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Estágios em hospital possibilitam aprendizado integrado na Graduação em Enfermagem

​Alunos do Einstein realizam atividades assistenciais supervisionadas com pacientes oncológicos, transplantados, na UTI e em várias outras especialidades.

Ainda em dúvida sobre qual profissão seguir, a paulistana Raquel Leonardi passou seis meses do Ensino Médio, em 2016, estudando em Vancouver, no Canadá, para se aprimorar no inglês. Ao regressar ao Brasil, cogitou prestar Vestibular para Comércio Exterior e Administração, mas, de tanto ouvir de pessoas próximas que tinha “o dom de cuidar”, decidiu fazer Enfermagem. A decisão contou com forte influência do seu pai, que a orientou sobre as possibilidades que essa formação também lhe daria para exercer cargos gerenciais na área da saúde.

Hoje com 20 anos de idade e aluna do 4o semestre da Graduação em Enfermagem da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, Raquel afirma estar satisfeita com a escolha do curso. Desde 2017, além dos estágios curriculares, participa do Programa de Monitoria da instituição, em que realiza atividades de apoio indireto à assistência relacionadas ao proces samento de prontuários eletrônicos e treinamento dos colaboradores, o que tem aprimorado o seu desenvolvimento, e afirma querer atuar no cuidado ao paciente. “Estou gostando muito das atividades que envolvem o cuidado direto com o paciente, em especial, na área oncológica”, comenta.

Acompanhamos um dos seus estágios de atendimento a pacientes com câncer no Hospital Municipal Vila Santa Catarina. A atividade ocorreu no final de abril como parte da disciplina “Integralidade do Cuidado do Paciente Clínico: Adulto e Idoso”, coordenada pela professora Beatriz Murata Murakami. Leia a seguir.

Minuto a minuto da Enfermagem no tratamento oncológico

6:50 – Enquanto os primeiros raios de sol começam a brilhar na zona sul de São Paulo, Raquel já participa, em frente ao Posto de Enfermagem do terceiro andar (setor de oncologia), da “passagem de plantão” da equipe de enfermagem responsável pelo período noturno. A passagem de plantão tem por objetivo informar aos alunos e profissionais que atenderão no período da manhã a condição dos pacientes durante a noite, as intercorrências, pendências e o direcionamento às prioridades no cuidado, garantindo a continuidade da assistência.

​7:20 – Em uma sala de espera, Raquel reúne-se com a professora Beatriz e outras cinco colegas de turma para discutir o atendimento prestado a uma paciente no dia anterior. Tratava-se de uma idosa internada com pneumonia. A discussão é intensa e cheia de detalhes. Inclui comentários e questionamentos da professora aos alunos sobre presença de comorbidades, sintomas apresentados, cirurgias, tratamentos e exames já realizados, medicamentos em uso e possíveis consequências de todos esses fatores na saúde e no bem-estar da paciente.

8:30 – Termina a discussão de caso. A professora Beatriz responde dúvidas individuais das alunas no corredor do hospital e separa o grupo em dois trios.

8:50 – Acompanhada das colegas Mariana Acayaba e Kelly Silberstein, Raquel chega ao quarto de outra paciente, diagnosticada com adenocarcinoma retal, e inicia conversa. “Como a senhora está se sentindo? Tem conseguido se alimentar e beber água normalmente?”, pergunta a aluna.

9:10 – Raquel deixa o quarto por um instante e retorna com um aparelho de aferir a pressão arterial (esfigmomanômetro) e o oxímetro de pulso – dispositivo que mede a oxigenação sanguínea.

9:30 – Enquanto as colegas continuam interagindo com a paciente, Raquel afere sua pressão e afirma: “120 por 80. Está boa”. Na sequência, segue as orientações da professora e faz um exame físico com foco no sistema neurológico, verificando, com o auxílio de uma pequena lanterna, a simetria e a coloração das pupilas da paciente. Além disso, realiza uma avaliação do pescoço, palpando a região cervical. A paciente relata ter ficado com o lado esquerdo do corpo comprometido após cirurgia cerebral e apresenta dificuldades de deglutição alimentar.

9:50 – Finaliza atendimento e reúne-se rapidamente no corredor com as colegas de grupo para trocar impressões sobre a atividade. Na sequência, seguem para o Posto de Enfermagem, onde discutem outros casos oncológicos já atendidos no hospital.

10:30 – Conversa com a professora Beatriz sobre o trabalho teórico que está produzindo sobre intervenções da Enfermagem em pacientes com adenocarcinoma e relaciona o atendimento realizado no dia com sua pesquisa.

10:50 – Em dúvida sobre algumas informações fornecidas pela paciente, como a quantidade de filhos que ela disse ter (que variava de um a três conforme o momento da conversa), Raquel acessa, em um computador do hospital, o histórico clínico de internações da paciente. “Estamos buscando dados que nos ajudem a compreender a sua confusão mental e tentar identificar por que a paciente está com piora na dificuldade para se alimentar”, diz a aluna.

11:20 – Reúne-se novamente com a professora Beatriz e demais colegas, na sala de espera do terceiro andar, para discutir detalhes sobre a paciente atendida no dia. Fala sobre suas impressões a partir dos dados obtidos na visita ao quarto e nos prontuários eletrônicos disponíveis. Os relatos da aluna incluem, além das questões físicas e que requerem intervenção de enfermagem, condições que podem interferir no bem-estar geral da paciente.

12:00 – Termina o estágio, despede-se das colegas e da professora e segue para o trabalho no Programa de Monitoria que realiza no Einstein.

“É papel da Enfermagem garantir o bem-estar do paciente.”

Todas essas atividades realizadas por Raquel e as demais alunas da graduação de Enfermagem do Einstein no Hospital Vila Santa Catarina reforçam que as funções desse profissional da saúde vão muito além de prestar cuidados assistenciais para pessoas doentes, abrangendo também a proteção e a prevenção de novos agravos.

“Fazer Enfermagem envolve realizar cuidados diretos ao paciente, como dar banho e medicamentos a ele, trocar curativos e aplicar injeções, fazer exame físico e avaliar questões como a dor, por exemplo. Mas tudo isso precisa ser feito respeitando as condições momentâneas de cada indivíduo”, explica a professora Beatriz. “Se eles não estão se alimentando porque não gostam da comida do hospital, podemos conversar com a equipe de nutrição e ver o que podemos mudar, pois a alimentação é fundamental na saúde deles”, exemplifica.

Durante o estágio hospitalar, a professora Beatriz conduz a discussão para que os alunos resgatem o conhecimento interdisciplinar sobre o corpo humano, buscando promover a compreensão do organismo como um sistema completamente interligado. “Estamos aqui hoje atendendo pacientes com câncer, mas os pacientes têm históricos clínicos bem mais complexos. Vários deles têm também doenças como diabetes e hipertensão, ou já passaram por cirurgias”, comenta. “Precisamos levar tudo isso em conta para ver quais cuidados especiais serão necessários durante nossa assistência. É papel da Enfermagem também garantir o bem-estar do paciente”, acrescenta.

Além de atendimento no setor de Oncologia, a Graduação em Enfermagem do Einstein prevê a realização de estágios em vários outros setores no Hospital Vila Santa Catarina, como Transplante de Órgãos Sólidos, Maternidade, Pediatria, Terapia Intensiva e Clínica Cirúrgica.

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