Ações voluntárias de alunos das Graduações Einstein ajudam pessoas desamparadas
Projeto Travessia, criado por alunos da Medicina, conta também com apoio de estudantes das outras Graduações e docentes do Ensino Einstein para fomentar ações sociais que acolhem pessoas em estado de vulnerabilidade
“Quem elegeu a busca, não pode recusar a travessia. O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Essa famosa citação do nobre escritor brasileiro Guimarães Rosa foi a grande inspiração para que oito alunos da Graduação em Medicina do Ensino Einstein fundassem, no dia 03 de abril deste ano, o Projeto Travessia.
Trata-se de uma iniciativa baseada em ações sociais que buscam colaborar com a criação de um ‘mundo melhor’, a começar pela atenção a pessoas em estado de vulnerabilidade. “Se acreditamos em um futuro mais justo não podemos recusar o caminho que levará para aquilo que estamos desejando, mesmo tendo de enfrentar certos obstáculos”, afirma uma das Diretoras do Projeto e aluna do quarto semestre, Laura Alves Nascimento.
Além dela, Beatriz Hachul de Campos, Beatriz Martins de Freitas, Catarina Monteiro Palumbo, Emily Mie Arai, Júlia Porto de Oliveira Drezza, Pedro Henrique Souza e Stephanie Estevam Leoni estiveram à frente da criação do Travessia, que hoje reúne 22 alunos da Graduação em Medicina Einstein responsáveis pela gestão do Projeto.
O início de suas ações aconteceu entre julho e agosto, na comunidade Bemfica, em Guaianases, zona Leste da cidade de São Paulo. Nesses meses, por meio de arrecadação financeira, os alunos entregaram aos moradores do local 130 cestas básicas, cerca de 100 quilos de alimentos, incluindo carne, arroz, verduras e legumes, além de quase quatro litros de óleo. “Foi bem intenso, muito compensador, continuamos em contato com eles e estamos ajudando em tudo que é possível”, ressalta Beatriz.
Outro passo relacionado à comunidade foi firmar o apoio da Associação Médicos de Mundo. “A nossa ideia é unir a expertise dessa Organização Não Governamental (ONG) às experiências de nossos professores, como o Dr. Eduardo Troster, para estruturarmos um Programa de Atendimento Pediátrico voltado às crianças que vivem em Bemfica, as quais não seguem as consultas recomendadas pela literatura médica”.
A primeira realização nesse sentido ocorreu em outubro, somando 67 voluntários que atenderam 147 crianças. Pediatras do Einstein e da ONG Médicos do Mundo trabalharam em conjunto com alunos das Graduações em Medicina e Enfermagem. Dentistas uniram-se à ação e uma farmácia para a distribuição de medicamentos foi instalada, além da entrega de brinquedos. “Inicialmente identificamos as queixas e já nos deparamos com um surto de escabiose (sarna)”, conta Catarina. “Tínhamos muitas crianças ali que foram ao pediatra apenas uma vez na vida”, diz Laura.
As crianças passaram por uma triagem para verificar o peso, a altura, aferir a pressão arterial e outras observações. Na sequência foi colhida a anamnese de cada uma e depois foram encaminhadas para um consultório de exame físico. Todas as etapas contaram com um Médico e um aluno, possibilitando interação, atenção centrada no paciente e mais aprendizado aos estudantes.
Segundo os alunos do Projeto, esse momento proporcionou conhecer a boa estrutura da ONG, que também possui uma ótima logística de recebimento e distribuição de materiais e serviços voluntários de profissionais da saúde. “Trocamos muitas experiências, colaborando com as atividades focadas em atender quem precisa e ajudar ainda mais as pessoas da comunidade ao levar para elas todo o aparato de saúde”, diz Stephanie.
Essa parceria, na visão dos fundadores do Travessia, pôde também recrutar residentes de Medicina do Einstein na especialidade de Pediatria interessados em contribuir com o propósito do grupo, assim como outros alunos que desejam colaborar com serviços ligados à gestão ou assistência.
Materiais didáticos e alimentos
Outra frente do Projeto Travessia consiste em arrecadar materiais didáticos a fim de distribuir aos estudantes do Cursinho Quantum – criado por alunos da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE) – para acolher e preparar pré-vestibulandos carentes financeiramente. “Também doamos esses artigos de ensino a pessoas matriculadas em escolas públicas e outros cursinhos populares”, diz Emily.
Pedro explica que a captação de livros, cadernos e outros objetos pedagógicos tem acontecido por meio de arrecadações dentro da Instituição e pelas redes sociais dos alunos. Até agora foram contabilizados 1.700 livros, apostilas e manuais, os quais estão sendo catalogados antes da distribuição. “Temos um posto de coleta dentro do Centro Acadêmico Anna Turan e também nos organizamos para buscar as doações nas casas das pessoas”.
Conforme Emily adianta, em breve outros pontos de coleta serão estruturados. Os alunos estão visitando estabelecimentos comerciais. “Estamos conversando com donos de padarias e farmácias para aumentar nossos pontos de arrecadações”.
Ela conta que outra iniciativa do Travessia foi firmar uma parceria com a ONG Somos Da Rua. Com isso os 22 alunos que administram as ações do Projeto passaram a fazer parte do grupo que percorre frequentemente a região central e zona Sul de São Paulo, para a entrega de alimentos não perecíveis e marmitas a pessoas em situação de rua.
Toda semana a equipe reúne-se em frente à Cinemateca Brasileira, localizada no bairro da Vila Mariana, para montar os kits contendo cobertor, meias, produtos de higiene, máscara, bolacha e água. Obedecendo a um esquema de linha de produção, os voluntários também separam outras doações, como roupas, calçados, sanduíches e os organizam em diferentes veículos.
Na sequência, eles levam para locais onde costumam abrigar diversas pessoas em situação de rua. Os carros são categorizados com: roupas femininas e masculinas, calçados femininos e masculinos, marmitas, kits e lanches doados por uma famosa rede de fast food.
Juntos atendem as rotas que englobam a praça 14 Bis, na região do Bexiga, a praça Pérola Byington, na Bela Vista, os bairros Paraíso, Ana Rosa e Vila Mariana, o viaduto Rubem Berta e a praça Pátio Paulista. Além de entregar objetos e alimentos, o propósito é também conversar, entender a história das pessoas que vivem nas ruas dessas localidades e acolher com afeto e compreensão. “É uma grande troca e muito aprendizado. Voltamos para casa com nossos valores transformados”, garante Emily.
Para o futuro, esses jovens esperam que o Travessia seja conduzido por outros alunos do Einstein, que possam dar continuidade e experimentar as sensações de bem-estar promovidas internamente por ajudar o próximo. “Queremos deixar essa iniciativa como um legado para os atuais e futuros estudantes das Graduações. Quanto mais gente participando, mais poderemos colaborar com o próximo”, finaliza Laura.
Para doações, entre em contato com @travessia.projeto ou projetotravessia2021@gmail.com.