Como é fazer Graduação em Engenharia Biomédica?
A transformação da Engenharia Biomédica aponta cada vez mais para a multidisciplinaridade, com foco em criar soluções em saúde
A Engenharia Biomédica surgiu no final da década de 1980 em países desenvolvidos. De lá para cá, foi ganhando força pelo mundo até se transformar numa relevante área de conhecimento para profissionais da saúde, em benefício dos pacientes.
Aproximadamente de 2010 em diante, passou por uma revolução, com sua incorporação em outros setores de atividade. Assim, a Graduação em Engenharia Biomédica também ganhou novas abordagens.
“A interdisciplinaridade se fez fundamental. A inserção da computação, do Big Data e da Inteligência Artificial contribui positivamente para a criação de soluções diante dos desafios do setor”, explica o Coordenador da Graduação em Engenharia Biomédica da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE), Dr. Welbert Pereira.
A Biotecnologia passou a ser incorporada à Engenharia Bioética para permitir novas possibilidades utilizando a engenharia de células, de moléculas e de tecidos na fabricação de órgãos e tecidos artificiais, além de novos fármacos, moléculas e materiais de interesse da área da saúde.
“Nas Engenharias Mecânica e Elétrica também houve uma evolução a partir do momento em que a Engenharia Biomédica e a Mecatrônica já estavam no auge. Todas essas áreas passaram a coexistir na formação do Engenheiro Biomédico, juntamente com a robótica”, lembra o Coordenador.
Engenharia Biomédica: panorama da atualidade
Segundo ele, o panorama atual da Engenharia Biomédica nas principais universidades do mundo engloba as seguintes áreas:
- Mecatrônica
- Robótica
- Eletrônica
- Computação
- Biotecnologia
- Engenharia de tecidos
Em conjunto, tais disciplinas permitem que os Engenheiros estejam aptos a propor soluções cada vez mais inovadoras para área da saúde. “Esse é o retrato contemporâneo da Engenharia Biomédica no mundo”, ressalta Welbert.
Quais são os principais polos de ensino da Engenharia Biomédica?
São quatro os maiores e principais centros de ensino no mundo: o Georgia Institute of Technology, em Atlanta, EUA, recentemente reconhecido como o melhor em Engenharia Biológica do país; Stanford University, Califórnia, EUA; Massachusetts Institute of Technology (MIT), EUA, que na verdade dissemina conhecimentos sobre a Engenharia Biológica, análogos à Engenharia Biomédica e ao Technion, o Instituto de Tecnologia de Israel.
De acordo com o Dr. Welbert, diante de todas essas referências, o Brasil ainda se encontra na transição para incorporar a revolução tecnológica ocorrida na Engenharia Biomédica. “Existem algumas universidades que incorporaram a computação, dados e Inteligência Artificial na grade curricular de cursos de engenharia. Outras englobam na Engenharia Biomédica as ciências de biomateriais. Mas essa visão totalmente interdisciplinar e diversificada somente é observada no Brasil na Graduação em Engenharia Biomédica da FICSAE”, pontua.
O Coordenador afirma que a FICSAE, ao estabelecer a grade curricular de sua Graduação de Engenharia Biomédica, estudou vários aspectos sobre a área, a exemplo da carreira e oportunidades do mercado de trabalho dentro e fora do Brasil, dos desafios existentes no setor de saúde, além das tendências de mercado.
“Dessa forma, o curso já abre as portas de uma engenharia equivalente à ensinada nas escolas famosas internacionais. Nesse aspecto, o Einstein é uma das referências na América Latina”, diz Welbert.
De acordo com ele, esse reconhecimento se deve ao fato de o Ensino Einstein estar inserido no ecossistema da saúde, acoplado desde o berço da Engenharia Biomédica. “Esse é um diferencial em proporção maior, se compararmos aos estabelecimentos internacionais citados”.
O que esperar da Graduação em Engenharia Biomédica?
Desde o primeiro ano, alunos da nova Graduação em Engenharia Biomédica da FICSAE têm experimentado a transformação curricular.
“Já no início do curso, eles entregaram três projetos de engenharia focados no enfrentamento de desafios na área da saúde: desenvolvimento de dispositivo; drug design (desenvolvimento de novos fármacos) e um terceiro envolvendo programação para desenvolvimento de algoritmos”, orgulha-se o Dr. Welbert.
Todos eles criados com base em desafios reais da saúde. “É muito difícil ter um ensino com essas características, em que os alunos estejam imersos na área e interagindo com seus docentes, que são Engenheiros, Físicos, Matemáticos, Biólogos e Médicos, entre outros profissionais”.
Além desses aspectos, o aluno tem contato com a realidade de pacientes, setores clínicos e pessoas da comunidade de Paraisópolis, onde o Einstein desempenha papeis sociais. “É um ambiente único e muito rico para o desenvolvimento de competências e habilidades, contribuindo para uma excelente formação de futuros Engenheiros”, enfatiza.
“Neste último semestre, os alunos trabalharam em projeto de biologia celular e biotecnologia, desenvolvendo protótipos de tumor ósseo com bioimpressão 3D, cultivo de células e testes de fármacos”, comenta o Coordenador.
Futuro da Engenharia Biomédica
De acordo com ele, a Graduação em Engenharia Biomédica da FICSAE está alinhada com a nova onda de revolução tecnológica. “É fundamental investir no preparo do profissional para lidar com as transformações na área da saúde – como a chegada da computação quântica e da biologia quântica. O olhar também deve estar atento para uma esfera composta por dispositivos autônomos envolvendo robôs e máquinas, como já acontece com os carros”.
Este ano a FICSAE criou o Observatório de Revolução Tecnológica, reunindo lideranças em gestão e docentes de diversas áreas. “Eles são responsáveis por acompanhar todas as mudanças nesse âmbito, incluindo a formação de novos Engenheiros Biomédicos para que estejamos sempre preparados para o futuro”, finaliza.