Após doença, Marcelo abandonou o jornalismo e encontrou sua vocação na Enfermagem
Núcleo de Inteligência Einstein gera informação científica clara e confiável sobre a COVID-19.
Como a maioria das crianças, Marcelo Jorge quando pequeno tinha um super-herói preferido. O amor pelo Homem-Aranha era tão genuíno, que o gosto pelas coleções de brinquedos, suvenires e roupas dessa lenda continua até agora, aos 38 anos. Mas o que tem a ver o Homem-Aranha com a Enfermagem? Tudo!
Marcelo e sua irmã Renata foram educados pelos avós maternos. Em um apartamento de 50 m2, no bairro da Penha, zona Leste de São Paulo, moravam mais três filhos do casal: duas tias e um tio. Essas sete pessoas foram as referências de sua vida, pois não conheceu o seu pai e sempre teve pouquíssimo contato com a mãe.
Quando todos eram crianças, os avós – ela como empregada doméstica e ele, segurança -, juntamente com a filha mais velha, Cleide, que era vendedora, arcavam com o sustento da casa. O tempo foi passando e as crianças foram crescendo. Porém, um percalço muito triste abalou toda a família: Renata ficou seriamente doente.
Sabendo da gravidade do caso, os avós economizaram e fizeram uma festança para comemorar os 10 anos da neta em dezembro daquele inesquecível ano de 1990. “Lembro que foi a primeira festa que a minha avó preparou. Eu adorei, me diverti muito, compareceram pessoas da minha família que eu nunca tinha visto. Até minha mãe apareceu”.
Mas no dia seguinte, Marcelo, 8 anos, totalmente chateado perguntou a dona Angelina: Vó o meu aniversário foi em agosto, porque eu não tive uma festa igual à da Renata? Cabisbaixa, ela respondeu: Filho, vou fazer uma para você também. O garoto inocentemente não percebeu a melancolia nos seus olhos e as novas surpresas que a vida preparava.
“Depois que a minha irmã morreu, minha avó me pediu desculpas por não ter feito uma festa para mim, acredita?” E foi aí que ela contou ao neto, que a chama de mãe até hoje, que não tinha dinheiro para fazer duas festas e precisava realizar uma bem elaborada para a irmãzinha. “Assim, eu descobri o que era câncer. Ela tinha leucemia linfoide aguda”.
O Tempo passou…
Para “sacudir a poeira e dar a volta por cima”, ele recorreu ao amigo de todas as horas. Sempre em ação, a personagem trazia alegria e dava muitas asas à sua imaginação. “Ele ficava o dia inteiro vestido de Homem-Aranha, brincando e fingindo andar pelas paredes”, relembra Angelina.
No entanto, para além da fantasia, o garoto sempre foi incentivado por ela a estudar. Movida pela trajetória bem-sucedida financeiramente de um rapaz, vizinho à família, que havia estudado Publicações Gráficas em uma escola técnica gratuita, Angelina exigiu que Marcelo percorresse o mesmo caminho. “Não tive escolha, fiz a prova e passei. Eu estudava o 3º colegial pela manhã e à tarde fazia essa formação”.
Finalizado o Ensino Médio, ele foi trabalhar em uma borracharia no horário matinal e em uma gráfica no vespertino, concluindo o segundo e último ano do curso técnico no período noturno. E como intuição de avó nunca falha, nessa escola ele fez amizade com Marcos Verde, gerente do então Jornal Diário Popular, que estava atualizando suas competências na área.
“Eu me formei e passei a trabalhar somente na gráfica”. Um dia encontrou Marcos, já exausto da vida que levava, criou coragem e pediu um emprego ao amigo. Foi aí que soube que ele somente poderia contratá-lo se fizesse a Graduação em Jornalismo. “Conversei em casa e minha tia Cleide se dispôs a pagar a faculdade. Prestei vestibular e passei em uma universidade privada”.
Passado o tempo, o amigo cumpriu a palavra e Marcelo ingressou no Jornal como ajudante na gráfica, enquanto continuava os estudos. Dedicado, trabalhou muito, conquistou confiança, experiência, fez uma Pós-graduação e virou coordenador-geral de toda a produção gráfica da empresa. Ele comprou apartamento, carro, casou-se e ainda contribuía financeiramente com a dona Angelina, uma mescla de anjo com super-heroína. Fim da história? Não.
Marcelo gostava da profissão, mas não era feliz. Um dia indo ao Jornal, já sediado na cidade de Jarinu, passou muito mal. Foi ao médico e acabou sofrendo uma cirurgia. O diagnóstico: pielonefrite aguda. Ficou internado por cinco dias, tempo suficiente para a grande reviravolta. “Pela primeira vez eu percebi o que eu queria ser de verdade, sem ser movido pelo dinheiro. Cheguei em casa com a ideia fixa e disse para a minha esposa Mariana: Quero ser Enfermeiro“.
Inicialmente, ela não acreditou. Porém, ao notar o interesse do marido em pesquisar tudo sobre a área, sugeriu que estudasse Enfermagem na Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE). “Eu resolvi prestar o vestibular nessa Graduação super reconhecida no mercado, de muita qualidade e de excelente reputação”. Passou e não teve dúvida em abrir o coração com o líder da antiga profissão, que aceitou a sua saída.
Atualmente aluno da Graduação em Enfermagem da FICSAE, ele abre um sorriso e diz que é um ser humano repleto de felicidade. “Eu amo o ambiente, o que estou aprendendo, a metodologia de ensino. Não vejo a hora de ser um profissional na área da saúde”.
Marcelo estuda pela manhã e atua à tarde como monitor no Centro Cirúrgico do Einstein. E, logo, na primeira vez que ele postou uma foto vestido com o seu jaleco em frente à FICSAE, recebeu um convite para integrar um grupo de super-heróis que visitava crianças em hospitais.
Por incrível que pareça, o time precisava de um Homem-Aranha. O agora realizado aluno de Enfermagem usa uma roupa com a marca original da personagem que comprou nos Estados Unidos e faz aparições das mais fantásticas para alegrar crianças com câncer, doenças crônicas e outras enfermidades com o maior amor do mundo. “Sou voluntário como super-herói, inclusive do Einstein, Instituição da qual tanto tenho orgulho”, comemora emocionado.