Como criar modelos de trabalho associados ao bem-estar?

A alta performance no mercado de trabalho associada ao bem-estar faz parte de ações e políticas de gestão de pessoas em diversas empresas. Contribuir com a saúde mental e física de seus colaboradores leva inclusive ao melhor desempenho e clima organizacional.

“Programas e protocolos que visam melhorar a habilidade das pessoas em gerenciar o estresse e ampliar sua satisfação interferem positivamente na produtividade”, explica a docente em Neurociência e Comportamento da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE) e uma das Coordenadoras da Pós-graduação em Gestão Emocional nas Organizações – Cultivating Emotional Balance do Ensino Einstein, a Bióloga Elisa Kozasa.

Segundo ela, no Einstein existe o chamado Protocolo Foco na Consciência, em que mais de 16 mil colaboradores foram treinados para obter melhor consciência situacional, além de serem estimulados ao autocuidado e apreço mútuo.

A liderança, em sua opinião, deve transpor as habilidades relacionadas à empatia. “Isso é bom, mas os líderes precisam ser motivados a criar um local de trabalho com sinergia e interesse no ‘bem maior’. É importante promover um clima de segurança psicológica e com ampla percepção do outro”, defende Elisa, que também é pesquisadora do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein.

Elisa ressalta que não existe um modelo único. O formato de trabalho pode ser presencial ou remoto, assim como os tipos de atividades a serem desempenhadas em grupo ou de modo individual, além da distância percorrida e meios de transporte para chegar até o local de trabalho. Esses aspectos devem ser considerados em projetos voltados a gerar bem-estar ao colaborador.

Outro aspecto importante é a observação do comportamento do profissional e do clima da organização, valorizando cada setor que compõe a empresa. “As lideranças precisam ter atenção e cuidado com suas equipes. É importante ir testando diferentes modelos e mensurando os resultados”, diz a Coordenadora.

Entre os fatores fundamentais a serem enfatizados estão: o desenvolvimento de habilidades de comunicação e a percepção das próprias emoções, investindo no autoconhecimento para expandir a consciência sobre a atmosfera ao redor. “Dessa forma, as pessoas envolvidas estarão realmente empenhando-se para que haja uma cultura de melhores relações”.

Ser genuíno ao falar é essencial, segundo ela. É necessário ter em mente que o equilíbrio emocional deve estar pautado no que de fato está acontecendo em determinado momento. “O ideal é sinalizar com verdade o que está incomodando, de uma forma a não ofender o indivíduo ou o grupo em questão”.

Tratar os profissionais com isonomia também é relevante. Privilégios voltados apenas para determinadas pessoas dentro de um setor – ou da empresa – são facilmente percebidos pelos demais. Isso, além de ser desgastante, indica uma falta de habilidade do líder em gerir a equipe.

Ciência, compaixão e arte

O cuidado com a saúde mental e física também está na ciência e na arte. A proposta de unir ciência, compaixão e arte faz parte de um projeto entre o departamento de Belas Artes da Universidade de Barcelona e o Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein. “Dessa forma, poderemos inclusive mensurar a influência que uma obra de arte terá sobre o bem-estar”, finaliza.

A ideia é que se possa avaliar nos visitantes os efeitos da escultura, com relatos de sofrimento, compaixão e alegria. Um dos interesses é ouvir as descrições de pessoas que vivem em locais distantes e perceber o quanto isto pode afetar as pessoas que estão interagindo com a obra.

Esses e outros assuntos serão discutidos mais profundamente no IV Simpósio Internacional de Bem-estar: Tempo de renovar e se reinventar, que acontece nos dias 06 e 07 de outubro. O evento é aberto para todo o público e conta com doações que serão encaminhadas ao Voluntariado Einstein  e à AmigoH . Clique aqui e saiba mais!