Formação técnica em saúde contribui para mais conhecimento e inserção social
Ajudar o próximo, aprofundar conhecimentos e formar novas visões de mundo motivaram Joyce dos Santos a cursar o Ensino Médio Integrado ao Técnico em Enfermagem, aos 16 anos.
Ajudar o próximo, aprofundar conhecimentos e formar novas visões de mundo motivaram Joyce dos Santos a cursar o Ensino Médio Integrado ao Técnico em Enfermagem, aos 16 anos.
Joyce Almeida dos Santos tem 16 anos e é uma das alunas da primeira turma do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Saúde do Einstein, curso inaugurado em 2019, pela Escola Técnica do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.
Ela nasceu em Ipiaú, mas mudou-se para Valentim, vilarejo pertencente ao município de Boa Nova, também no estado da Bahia, onde seus pais tiveram mais oportunidade de trabalho. Com o tempo, a família mudou para São Paulo, a fim de melhorar de vida, como muitos migrantes brasileiros.
Durante toda a sua formação, Joyce estudou em escola pública. Nos últimos três anos do Ensino Fundamental, sua mãe a transferiu para um outro colégio mantido pelo governo. As razões foram a oferta de melhor qualidade de ensino, a proximidade do colégio em relação ao trabalho dela e a possibilidade de Joyce estudar no Lar das Crianças da Congregação Israelita Paulista (CIP), uma Organização-Não Governamental (ONG), voltada ao apoio educacional de jovens com baixa renda familiar.
No Lar, Joyce participava de diversas atividades culturais e de conscientização sobre a importância de pensar em seu futuro. Nesse espaço, os alunos também podem lutar judô, aprender a tocar violão, ter contato com diversificadas teorias artísticas e fazer teatro. “São vários educadores que ajudam em tudo o que precisamos”, conta.
No Lar das Crianças, dos 13 aos 15 anos, ela participou do Programa Passaporte para a Vida, que oferece a possibilidade de receber uma ajuda financeira para cursar uma faculdade ou fazer algum outro curso. Com essa perspectiva, ela realizou uma prova para o Ensino Médio Integrado ao Técnico do Einstein e foi aprovada. “Como os meus pais não poderiam pagar, eu consegui uma bolsa de estudos pelo Einstein de 70%, e o Lar das Crianças paga os 30% restantes”.
Joyce conta que, entre as coisas que aprendeu na ONG está a importância de se colocar no lugar do outro e a possibilidade de seguir uma carreira que a faça feliz.
A decisão de participar do processo seletivo do Einstein foi tomada assim que um professor do Lar das Crianças anunciou o prazo da inscrição. “Na hora eu pensei no meu futuro e decidi agarrar essa oportunidade para começar a construir a minha vida”.
Terminado o primeiro ano do curso, Joyce segue focada em se tornar uma boa profissional e tem se dedicado integralmente aos estudos.
Devido à grande distância entre a Escola Técnica no Einstein, localizada na avenida Paulista, e a sua casa, Joyce, ao fim dos dois turnos preenchidos por aulas práticas e teóricas, ainda costuma ficar na biblioteca ou nas áreas comuns para estudar, realizar tarefas solicitadas pelos professores e ler livros na área de literatura. “Eu moro em Itapecerica da Serra. Levo, em média, duas horas para chegar ao Einstein. Então aproveito todo o tempo que eu posso”.
A adolescente pensa em crescer profissional e pessoalmente, então, mesmo inserida em uma rotina cansativa, diz que está valendo muito a pena, principalmente pelo alto nível de conhecimento que tem adquirido. “Eu acordo às 4h30, saio de casa às 5 horas e chego à escola por volta das 6h50. Eu poderia estudar perto de onde moro, mas não seria tão enriquecedor”.
Para ela, estudar no Einstein tem sido um desafio, exigindo muita dedicação para conseguir acompanhar o nível do ensino. “Eu gosto de aprender sempre mais. Está sendo maravilhoso estudar aqui e sei que vou ter um trabalho muito melhor do que teria se não estivesse fazendo esse curso aqui”.
A aluna também se encanta com a metodologia de ensino e com o apoio do corpo docente. “Eu nunca sei o que vai acontecer. É uma maneira diferente de aprender e ter desafios nos estudos. Os professores sempre ajudam muito nas aulas, na construção de projetos e apresentação de trabalhos”.
Nesse momento, a estudante diz que tem pensado muito em pessoas sem acesso a serviços de saúde e concluir o curso Técnico de Enfermagem junto com o Ensino Médio é uma ótima chance de ajudá-las. “Eu gostaria de fazer projetos, campanhas, ir a campo fazer algo por elas. Não sei o que ainda, mas queria muito colaborar dessa forma para que tivessem uma vida melhor”.
Aos finais de semana, Joyce reserva o sábado para ajudar a sua mãe com os afazeres domésticos e estudar no restante do dia, estendendo-se até a noite. No domingo, ela costuma sair para passear com seus pais e o irmão Jorge Henrique, de 10 anos.
Uma vez por mês, aos sábados, ela deixa a companhia da família para absorver mais conhecimento, participando de uma iniciativa do Itaú Cultural focada em ampliar a bagagem literária de jovens estudantes. “Nós lemos livros, discutimos as obras e elaboramos um projeto que será apresentado em 2020”.
Essa ação começou nas férias de julho e, desde então, Joyce tem estudado temas como meio ambiente e autoconhecimento, além de literatura. “Agora estamos debatendo como melhorar a vida do adolescente, o que ele pode fazer de bom para o mundo e outros assuntos que existem além do currículo escolar”.