Curso de clowns criado por alunos da Medicina Einstein já é atividade de extensão
Outra conquista dessa capacitação foi ganhar uma sala de aula dentro do Centro Einstein de Esportes e Bem-Estar (CEEBE)
Implantado em janeiro de 2020 por sete alunos da Graduação de Medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE), o Projeto ComPaixão, que oferece cursos de formação de clowns para alunos da Instituição, vem expandindo-se progressivamente. E se depender de seus criadores, ele continuará tendo suas ações ampliadas em modo contínuo.
A primeira conquista é a de que o curso passou a ser uma atividade de extensão curricular da FICSAE, desde o segundo semestre de 2021. Além disso, em março deste ano as aulas da formação para clowns deixaram de ser ministradas na unidade Morato e passaram para uma sala do Centro Einstein de Esportes e Bem-Estar (CEEBE), localizado no Morumbi, próximo ao Hospital. “Assim o curso ficou mais acessível a todos os alunos das Graduações”, afirma Larissa Freitas, uma das fundadoras do Projeto.
Atualmente os alunos envolvidos na formação cursam Medicina e Enfermagem, mas os responsáveis pelo ComPaixão vislumbram a possibilidade de fomentar o interesse para estudantes de todas as áreas do conhecimento. “Como atividade de extensão, a capacitação para clowns conta pontos para estágios e residência”.
E quando se trata desse grupo de alunos, tudo é possível. Com o tempo, eles também conseguiram patrocínios, apoio de docentes e doações em dinheiro para contratarem e manterem duas profissionais. A primeira é a atriz e ex-clown do Doutores da Alegria, Soraya Said, e a segunda é a contadora de histórias, Vanessa Castro. “Também criamos a mensalidade de R$ 60,00, revertida para completar o salário dessas professoras”.
Essas atividades de extensão válidas para todas as Graduações são realizadas todas as quartas-feiras, das 18h30 às 20h30. “Com tudo isso, nós paramos de ministrar as aulas de formação para os futuros clowns e passamos a gerir o Projeto e suas ações, visando mais qualidade, maior alcance e sustentabilidade para a capacitação”.
Com o suporte da FICSAE, docente da Graduação em Medicina, Prof° Juliana Magdalon, tem apoiado os alunos fundadores do ComPaixão em suas tomadas de decisões e na organização de suas atividades.
No primeiro semestre de 2022, aproximadamente 30 alunos voluntários foram capacitados para atuar como clowns. Outros 20 inscreveram-se para a nova capacitação que começará no início de 2023. “Para nós é um grande avanço. Contamos com os próprios formandos para divulgar o curso, com as redes sociais e representantes da Graduação em Enfermagem, além da Medicina”, relata Larissa.
Conforme Alex Sasai, também fundador do Projeto, outro fator que ajudou a tornar o ComPaixão popular foram as apresentações das atividades que os organizadores costumavam realizar em diversos locais da FICSAE, como na Atlética e outas dependências. “Nós também participamos como convidados em aulas da disciplina de ética”.
Retomada presencial
Para eles, o momento mais crítico e desafiador foi o da pandemia causada pelo novo coronavírus, em que fizeram aparições online com o objetivo de levar alegria e estimular o bem-estar entre os pacientes. “Dependíamos da boa conexão, de empréstimos de celulares ou tablets aos internados e do auxílio dos colaboradores. Dessa forma conseguimos manter esse contato que precisa ser cada vez mais humanizado”.
Em 2022, com o relaxamento de determinadas restrições contra o novo coronavírus pelas autoridades sanitárias, os alunos, com o uso de máscaras e medidas de distanciamento e higiene das mãos, voltaram a fazer visitas presenciais a pacientes infantis. “Depois de tanto tempo afastados, foi emocionante estar de volta. Não tem preço estar com as crianças de maneira mais descontraída, interagindo e ganhando carinho”, diz Alex.
Devido às intensas atividades do quinto ano em Medicina, Larissa e Alex lamentam não poder proporcionar tanta diversão quanto gostariam. Mas consideram-se recompensados pelo fato de o grupo estar deixando um legado para as próximas turmas. “Nossa maior satisfação é saber que o Einstein vai manter os clowns, que seguirão com a perspectiva de contribuir com a saúde e com um ambiente de afeto entre pacientes e colaboradores de modo tão divertido”, celebra Alex.
Falta pouco menos de um ano para a colação de grau dos alunos criadores do ComPaixão e eles ainda pretendem deixar consolidadas as intervenções em comemorações a datas especiais, como Páscoa, Natal, Dia das Mães e dos Pais, entre outros. “São acontecimentos importantes para todos os envolvidos e isso leva um conforto emocional tanto para os internados quanto para seus familiares e profissionais do Hospital”.
Mesmo depois de formados, Larissa e Alex gostariam de continuar visitando os pacientes vestidos de palhaços. “É um contato diferente que propicia bons sentimentos tanto para nós quanto para os pacientes. Também possibilita explorar outras situações com as quais teremos contato quando formos Médicos”. Além disso, como voluntário essa atividade também agrega equilíbrio mental, manejo positivo da timidez e contentamento, entre outras boas sensações.
O jogo lúdico de cenas engraçadas, as brincadeiras e o repertório único de cada artista são a essência das intervenções. Dessa forma a arte e a saúde caminham juntas, inspirando as relações humanas dentro do ambiente hospitalar. “É uma forma de estabilizar diversas emoções e ainda lidar de maneira leve com os desafios contemporâneos da área”, ressalta Larissa.
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