Cursinho criado por alunos do Einstein ajuda jovens de baixa renda
Iniciativa idealizada por estudantes da graduação em Medicina e Enfermagem visa à transmissão de conhecimento de forma humanizada.
Na lei do efeito fotoelétrico, teoria que ajudou o cientista alemão Albert Einstein a ganhar o Prêmio Nobel de Física em 1921, o termo “quantum” se refere à quantidade de elétrons (partículas constituintes do átomo) expelidos de um material exposto à luz. Tal processo provoca mudanças nesse material. Para alunos da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, “quantum” pode ser também a mudança de patamar de conhecimento.
Em 2016, alunos dos cursos de graduação em Medicina e Enfermagem do Einstein decidiram retribuir a oportunidade que tiveram de chegar ao ensino superior e criaram um cursinho pré-vestibular gratuito para pessoas de baixa renda, batizado pelo nome Quantum. “Pensamos na analogia de que os alunos seriam os elétrons e as aulas a luz que provocará uma mudança neles”, explica a estudante de Medicina Giulia Nicolucci Eleutério, proponente do nome do projeto e uma das diretoras do cursinho.
Embora tenha iniciado suas atividades há menos de dois anos, em março de 2017, o cursinho já ajudou na aprovação de alunos em algumas das instituições de ensino mais concorridas do país, como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Igor Padilha de Carvalho, de 19 anos de idade, foi um dos beneficiados. Natural de Campo Grande (MS), o jovem se mudou para a casa de familiares em São Paulo em busca de um cursinho social e foi aprovado no processo seletivo do Quantum (veja informações no término do texto). “Para mim, o melhor foi ter tido aulas com professores que também são alunos e que até recentemente estavam prestando vestibular”, conta o agora estudante de Administração da USP.
Já para Amanda da Silva Melo, aprovada em Ciências Atuariais na USP, o maior diferencial do cursinho é a disponibilidade de um espaço para estudos, fora do horário de aula. “Todo dia eu chegava mais cedo e ficava estudando”, lembra. “Os professores foram muito atenciosos e prestativos. Acreditaram em mim, me ajudaram muito e isso foi fundamental para meu bom desempenho no vestibular”, acrescenta a jovem de 21 anos de idade.
Hoje, quase todos os professores do Quantum são alunos da graduação do Einstein, com exceção das disciplinas de Português e Matemática.
Por que colaborar?
Além de ser uma iniciativa de responsabilidade social, o cursinho Quantum tem se mostrado uma ótima oportunidade de desenvolver características socioemocionais. Seja na função de professor, monitor, seja em cargos gerenciais e administrativos, as atividades relacionadas, de acordo com seus participantes, contribuem para:
- Aprender a controlar melhor o tempo diante de vários compromissos.
- Estabelecer metas.
- Comunicar-se de maneira mais efetiva.
- Saber ouvir e entender os problemas alheios.
- Desenvolver noções de gerência e liderança.
“Participar do Quantum representa muito mais do que as horas de trabalho extracurricular”, comenta Leonardo Bonilla da Silveira, aluno de Medicina no Einstein e professor de Biologia no pré-vestibular. “O dia a dia no cursinho nos possibilita o desenvolvimento de diferentes aprendizados pessoais e até conhecimentos fundamentais para o exercício da nossa futura profissão”, avalia.
Ciclo do bem
A proposta do cursinho Quantum não é apenas ajudar jovens de baixa renda a serem aprovados no vestibular. O principal objetivo é a transmissão de conhecimento de forma humanizada, buscando o empoderamento dos estudantes.
Nas aulas e conversas informais, Leonardo conta que reflete com seus alunos sobre a capacidade que têm em mudar a realidade que os cerca. “Chegar no ensino superior pode fazer uma grande diferença para esses alunos, suas famílias e para a comunidade onde vivem”, explica.
Giulia, que recebe bolsa de estudos no Einstein, acredita que contribuir com o Quantum é uma forma de manter viva a esperança de outros jovens em se formar. “Ao entrar na graduação, muita gente se esquece que existem muitas outras pessoas com essa necessidade. Nossa ideia é criar um ciclo do bem em que um vai ajudando o outro a entrar na faculdade”, enfatiza.
Como ser aluno do Quantum?
Interessados em participar do cursinho Quantum devem ficar atentos aos trâmites e prazos de inscrições do processo seletivo que ocorre semestralmente. Os alunos aprovados terão acesso gratuito a aulas, plantões de dúvidas, materiais de apoio doados pelo sistema de ensino CPV e lanche. A única cobrança é feita durante o momento de inscrição do processo de seleção, que na última edição foi de R$ 35. As aulas ocorrem de segunda a sexta-feira, das 18h30 às 22h30, na unidade Morato do Ensino Einstein – Av. Prof. Francisco Morato, 4.293 – Butantã (São Paulo, SP). |