Após acompanhar a realização do curativo, conversa com a paciente, que conta sobre sua recuperação pós-cirúrgica, cuidados prestados pela família, em especial pela filha, e planos para o próximo período de férias. “Gosto muito desses momentos em que os pacientes solicitam mais do que nossas habilidades técnicas, mas também nossa capacidade de escutar e exercer a empatia, o que é tão importante para o cuidado da saúde mental”, comenta a aluna.

10:40 – Participa de abertura de ficha cadastral de pré-natal de uma paciente de 28 anos de idade, grávida de quatro semanas.

10:50 – Interage com a paciente gestante, que gosta da recepção dos alunos e fala sobre sua vida pessoal, mostrando fotos nas redes sociais pelo celular. “Ela estava superempolgada, pois era sua primeira gravidez. Nos disse que foi planejada e que estava sendo aguardada pela família já há algum tempo”, diz Yasmin.

11:20 – Acompanha enfermeira solicitando carteirinha de vacinação do bebê e, na sequência, a imunização desse paciente.

11:40 – Em outro consultório, auxilia enfermeira no processo de preparação de uma paciente para exame de Papanicolau, e acompanha a realização desse exame ginecológico.

12:00 – Finaliza a aula prática, deixa a UBS e vai para a Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein assistir às aulas teóricas do período vespertino do curso.

A UBS Jardim Mitsutani é um serviço público de saúde da Prefeitura de São Paulo, gerenciado em parceria com o Einstein. A unidade tem aproximadamente 34.900 pacientes cadastrados. Por mês, realiza cerca de 3.600 consultas médicas e 1.800 consultas de enfermagem.

Os alunos do 2o semestre de Medicina do Einstein realizam aulas práticas nessa unidade uma vez por mês. Eles são divididos, geralmente, em grupos de duas a quatro pessoas para acompanhar a realização de consultas, exames, tratamentos e ações preventivas já estudadas nas aulas teóricas. A quantidade de atendimentos acompanhados pelos alunos varia conforme a demanda diária da UBS.​

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