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Ex-aluno do cursinho Quantum volta para a sala de aula como professor

Para Nicolas Cabral, 19 anos, aluno do segundo ano da faculdade de Ciência e Tecnologia para Engenharia Aeroespacial, ter recebido tutoria durante o cursinho foi fundamental

“Cada um tem a sua hora e a sua vez. E você há de ter a sua”. A frase, extraída e adaptada do conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de João Guimarães Rosa, tornou-se um mantra para o universitário Nicolas Cabral. A adaptação do trecho foi feita pelo seu tutor, Bruno Ponce, no curso preparatório para o vestibular.

Mesmo com uma família estruturada – o pai é mecânico e a mãe, podóloga –, Nicolas, de 19 anos, relata não ter condições financeiras para pagar uma faculdade particular. Fazer cursinho pré-vestibular foi indispensável para conseguir atingir seus objetivos.

Ficou sabendo pelo irmão mais novo, que estuda no Ensino Médio do Einstein, sobre o cursinho pré-vestibular de lá, gratuito. No início, não se animou, achando que seria difícil conseguir uma vaga. “Meu irmão insistiu tanto que eu fiz a inscrição. No dia da prova, recebi uma ligação do cursinho me lembrando da avaliação”, recorda. “Passei, fui para a fase de entrevista e consegui a vaga”. No vestibular 2020/2021, o estudante foi aprovado em seis universidades.

Atualmente, Nicolas cursa o segundo ano do Bacharelado em Ciência e Tecnologia para Engenharia Aeroespacial, na Universidade Federal do ABC, em Santo André. Ele recorda como surgiu o interesse pela engenharia aeroespacial: “Tive um professor no Instituto Federal que era mecânico de avião de uma companhia aérea. Adorava as aulas dele. Comecei a me interessar pelo assunto, que virou uma opção para o Ensino Superior”.

Este ano, Nicolas voltou ao cursinho, mas com um novo desafio: o de lecionar. Ele é um dos 36 professores voluntários do Cursinho Quantum, do Einstein. “Sempre quis retribuir, de alguma forma, todo o trabalho que o pessoal do cursinho teve comigo. Um dia, falei para mim: ‘ainda vou dar aula aqui, mesmo se não estudar na faculdade do Einstein’. E aqui estou”, conta, reforçando que a mentoria foi a disciplina mais marcante do cursinho. Ele está dando aulas de Aprofundamento de Português.

Novidades

O Cursinho Quantum, que está recebendo este ano sua sexta turma, tem novidades. A principal é a mudança de endereço. As aulas no novo Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein – Campus Cecilia e Abram Szajman, no Morumbi, já começaram. Está sendo um marco para o cursinho.

O Quantum – que é gratuito e voltado para pré-vestibulandos em situação de vulnerabilidade social e econômica – tem ajudado esses alunos a pagar as taxas de inscrições para os vestibulares que irão prestar. Além disso, continua oferecendo alimentação nas aulas presenciais.

“Só tem ônibus que chega ao prédio novo e isso é um custo a mais para os alunos. Oferecendo o transporte, nossa intenção é reduzir a evasão”, destaca Anna Siervo, estudante de Medicina no Einstein e Diretora Externa do Quantum. O desafio no momento é ter a verba para pagar por isso. “Estamos engajados em várias ações e campanhas para isso. Mas também aceitamos doações”, frisa.

Segundo Anna, o mais complicado na gestão do cursinho é conseguir os voluntários. Mas, este ano, a diretoria fez uma campanha em outras universidades da capital paulista e despertou o interesse dos estudantes de outras instituições. “Formamos uma equipe de 100 voluntários necessários para o cursinho funcionar este ano”.

O cursinho

O Cursinho Quantum foi fundado em 2016 e a primeira turma ingressou em 2017. Desde então é mantido por alunos do Ensino Einstein, com o objetivo de democratizar as oportunidades. Surgiu como curso pré-vestibular, gratuito e voltado para alunos em situação de vulnerabilidade social e econômica.

Buscando sempre a democratização do acesso ao ensino superior, o cursinho oferece educação técnica, moral, ética e humana, promovendo um ambiente de acolhimento e suporte para o alcance de objetivos pessoais.

Nesse período, 36 alunos conseguiram ocupar seus espaços no Ensino Superior. Ao todo, foram 61 vagas conquistadas entre universidades públicas e privadas, sendo 20 delas na área da saúde.

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